1. secondary.

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Lexi Howard estava acostumada com o mediano. 

Ela escutava música no volume médio, dormia uma quantidade mediana de horas por noite e amava quando o clima estava quente, mas não quente demais. 

Lexi Howard foi mediana a vida toda. 

Bonita, mas não bonita o suficiente para chamar atenção. Inteligente, mas não o suficiente para ser considerada genial. Sentia-se como se fosse explodir em milhares e milhares de pedaços extremamente iguais, igualmente entediantes. Pedaços nem muito grandes, nem muito pequenos. Apenas... medianos. 

Ela nunca achou que, em algum momento da vida, fosse sentir algo extraordinário. Fosse ser alguém extraordinária. Não, aquilo era destinado à garotas como Cassie e Maddy, com seus cabelos brilhantes e aquela coisa no olhar que era facilmente confundida com confiança mas no fundo, no fundo era apenas uma maneira sedutora de estar extremamente confusa e perdida. 

Quem dera, pensou Lexi enquanto olhava pro teto do quarto. Ela sabia que era apenas confusa e perdida, nem um pouco sedutora.

Mas foi em um dia de ano novo, despretensiosamente e sem prometer absolutamente nada, que Fezco colocou os olhos nela pela primeira vez. 

Ele já havia a observado antes, com certeza, mas nunca colocou os olhos nela. Era engraçado como, depois de uma vida toda sendo irmã de Cassie, ela aprendeu a diferença entre as duas coisas.

É assim que as pessoas se sentem, ela pensou mais de uma vez,  é assim que se sentem quando dão alguma foda para o que você tem a dizer.  

 Lexi finalmente entendeu o por quê  de garotas como sua irmã se viciarem naquilo, naquela atenção. Mas, veja bem, não foi nada demais, certo? Ele só a olhou, ele só conversou com ela. 

Lexi Howard estava tão acostumada com o mediano que uma demonstração mediana de interesse a fez ficar acordada a noite. 

Algo nada mediano foi a surra que Nate Jacobs levou do mesmo garoto que sorriu pra ela, a perguntando sobre coisas bobas do seu dia a dia. Ele a disse que falar com ela foi o ponto alto do seu ano, e então quase assassinou um garoto da escola com as próprias mãos. Não que Nate fosse um santo, longe disso. Mas... Quem exatamente era Fezco? Qualquer pessoa que conseguisse virar alguém completamente diferente em questão de segundos, alguém tão violento e homicida, devia ser perigoso. Sim, perigoso. Devia ser mantido distante, o mais longe possível. 

Mas algo nada mediano também era a vontade que Lexi tinha de se manter por perto. Talvez aquele pequeno flerte no sofá de uma festa cheia de drogas e adolescentes idiotas tivesse sido realmente o suficiente para manter alguém  tão carente como Lexi envolvida, talvez ela só fosse patética. 

Ou talvez apenas gostaria de escutar mais vezes a cadência lenta do seu nome saindo da boca dele, como se fosse algo novo, como se fosse um trava-línguas. 

"Lexi Howard"

Então, quando Cal Jacobs apareceu em sua casa e quando Cassie não conseguiu manter a porra da boca fechada, ela decidiu agir. Pela primeira vez, decidiu tomar as rédeas. Pela primeira vez, não seria mediana. 

Colocou um batom bonito e passou seu melhor perfume, subiu em sua bicicleta e ajeitou o cabelo antes de entrar no mercadinho vazio. Soube que estava certa quando escutou:

-Lexi Howard!

Mas havia uma loira no balcão. Era tão branca quanto papel, seu cabelo estava seco e tinha lábios enormes que não eram realmente dela. Era bonita. Bonita o suficiente para que Lexi esquecesse  do que foi fazer ali, de que tinha que avisar que Cassie abriu a boca, e decidisse que encararia uma geladeira cheia de bebidas fortes demais para ela. 

Extraordinary - Fez&LexiOnde histórias criam vida. Descubra agora