SUA A.L.T.E.Z.A. REAL (Chaelisa)

Capítulo 8.

De acordo com o itinerário que me enviaram por e-mail, eu tenho "chá" às 4 da tarde e, já que são 3 horas agora, visto o novo uniforme, que estava pendurado no armário, coberto por um plástico, quando cheguei. Tem uma saia vermelha lisa que vai até os joelhos, uma camisa branca de manga curta e dois suéteres diferentes, um colete e outro de manga comprida. Eu escolho o primeiro, com o brasão de Cheongshim costurado na frente. Está quente o suficiente, então não preciso me preocupar em vestir meia-calça, escolho as meias três quartos e finalmente calço um par de sapatos sem salto muito simples de cor preta.

Paro um momento para me olhar no espelho pendurado atrás da porta, essa nova Lisa. Uma Garota de Cheongshim. O mesmo cabelo preto ordinário caindo em ondas sobre os ombros e os mesmos olhos castanhos.

A mesma Lisa, um lugar diferente.

Dando um suspiro, abro a porta, piso no corredor e ouço imediatamente, alguém falando em voz alta.

-Estou te dizendo Jisoo, ela está nesse andar!

A voz que vem do corredor é claramente a voz de uma princesa da Disney - doce, melodiosa, completa com o sotaque inglês articulado, e imagino que a garota que verei será uma combinação de Bela Adormecida com Cinderela. Talvez até esteja acompanhada por criaturas da floresta.

A garota que aparece de repente é bonita, e nossa!! Ela é realmente incrível!

E, apesar de ela não se parecer com a Cinderela ou a Bela Adormecida, ela é linda, com longos cabelos escuros e pele quase cor de neve.

E, quando ela olha para mim, noto que ela tem adoráveis olhos castanhos, que se fecham ao sorrir.

- Ah, olá! - ela diz alegremente. Nem te vi aí. - Eu dou um aceno sem jeito.

- Eu costumo sumir na multidão.

- Ah, você é tailandesa! - ela vibra e gesticula atrás de si, impaciente. - OLHA, JISOO, ENCONTREI UMA TAILANDESA!

Ela avisa alto o suficiente para doer meus ouvidos.

Sem criaturas da floresta no seu rastro, a garota que aparece é serelepe como um... coelho. Isso não é legal de dizer, provavelmente, mas seus dentes são um pouco proeminentes, e ele parece nervosa e agitada, especialmente comparado à garota ao seu lado.

- Meu nome é Jennie - ela estende a mão para eu apertar e a cumprimento, grata ao ver que alguém neste lugar parece ser uma pessoa normal.

- Podem me chamar de Lisa.

Jennie abre um largo sorriso, mostrando que possui um sorriso gengival, um mínimo de imperfeição nessa garota perfeita, cadê? Eu estava começando a imaginar se era necessário ser uma supermodelo para entrar neste lugar e se eu era algum tipo de exceção por caridade.

- Lisa - ela repete. - Fofo. Gostei. Nunca pensei que meu nome pudesse ser "fofo", mas Jennie não parece estar me zoando, então aceito de boa.
- Tecnicamente é Lalisa, mas ninguém nunca me chama assim.

Ela aponta com o polegar para uma garota atrás dela.

- E essa é a Jisoo, Kim Jisoo.

Ela se inclina para a frente para apertar minha mão também. Ela tem uns centímetros a menos que Jennie, seu cabelo é um vermelho alaranjado forte, e sua pele é tão clara.

- Então você é tailandesa - ela diz ao se aproximar.

Ela também está vestindo o colete de malha de Cheongshim, mas parece um pouco grande nela.

- Sou. - digo, trocando o peso do corpo de um pé para o outro. De Buriram.

Percebo que isso pode não significar nada para eles e, quando Jennie diz "Jisoo e eu somos de Cheongdam-dong" , me dou conta de que o lugar de onde ela veio também não significa nada para mim. Esse é um pequeno momento estranho de choque de culturas que eu não tinha previsto.

Mas eu aceno com a cabeça para as duas e sorrio, pensando que fingir até entender vai virar meu novo lema por aqui.

- Bom, vem com a gente - Jennie diz, enganchando o braço no meu e me puxando de volta para as escadas. - Imagino que você esteja a caminho do Chá das Garotas. Concordo, me deixando ser levada atrás dela e Jisoo.

- Costumava ser apenas o Chá do Primeiro Ano - ela diz ao descermos as escadas.

Eu noto algumas molduras com retratos de homens, assim como algumas fotografias em preto e branco de rotos uniformizados posando na frente do colégio.

- Mas eles estão fazendo uma versão especial só para as garotas - ela continua, e Jennie suspira, acenando com sua mão livre.

- Sim, sim, Jisoo, estou certa de que Lisa conseguiu decifrar o que eu quis dizer com Chá das Garotas, pelo amor de Deus. Ela é tailandesa, não estúpida.

- Obrigada? Eu acho. - digo quando chegamos ao pé da escada.

O salão está cheio de garotas perambulando, algumas claramente da minha idade, mas muitas parecem mais novas. Jennie as observa, os cantos de sua boca se curvam para baixo.

- Pobres coitadas - ela diz. - Não há muitas de nós, damas intrépidas, este ano, e sinto que será mais difícil para as mais novas. Uma delas é até minha colega de quarto, sabe. Uma cavaleirinha.

- Cavaleirinha?- pergunto e Jennie abana com a mão. - Sempre aparece um punhado. Garotas que são loucas por cavalos, sabe? Enfim, não há o suficiente de nós pra nos parearem com meninas de nossa própria faixa etária, então algumas precisam dividir o quarto com as mais novas, como acontece comigo. Ela respira fundo, dobrando as mãos à sua frente. - Como eu disse, pobres coitadas. Eu só preciso sobreviver por um ano. Elas ficarão aqui por séculos.

Tudo bem, mas "sobreviver" não é como quero pensar no meu período aqui em minha nova e empolgante vida.

- Não vai ser tão ruim assim - digo, dando de ombros. - Quer dizer, todo mundo escolheu vir pra cá, né?

- Jennie escolheu - diz Jisoo. - Mas eu nunca escolhi vim pra Cheongshim e quero que isso fique registrado. E possivelmente gravado na minha lápide. - Revirando os olhos, Jennie se aproxima de mim e diz:

- Jisoo tem se lamentado sobre esse lugar desde que tinha doze anos, os pais dela tem 3 filhos, e o seu irmão mais velho também estudava a qui. Seus pais sempre cogitaram dela estudar em Cheongshim, estavam sempre falando que ela viria para cá um dia, o que não a agradava muito. Então eu decidi vir pra conferir o motivo de todo esse drama. - Ela joga os longos cabelos escuros sobre o ombro.

- Além do mais, se é bom o suficiente pra uma princesa, é bom o suficiente pra mim.

Ela se aproxima, abaixando o tom de voz.

- A princesa Roseanne está aqui - ela diz num sussurro ensaiado. - A própria princesa Rosé.

- Certo, e não a outra, falsificada - brinco.

- Eles dão algum tipo de quarto especial na torre pra ela?

Jennie torce o nariz.

- Você não a viu? Ela deveria estar no seu andar.

Balanço a cabeça. - Não vi princesa alguma - digo, e então...

Não.

Com a boca seca, pergunto:

- Algum de vocês tem um celular? Pra me mostrar uma foto dela?

Jisoo sacode a cabeça, mas Jennie olha ao redor antes de enfiar a mão no elástico da saia e puxar um iPhone Rose Gold.

- Jennie, isso devia estar no seu quarto! Você vai se me ter em encrenca - diz Jisoo, mas Jennie apenas levanta um dedo, clicando no celular com o outro.

- Aqui está a princesa - ela diz. - Fazendo compras em Seul, vestindo um casaco verdadeiramente fabuloso.

Antes mesmo de ela virar o celular para mim, eu já sei, mas ainda é um choque ver a foto e reconhecer com clareza a princesa Roseanne.

Minha colega de quarto.