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A    p r i m e i r a    v í t i m a

Outubro chegou, espalhando, pelos jardins, uma friagem úmida que entrava pelo castelo. Madame Pomfrey, a enfermeira, esteve muito ocupada com uma repentina onda de gripe entre professores, funcionários e alunos. Sua poção reanimadora fazia efeito instantâneo, embora deixasse quem a bebia fumegando pelas orelhas durante muitas horas. Pansy, que andava muito pálida, foi intimada por Gemma Farley a tomar a poção. A fumaça saindo por baixo dos seus cabelos dava a impressão de que a cabeça estava em chamas.

Gotas de chuva do tamanho de balas de revólver fustigavam as janelas do castelo durante dias seguidos; as águas do lago subiram, os canteiros de flores viraram um rio lamacento, e as abóboras de Hagrid ficaram do tamanho de um barraco. O entusiasmo de Flint pelos treinos regulares, no entanto, não esfriou, então Draco ainda se encontrava no campo de quadribol aos domingos - a grifinória conseguiu permissão para ocupar os sábados.

Contudo, Draco estava distraído naquela tarde. Aquela maldita voz que havia escutado não saía de sua cabeça, e para piorar, Pansy estava com um aspecto doente há alguns dias. E tudo isso estava afetando seu jogo.

Razão pela qual ele foi abordado por Theodore Nott assim que o time da Sonserina voltou ao castelo.

"Você pareceu meio enferrujado no ar hoje, Malfoy." Comentou o menino com um leve sorrisinho debochado no rosto. "Está planejando perder de propósito para a sua outra Casa?"

Nott vem o chamando de Grifinório desde o caso das lesmas no primeiro treino da Sonserina. Draco suspirou.

"Nunca perdi para a Grifinória, Nott, não pretendo começar agora." Comentou, tentando passar pelo menino para chegar até as masmorras.

Draco percebeu Harry, Hermione e Ron deixarem o Salão Principal naquele instante, e quando Theo bloqueia o caminho do loiro, os três parecem notar o pequeno conflito. Crabbe e Goyle - dois pequenos soldados de Nott - estavam parados atrás dele com um sorrisinho igualmente feio e arrogante.

"Não sei... Tudo tem uma primeira vez, não é?" Theo comentou. "Talvez você devesse pedir para o chapéu mudar de ideia para você jogar com seus amiguinhos."

"Algum problema aqui?" Harry perguntou ao se aproximar, analisando a situação com olhos estreitos. Deu uma leve olhada para Draco, mas sua atenção parou em Nott, que deu uma risada.

"Falando deles!" Exclamou, seus olhos ainda em Draco. O loiro arqueou as sobrancelhas. "O que foi, Malfoy? Precisa do seu namoradinho para te defender?"

Quando Theo se aproximou, Draco deu uma leve empurrada no menino para tirá-lo de seu espaço pessoal.

"Hey!" Exclamou ele, ofendido, e fez menção de pegar sua varinha. Harry segurou o pulso de Theo com um aperto forte. Crabbe e Goyle pareciam prontos para defender seu chefe, mas Ron e Hermione também pareciam preparados.

"Não toca nele, Nott." Harry rosnou. Draco se aproximou e colocou uma mão no ombro do grifinório.

"Deixa para lá, Potter. Vem, não se envolve com ele não."

Hesitando apenas por um segundo, Harry deu um último olhar irritado para Theo antes de soltá-lo e se afastar com Draco e os outros dois grifinórios. O loiro podia sentir o olhar de alguns sonserinos nas suas costas, mas não se importou o suficiente para virar. Ele sabia que, no esquema total, sua situação tinha acabado de piorar, mas Draco podia lidar com Nott.

"Você não deveria começar brigas assim, Harry!" Hermione reprimiu assim que eles saíram do campo de audição dos outros sonserinos.

Harry bufou em resposta. "Ele que começou falando tudo aquilo de Draco."

O Papel das Sombras - O menino que sobreviveu 2Onde histórias criam vida. Descubra agora