Jantar

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Andi adentra um dos restaurantes mais chiques de toda a cidade do México, claro, escolha de Emilia. Se sentia até deslocada entre todas aquelas pessoas com roupas sociais e caras, mas não é como se ela verdadeiramente ligasse.

Ao ser atendida por um dos garçons avista Emilia acenando, elegantemente, em um ponto mais reservado.

- Não poderia ter escolhido um lugar mais caro não? - pergunta, carregada do sarcasmo, ao se sentar a mesa.

- Boa noite para você também, Agosti. - a brasileira a recebe com um sorriso.

Após serem abordadas por outro simpático garçom e fazerem seus pedidos, são deixadas sozinhas outra vez.

- Beleza, o que você quer conversar? - Andi pergunta sem rodeios.

- Calma emocionada, nem vai esperar o vinho?

- Olha pra minha cara de que veio pra tomar vinho com você, Emilia. - responde entediada, a loira dá de ombros, concordando.

- É o seguinte, precisamos decidir como isso vai funcionar...

- O namoro falso. - a mexicana a interrompe.

- Claro, do que mais eu estaria falando?! - Alo diz com o tom óbvio, Agosti revira seus olhos. - Precisamos assumir esse "namoro" de forma impactante, todos da escola precisam saber. Eu tava pensando no volta às aulas, o que acha?

- Por mim tanto faz. - a morena dá de ombros, se recostando na cadeira macia.

- Como tanto faz Andi? A gente tem que trabalhar juntas pra isso dar certo. - diz brava. - Porque se não for assim a gente pode parar por aqui e esquecer essa história...

- Calma estressadinha. - Agosti a interrompe, com um sorriso provocativo no rosto. - No primeiro dia de aula parece perfeito, como você pensou?

Passaram, então, as próximas duas horas discutindo e planejando como assumiriam o namoro para escola toda. Além, claro, da história de como as duas se apaixonaram perdidamente uma pela outra, não conseguindo evitar grandes risadas com as ideias melosas que tinham.

- Certo, isso já está decidido, agora a parte mais difícil, como convencer meus amigos a te aceitarem na banda. - Andi diz levando a taça de água a boca.

- Bom, eu tava pensando sobre isso. - brinca com o cristal em sua mão. - Vocês estão sem segunda voz feminina, de qualquer forma iriam tentar procurar outra. - Agosti assente. - Então, como todos já vão saber e estarem apaixonados pelo nosso namoro, você pode me indicar. - sugere. - Duvido muito que eles recusem que eu faça nem que seja um teste, e aí eu vou mostrar pra todos minha bela voz e eles vão implorar para eu entrar nessa bandinha.

- Sabe, o seu ego gigantesco ainda continua a me impressionar. - Emilia a lança um sorriso forçado, que é correspondido da mesma forma por Andi. - Mas beleza, se formos tão conviventes assim é capaz que funcione.

- E nós vamos ser. - dá de ombros, confiante. - Agora, o mais importante, ninguém, absolutamente ninguém, Andi, pode saber que é um namoro falso. - a olha de forma séria. - Nem o Dixon e muito menos o fofoqueiro do Luka. Temos que enganar a todos, entendeu?

- Certo, claro, claro. - levanta as mãos, em rendição. - Minha boca é um túmulo.

- Acho bom. - termina sua taça de vinho.

- Bom, se é só isso, terminamos por aqui, não? - questiona após ver o horário em seu celular.

- Ainda não. - Emilia nega.

- Não? O que mais tem pra falar Emilia? - pergunta, já de saco cheio de todo aquele plano. - Já estamos totalmente preparadas.

- Não é pra falar bobinha, também viemos até aqui por outro motivo. - Andi cerra o cenho, confusa. - Se queremos que isso funcione primeiro precisamos ver se somos um bom casal e se conseguimos realmente enganar as pessoas.

- E como isso funciona? - questiona.

- Aquela garçonete não parou de olhar pra você a noite toda. - a loira aponta discretamente e discretamente Andi se vira, para encontrar uma ruiva de estatura baixa a olhando descaradamente. - Ao julgar que nós não trocamos carícias o jantar todo, ela deve estar em dúvida se somos um casal ou não.

- O que isso significa? - Agosti questiona se voltando a loira.

- Que vamos fazer ela ter certeza. - se inclina sobre a mesa, colocando sua mão sobre a de Andi.

A mexicana sorri, pegando a mão macia da outra e a levando até seu lábios, deixando um casto beijo ali.

- Você é tão brega. - Emilia diz entre o sorriso.

- Vai ser tão bom poder te irritar assim nos próximos meses. - Andi rebate também sorrindo.

- Cala a boca, ela tá vindo. - a brasileira susurra, juntando suas mãos devidamente agora.

- Boa noite, desculpa interromper. - a garçonete as aborda. - Mas já estamos fechando.

Seu olhar o tempo todo em Agosti, por dentro, desejando que não era nada daquilo que ela estava pensando e que a morena a corresponderia.

- Oh, claro. - a mexicana ri envergonhada. - Acho que acabamos perdendo a noção do tempo.

Lança um olhar misturado de malícia e fofura para a brasileira.

- Amor! - Emilia diz rindo envergonhada, dando um leve tapa na mão de sua namorada falsa. - Não liga para ela, nós já estamos indo.

- Certo, com licença. - se retira da mesa.

As duas garotas se encaram, se segurando para não rir.

- Vamos logo. - a loira deixa o dinheiro sobre a mesa e ameaça levantar.

- Não, não, não, pode esperar aí mocinha. - Andi se levanta em prontidão. Emilia a encara confusa quando a mesma se coloca atrás dela.

- Mas, o que?

Agosti coloca a bolsa da outra em seu ombro e calmamente puxa a cadeira de Alo para trás, se colocando ao lado dela com a mão estendida em seguida.

Emilia não consegue evitar o riso de escapar de seus lábios. Então aceita a mão, a segurando, e se levanta da mesa com o sorriso ainda estampado em seus lábios.

- Espera, espera.

Andi pede após darem os primeiros passos até a saida, parando no meio do corredor de mesas, bem em frente onde a garçonete está. Agosti se inclina a mesa ao lado, pegando a rosa vermelha que enfeitava o vaso de cerâmica.

- O que é isso? - Alo questiona com o sorriso no rosto.

- Uma flor para outra flor. - Agosti diz, encarando diretamente os olhos castanhos, com uma intensidade que até faz Emilia questionar se é realmente atuação. - Aqui. - coloca a flor atrás da orelha da menor, a arrumando de forma harmônica com seu penteado. - Linda!

Com sorrisos no rosto as duas encaram a garçonete, com cara fechada, presente ali.

- Boa noite! - desejam juntas.

Em seguida voltam a juntar suas mãos e se retiram de vez do estabelecimento. Assim que entram no carro se encaram e não conseguem evitar as gargalhadas de explodirem de suas gargantas.

- Minha Deusa, você viu a cara dela?! - Emilia tinha a mão na barriga para suportar a dor de tanta risada. - E o que foi aquela coisa brega de "uma flor para outra flor"?

- Foi você que me chamou de amor. - Andi rebate e elas voltam a rir.

- Somos ótimas atrizes, ela caiu muito.

- Tadinha, ela até que é gata. - Andi diz.

- Se arrependeu? - a brasileira questiona, retomando sua postura, com a sobrancelha arqueada.

- Não. - nega, voltando a encarar a loira. - Bom, agora sabemos que somos um bom casal ou, pelo menos, sabemos enganar muito bem as pessoas.

O sorriso volta a preencher os lábios de Alo.

- Nós vamos botar aquela escola a baixo!

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