Capítulo 07

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quero 50 votos nesse, aí vou ter a noção que vocês tão realmente gostando

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POV LAUREN

Furando a escuridão, continuei caindo até me chocar diretamente com o corpo de Camila. Agarrei os pulsos dela e depois seguimos juntas, pendurados na mesma alça. O peso adicional diminuiu a velocidade da descida; o fio começou a perder tensão até se afrouxar completamente. Então ficamos ali, penduradas no meio do fio de kevlar, braços e pernas entrelaçados
num mesmo desejo de sobrevivência, cinqüenta andares acima das ruas, onde a borbulhante vida noturna da cidade prosseguia alheia ao nosso pequeno probleminha.

Estávamos numa espécie de limbo, vertiginosamente suspensos no ar. Acho que foi aquela altura toda que me deixou um pouco zonza. No entanto, devo confessar que Camila era o colete salva-vidas mais delicioso que eu jamais havia vestido em toda a minha vida. Naturalmente, meu ego ficou um pouco avariado quando pude constatar que nosso inusitado abraço não havia produzido nela o mesmo efeito que havia produzido em mim.

— Você poderia ter atirado lá em cima  ela disse. — Mas não atirou. Um gesto delicado. E suicida.

Então ela ainda planejava acabar comigo!

Não se divertia tanto quanto eu com aquele romântico rapel! Fiz menção de pegar a arma no bolso, mas Camila apertou minha mão com a força de um alicate. Puxa, onde será que ela vinha malhando? Meus dedos pareciam estar sendo esmagados por um maldito gorila.

— Fui descoberto lá em cima apenas porque eu quis — falei com sarcasmo. — Você é previsível, Camila. Sei exatamente o que se passa dentro de você.

Virando o punho, Camila conseguiu enfiar a mão no meu bolso, um gesto que eu teria apreciado muito fossem outras as circunstâncias. Era da minha arma que ela estava atrás.

— Não era essa a impressão que eu tinha quando estávamos na cama — ela disse.  — Será que você mudou tanto assim?

— Vaca! - Agarrei-a pelo braço e fiz com que girasse no ar, de modo que agora eu a prendia pelas costas, meus lábios na altura das orelhas dela.  — Quem mudou foi você. Fazia muito que não demonstrava tanto interesse por mim

Camila tentou se desvencilhar, mas quanto mais nos debatíamos, mais nos apertávamos naquele abraço quente, molhado e perigoso.

— E fazia anos que a gente não ficava tão juntinha assim - emendei, sussurrando.

Opa. Camial ficou tão furiosa com minha observação que finalmente encontrou forças para se desprender e virar, colocando-se face a face comigo. O que não foi de todo mal. Um “mamãe-e-mamãe” de vez em quando tem lá o seu valor.

— Pode tirar o cavalinho da chuva.

Ela rosnou, contorcendo-se. Ofegava ligeiramente. Cansaço, ou seria algo mais?
Se dependesse de mim, ficaríamos penduradas ali por mais um tempo, mas corríamos o risco de chamar a atenção da polícia se não resolvêssemos logo aquela situação. Apertei meu corpo contra o de Camila e prendi o braço dela junto ao tronco, impedindo-a de levantar a arma e atirar.

— Quem vai tirar o cavalinho da chuva é você - devolvi. — Vai sair da cidade.

Ela grudou os olhos nos meus, nariz contra nariz, peito contra peito e... tudo o mais contra tudo o mais. Depois seus olhos faiscaram. O que lhe caiu muito bem, devo admitir.

— Está achando que vou me fazer de morta? - ela disse.

— Por que não? - respondi. — Foi o que fiz durante cinco anos de casamento.

Fired: Srt.s JaureguiOnde histórias criam vida. Descubra agora