BARCELOS, 1999.
" Eram exatamente onze horas da manhã, do ano da graça de nosso senhor de 1759, próximo a vila de Barcelos, situada a margem direita do grande rio Negro, encontramos um pequeno menino índio que aparentava ter por volta de onze anos.
Ele nos conta que havia sido raptado por dois holandeses e levado para a mata, era noite e ele disse que três criaturas meio homens meio morcegos vieram voando e com seus machados de em forma de meia lua, mataram os dois raptores, lhes arrancando a cabeça e esmagando seus crânios, um relato deveras impressionante, depois de levarmos o menino para a vila na mesma noite ele desapareceu."
Relato do Governador Joaquim de Melo Póvoas,1759.
Ana Lúcia estava ansiosa, logo estaria em Barcelos, amava viajar de barco durante as férias escolares e fugir um pouco da agitada Manaus, naquele mês a cidade de Barcelos estaria agitada com a festa anual dos peixes ornamentais.
Ana era uma menina de 14 anos fã de Britney Spears e Backstreet Boys, tinha herdado os cabelos cacheados da mãe e uma pele tom de canela e olhos amendoados, era uma adolescente típica dos anos 90, estava viajando com os pais para Barcelos, viagens de barcos eram lindas, admirar as paisagens exuberantes da Amazônia, ia para proa do barco, abria os braços e recriava a cena clássica do filme Titanic, seu filme favorito.
A o som Everybody tocando em seus fones de seu discman, em um fim de tarde com o sol se pondo tingindo o céu de um laranja intenso, Ana e seus pais chegam na cidade , cheia de turistas e decorada com bandeirinhas e peixinhos coloridos, tudo pronto para o início da festival dos peixes ornamentais.
Já era noite Ana decidiu passear pela cidade enquanto seus pais arrumavam as coisas na pousada, se dirigiu para o centro de convenções onde tinha um parquinho instalado, admirada com as luzes coloridas da roda gigante se esbarrou com um menino de 11 anos de traços indígenas e cabelos lisos com uma franja que lhe cobria os olhos, um pouco mais baixo que ela, notou que na bochecha esquerda dele havia um sinal de uma meia lua.
- Me desculpe!
- Não se preocupe eu estou bem.
O menino respondeu com um sorriso maroto e travesso, parecia ser de alguma reversa indígena já que tinha pinturas corporais nos braços, vestia uma camiseta e um short fino desses de futebol, falou que se chamava Porã um nome tupi que significa "bonito".
- Bem eu me chamo Ana, não sei o que significa!
O garoto riu, e se despediu de Ana sumindo no meio da multidão, mal ela sabia que dois homens com intenções ruins, a seguia de longe . Ana se afastou muito de onde tinha pessoas sem perceber entrou em uma zona de mata, dois homens apareceram do nada e correram atrás dela, seu discman acabou caindo, os homens eram mais rápidos e pegaram a menina que gritou ,mas teve sua boca tapada, cortando o céu surgiram três criaturas duas eram enormes e uma era pequena, tinha asas de morcego e aparência quase humana.
Os homens largaram Ana no chão, assustados com os seres, os dois maiores pousaram bem na frente deles, eram monstruosos com rosto meio humano e meio morcego, com uma fileira de presas afiadas e olhos vermelhos , nas mãos tinha dois machados em forma de meia lua, mal Ana piscou atordoada no chão, viu que as cabeças dos dois homens haviam sido arrancadas, seus crânios esmigalhados como uma fruta podre.
Ana estava horrorizada, as duas criaturas eram enormes e corpulentas, ela sentiu medo foi quando eles abriram espaço para uma criatura menor parecia ser um menino, elas se curvaram perante o pequeno ser que mudou sua forma, suas asas se encolheram adentrando a pele, suas garram deram lugar a mãos delicadas de criança e sua face monstruosa deu lugar ao um rosto de um menino com um sinal de meia lua na bochecha esquerda, Porã.
- Aqui está, você deixou cair seu aparelho de música.
Porã explicou que era um príncipe, há muitos anos uma princesa da nação indígena Apinajé foi prometida em união ao rei dos Kupen-Dyêb, os homens morcegos, dessa união nasceu Porã, tão bonito como a mãe, mas tão monstruoso como o pai e que podia andar sobre a luz do sol, mas homens vindos de longe atacaram as duas tribos que guerrearam bravamente.
Porã foi levado para longe e seus súditos o seguiram matando seu dois captores, isso foi em 1759, deste então os Kupen-Dyêb vivem em uma profunda caverna de quartzo próximo a Barcelos.
Ana ouviu aquilo impressionada, Porã explicou que por causa de sua mistura humana e morcego, não iria nunca envelhecer e ficaria para sempre como um menino, Ana agradeceu ao príncipe dos Kupen- Dyêb e deu seu discman para ele e prometeu que nunca revelaria sobre sua existência, mas prometeu sempre visita-lo.
MANAUS, 2022.
Ana estava triste esse ano não poderia ir visitar um velho amigo, o câncer havia se espalhado, estava internada e sentia que havia pouco tempo de vida, pediu que seu marido ao saí deixa-se a janela aberta.
As onze da noite Porã entrou pela janela, trazia na mão um velho discman que toda vez que Ana ia visita-lo lhe trazia um cd novo, queria vê sua amiga uma última vez, se aproximou da cama e Ana dormia, colocou cuidadosamente os fones nos ouvidos dela, ligou o aparelho, Viva Forever das Spice Girls tocou, Ana despertou, seu velho amigo estava como sempre, um belo menino, mas seu sorriso travesso estava triste e uma lagrima escorreu dos seu olhos, Ana fechou seu olhos e partiu para um lugar onde as estrelas nascem.
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Amor♡Morte+Vampiros (COMPLETO)
VampirVampiros sempre estiveram no imaginário mundial deste a Europa até os confins da Ásia ou do continente Americano mesmo antes da chegada dos europeus, neste livro você será apresentado a sete contos de vampiros, indo da fria Rússia até o Brasil. Ac...