CAPÍTULO QUATRO

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Aqui estou eu, prestes a presenciar o maior circo que eu poderia contracenar

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Aqui estou eu, prestes a presenciar o maior circo que eu poderia contracenar.

Coloco minhas mãos no bolso tentando disfarçar meu nervosismo e a vontade de sair chutando tudo na capela.

— Controle-se — Heinz sussurra ao meu lado.

Bufo frustrado.

Pela primeira vez quis que ele ouvisse sua esposa e cancelasse esse casamento, mas isso nem Zara é capaz de persuadi-lo.

Apoio meu peso em um pé, olhando irritado para o lado, onde está meu irmão Klaus.

As vezes queria ter tido a sorte dele, afinal não precisou se casar com alguém por conveniência, embora ainda não saiba o que ele tenha visto na sua mulher. Ela é repugnante assim como Zara se intrometendo em todos os assuntos do clã, e os dois babacas deixam que isso aconteça, principalmente Klaus que só falta beijar o chão onde Edvige passa.

Minha cunhada me olha com seus olhos verdes faiscando, Edvige foi contra esse casamento, tanto que Klaus tentou fazer a cabeça do Heinz a mudar de decisão, mas se Zara não conseguiu quem dirá Klaus?

As duas poderiam até fazer greve de sexo, que nada faria Heinz voltar atrás de uma palavra dada por ele.

Alguns bancos da pequena capela estão ocupados por poucos homens do clã.

No primeiro banco reconheço a irmã dela, Asli, seu sorriso na minha direção é sugestivo, mas não retribuo.

Ir para a cama com ela foi bom, mas não pretendo repetir a dose, afinal isso foi quatro anos atrás, depois do casamento do Klaus não voltei mais para a Suíça, quer dizer vim no batizado dos meus sobrinhos.

Heinz não sai do meu lado, sei que isso é uma medida protetiva caso eu invente de fugir.

Uma música melancólica começa a ecoar no piano, engulo em seco enquanto meu olhar procura a porta mais próxima.

Nunca fui contra a ordem do meu irmão, porém estou levemente inclinado a fazer isso pela primeira vez.

As portas duplas da capela são abertas por dois soldados e meus olhos estão ansiosos pelo que está por vir.

Aperto minha mão com força dentro do meu bolso, odeio o fato de que a partir de agora serei um homem casado, mas tentarei fazer de tudo para seguir minha vida como se essa mulher não existisse.

Um movimento em frente a porta se faz presente e logo posso ver o vestido branco, quanto cinismo, eu no lugar dela teria vindo de preto.

Ao lado dela está o velho Lehmann, de longe consigo ver a testa dele reluzindo com o suor que cai do seu rosto gordo, deve ser nervosismo, pois está frio para um caralho do lado de fora.

O vestido dela arrasta suavemente ao chão, todo ornamentado de pérolas.

Meus olhos sobem para seu busto e há algo ali que me agrada, seu decote me faz imaginar brevemente como seria abaixar aquele vestido, porém logo dissipo esses pensamentos.

Em seu rosto há um véu branco me impedindo de ver a reação dela.

Seu pai praticamente a empurra em direção ao altar.

Ótimo pelo visto não é apenas eu que não quero essa união.

Levo um cutucão do meu irmão quando os dois param em frente ao altar, respiro fundo, soltando o ar com força e indo em direção aos dois.

Praticamente puxo a mão dela da do seu pai e não digo nada ao velho ganancioso, afinal nem ao menos queria a mão dela em casamento, por isso não pedi a permissão dele.

A mão da garota está gelada feito um gelo, então aperto suavemente sentindo a eletricidade passar por meu corpo.

Com dois passos paro em frente ao altar, o pastor dá início a toda essa baboseira e não solto a mão dela em nenhum momento.

Quando chega a hora das alianças lembro do objeto que está no bolso interno do meu paletó.

Viro de frente para ela.

— Pode erguer o véu da sua noiva.

Só falto revirar os olhos diante das palavras do pastor.

Solto a mão dela esticando a minha, ergo meus braços indo até o tecido suave e vou erguendo. Vejo sua boca levemente carnuda com um batom suave desenhando cada detalhe daquele lábio quase perfeito de tão delicado que é, seu nariz pequeno e levemente arrebitado, seus olhos estão fechados, mas logo seus cílios ruivos vão revelando lindas esferas azuis.

Coloco seu véu para trás deixando seus poucos fios ruivos caírem em seu ombro.

Engulo em seco.

Não era isso que esperava de Astrid Lehmann, ela mudou, sua aparência, fisionomia, não lembro de quando foi a última vez que vi criatura mais bela.

Ela é delicada, sua boca forma um pequeno coração e consigo ver nervosismo diante da sua respiração acelerada.

Pego a pequena caixa de veludo no bolso do meu paletó e olho para o pastor, esperando que ele prossiga.

— Repita comigo — ele pede me fazendo repetir suas palavras. — Eu, Otto Zornickel, subchefe da In Ergänzung, prometo zelar pelo bem-estar da minha esposa, dando-lhe a devida atenção quando necessário, seguirei ao seu lado na saúde e nas diversidades do mundo, até que a morte nos separe.

Finalizo recebendo o olhar assustado da garota.

Pego sua mão olhando cada detalhe dos seus dedos compridos e magros, com a outra mão abro a caixa de veludo tirando sua aliança e entregando ao pastor a caixinha com o meu anel ainda dentro.

Passo o anel sobre seu dedo anelar e vejo que o objeto fica perfeito em seu dedo, um pequeno cristal reluzente no anel combinando com ela.

Chega a vez dela repetir o que o pastor diz e fico ansioso para ouvir sua voz.

— Eu, Astrid Lehmann, prometo respeitar meu marido, ser conivente a ele, jurando ser fiel. Seguirei ao seu lado, na saúde e em todas as adversidades do mundo, até que a morte nos separe.

A voz dela é suave, angelical, acompanhando o tinir do pastor.

O homem estende a caixa com meu anel, o qual ela pega olhando em minha direção. Ergo minha mão esquerda e ela fica olhando por longos segundos os hematomas da noite passada, quando soquei um homem até a morte no calabouço deixando minha adrenalina toda lá.

Seus dedos acariciam minha mão, passando o anel por meu dedo com suavidade.

Logo puxo minha mão novamente escondendo em meu bolso.

— Eu vos declaro marido e mulher, pode beijar a noiva.

Volto a olhar em seu rosto, ela é linda, o tipo de mulher que me atrai para cacete, mas essa aura virginal dela me faz lembrar desse maldito contrato.

Dou um passo na direção dela, vendo-a fechar os olhos, esperando por um beijo na boca, a qual admito que eu queria muito provar, mas nunca me darei a esse luxo.

Abaixo meu rosto poucos centímetros, encostando meus lábios em sua testa enquanto sinto seu cheiro suave.

Poucas pessoas na igreja aplaudem, se esperam algo a mais que isso estão redondamente enganados, com milhões de mulheres no mundo, não preciso dessa para aquecer minha cama e se depender de mim ela permanecerá virgem.

Seus olhos voltam a abrir e por incrível que pareça vejo algo ali que não é desapontamento por não a ter beijado.

Astrid não queria o meu beijo?

OTTO - PROMETIDA AO SUBCHEFE (DEGUSTACÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora