Capítulo 9

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    Um vento frio da noite tremia os galhos compridos das grandes árvores que cercavam a clareira, enquanto uma névoa espessa parecia preencher o ambiente cegando qualquer um que perambulava por ali, impedindo que notassem as pegadas vermelhas que marcavam a grama úmida.
   
     Um rastro de manchas irregulares do líquido espesso vermelho, conduziram por uma trilha mórbida e mal cheirosa até um pequeno curso d'água, onde o fluxo descia de um grande rio acima, trazendo consigo pequenos avisos do que ocorria leito acima, a cor avermelhada da água mal cheirosa revelava a origem de seu problema enquanto um pequeno elemento flutuava rio abaixo. De longe a minúscula coisa não levantaria qualquer suspeita, mas se olhasse atentamente poderia se distinguir o formato de um dedo humano, a pele morta já embranquecida e enrugada no ponto onde fora arrancada do corpo, enquanto os últimos resquícios de cor se mantinha na pele ainda colorida do sangue que outrora pulsava por suas veias.

       Se qualquer um atravesse olhar para cima onde o rio nascia, teria se arrependido amargamente ao encontrar uma pilha de corpos na margem acima e ao centro de tal carnificina veria a figura quase fantasmagórica de uma mulher, suas vestes brancas completamente manchadas de vermelho enquanto em seu corpo desenhos pintados de sangue pareciam brilhar sob a luz forte da lua. Mas o que causava arrepios apenas de olhar eram certamente seus grandes olhos, cujo um preto profundo dominava as órbitas, como um abismo que lhe encarava de volta.

       O brilho da lua toca os corpos fazendo um estranho vapor branco sair por entre os cortes na carne, como se suas almas deixassem seus corpos, então a bruxa ergue seus braços para o céu sentindo os desenhos em seu corpo esquentar enquanto o vapor era sugado por entre a sua pele, os símbolos em sangue adquirem um tom brilhante de dourado como ouro que queimava e marcava a pele da mulher, assim aos poucos sua alma era marcada pelo ritual em um caminho sem volta para as profundezas de Duat*.

        Nut solta um grito forte enquanto sentia sua pele queimar sob os desenhos, mas ela não gritava de dor apesar de sua pele latejar como se derretesse, e sim de prazer, sentindo o poder sombrio se infiltrar sob sua pele e infectar seu sistema, deixando sua alma escurecer como a noite do céu do abismo e a chama negra se acender em seu ser.

••••••• 🌙 ••••••

- Está acontecendo. - Gellert fala ofegante ainda envolto em sua visão recente - O banho de sangue começou. 

     Dumbledore pisca demorando para entender as palavras do outro homem. Se Nut estava realizando essa etapa do ritual então isso significava que haviam dezenas para não dizer milhares de mortos, pessoas inocentes que não mereciam tal destino, só em pensar que tal coisa estava acontecendo e não poder fazer nada apenas trazia sua ansiedade a tona novamente.

- Ei, Schatz. - Gellert fala calmo percebendo que o outro estava prestes a surtar novamente - Você precisa voltar a relaxar.

     Alvo mal tinha percebido que sua respiração hiperventilando se não fosse pelo toque suave das mãos do loiro sobre seu peito meio úmido de suor.

- Que tal uma segunda rodada? - Grindelwald pergunta malicioso, recebendo um olhar de desaprovação do outro homem - Seu velho sem graça. - responde irritante

- Você é mais velho que eu. - O ruivo diz irritado - Seu idiota.

     Gellert põe a mão no peito fingindo estar ofendido com o xingamento.

- Que grosseria, Alvo. - Grindelwald responde em deboche - Se eu não fosse sem coração, até me sentiria triste.

       O professor revira os olhos, ele sabia que o outro iria continuar a jogar as suas palavras contra ele.

Dark Days - Grindeldore Onde histórias criam vida. Descubra agora