REMORSO

228 14 7
                                    

Naquela tarde acordei com a sensação de que iria desmaiar a qualquer momento. Levantei da cama com as mãos trêmulas e tentando equilibrar meus passos até a penteadeira. Foi quando vi no espelho, a imagem da minha pele pálida e com algumas marcas de mordidas no meu pescoço. Não acredito que os Sakamakis foram capazes de morder enquanto eu dormia.

Aliviada por ao menos ter acordado viva, tomei um banho para me trocar de roupa. Antes de sair do quarto olhei um pouco as notificações do meu celular. Perguntei para Yuki se ela ia sair, mas ela disse que ficaria em casa pois tinha uma reunião de família. Vi também que a Rejet me mandou um link de um vídeo muito bom.

Sai do quarto e descendo as escadas do hall de visitas encontrei Reiji e Tougo, que parecia bem preocupado. Assim que o chefe da família Sakamaki me viu, correu em minha direção e me abraçou. Eu fiquei parada simplesmente sem entender nada:

- Sinto muito! Seu pai acabou de falecer!

Desde que eu me entendo por gente nunca tive uma boa relação com meu pai. Ele era o coronel do exército japonês. Por causa de seu cargo ele era muito conhecido. De todas as memórias que tenho do meu pai a maioria esmagadora é ruim. Uma delas foi o dia em que eu pedi para levar minha única amiga da minha antiga escola pra casa:

- P...papai!

- Quantas vezes vou ter que dizer pra não entrar no meu escritório sem marcar um horário! - Seu olhar era de quem queria me matar.

- Posso... Trazer uma amiga pra cá?

- Não!

- Por favor papai... Só desta vez!

- O dia que você estiver na sua casa você pode fazer o que você quiser! Não quero um bando de marginais na minha casa! Agora saia do meu escritório!

Dói ouvir isso do seu próprio pai. Dói mais ainda quando você ouve isso sendo apenas uma criança de 7 anos.

Aos quinze anos acabei conhecendo um menino da escola que se interessou por mim. Conversávamos muito e nos dávamos super bem. Pelo menos era o que eu pensava até o dia em que ele me abandonou na primeira oportunidade:

- Você acha que eu não descobri? Jamais vou aceitar uma prostituta no meu teto! - Foi a última coisa que ouvi do meu pai antes dele me mandar embora de casa.

Foi tudo repentino. Ele descobriu sobre meu romance secreto. Me lembro de ter chegado em casa e ter tomado um soco do meu pai. Ele simplesmente chamou um carro e me tirou de casa só com a roupa do corpo. Foi quando finalmente cheguei no convento ___.

Não foi de tudo ruim. Eu amava as aulas de piano e canto. Pelo menos lá eu tive a oportunidade de estudar o que eu realmente gosto, já que meu próprio pai me proibia de tocar e cantar em casa, pois segundo ele era coisa de gente que não tinha futuro. Fiquei quatro meses tentando contato com meu pai, fazendo ligações insistentes, ligações essas que e sempre desligava na minha cara. Minha esperança era que ao menos ele viesse me visitar. Nem isso ele se deu o trabalho. Foi quando eu finalmente recebi uma ligação dele. Achei que ele queria conversar, mas tudo o que ele disse, foi resumidamente:

- Nunca mais quero ouvir falar de você outra vez!

Se passaram seis meses desde que cheguei no convento, quando foi realizado um bazar beneficente. Pessoas doavam roupas em bom estado que posteriormente eram revendidas por um valor simbólico, que seria usado para comprar comida para pessoas mais necessitadas. O que pra mim era prefeito, além de fazer uma boa ação eu conseguiria ocupar minha mente para esquecer de vez o meu pai.

Tudo estava muito movimentado. Tinha muita roupa praticamente nova. As pessoas iam escolhendo minuciosamente as peças que comprariam.
Enquanto as outras freiras cuidavam do atendimento, eu fiquei responsável por servir os lanches:

DINASTIA SAKAMAKI +18Onde histórias criam vida. Descubra agora