3. arbitrary.

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Horas depois, Lexi chegou em casa cheirando à maconha e meio tonta.

Pela primeira vez em sua vida, não se sentia mediana.

Pela primeira vez, um carro estacionou em frente à casa das Howard sendo dirigido por um garoto bonito de cerca de 18 anos, e daquele carro desceu Lexi.

- Eu me diverti muito hoje à noite. - Fez disse, antes que ela descesse do carro. Ele encarava a própria mão segurando o volante, tendo a outra segurando o câmbio do carro com força.

- Eu também.

Ele vai me beijar?, ela pensou. Pensou também em qual seria a sua reação caso aquilo acontecesse, o que fez suas mãos começarem a suar e a obrigou a limpá-las na calça disfarçadamente.

Eu queria que ele me beijasse.

-A gente deveria fazer isso mais vezes.

-Eu também acho.

Um silêncio ligeiramente pesado se instalou dentro do carro, e ela quis começar a rir, não sabia se por causa da maconha ou do desespero. Claro que Fezco não a beijaria, provavelmente estava contando os segundos para que aquela menina estranha saísse do carro dele para que pudesse ir atrás de alguma mulher de verdade e..

Com a mão que segurava o câmbio, ele esticou um dos dedos, o menor. Esticou o suficiente para que conseguisse encostar mão dela, levemente, ela quase não sentiu. Mas ficou encarando aquele gesto quase imperceptível como se tivesse encontrado um tesouro, observando a luz refletindo nas moedas de ouro. Era como um beijo.

Pela primeira vez, Lexi pensou que talvez, só talvez, Fezco estivesse tão tímido quanto ela.

-Gosto muito de conversar com você, Lexi Howard.

-Também gosto muito de conversar com você, Fezco.

Quando abriu a porta do quarto e se jogou em sua cama, afundou o rosto nos travesseiros se sentindo uma criança da oitava série, emocionada com um toque de mãos. Se sentiu patética, mas também sentiu algo mais, algo que se formava no canto dos lábios e no começo da nuca, mas ela não soube o que era exatamente.

Quando ergueu a cabeça, viu que Cassie a encarava do outro lado do cômodo.

- O que foi? - Lexi perguntou, mas notou a dureza no rosto da irmã e desviou o olhar.

- Aquele era o carro do Fezco?

- Por que você se importa?

- Porque ele é a porra de um traficante e quase matou o Nate?

Lexi revirou os olhos e voltou a afundar o rosto no travesseiro, mas Cassie continuou.

-Por favor, Lexi, me diz que você não está transando com o traficante.

Tomou fôlego, e o que disse em seguida era algo que queria dizer a muito tempo mas não sabia muito bem como o fazer, e muito menos sabia se era verdade.

-Por favor, Cassie, me diz que você não está transando com o ex-namorado da sua melhor amiga.

Ao julgar pelo terror nos olhos azuis da menina, era verdade.

- Como você sabe disso?

-Você não é exatamente uma mestre dos disfarces.

A irmã se aproximou com uma ânsia exasperada, como se estivesse com verdadeiro pavor.

-Não conta pra ninguém.

-Você sabe que ele é a porra de um psicopata, né?

-Lexi, você tem que me prometer.

Extraordinary - Fez&LexiOnde histórias criam vida. Descubra agora