Capítulo 19.

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- É um veado - falo com os lábios dormentes. - Foi isso que você quis dizer. Ai, Meu Deus, veado.

Porque é isso que está atrás de mim. Um veado gigantesco com uma galhada cheia de pontas afiadas, olhando diretamente para a minha cara.

Olha, a vida selvagem não me é estranha. Afinal, já viajei muito pra Austrália com meu pai. Já vi uma cascavel deslizar pelo meu caminho numa trilha, meu avô já viu um coiote nos limites de sua propriedade, e eu já vi mais tatus do que qualquer garota deveria ver.

Mas é o tamanho dessa criatura que faz meu coração acelerar e minha boca ficar seca de medo.

- Não é apenas um veado - Rosé diz. - É um macho adulto.

- Não estou exatamente preocupada com a nomenclatura apropriada - respondo com os lábios semicerrados. - Estou mais interessada em não ser empalada.

O veado bufa e eu fico tensa.

Então Rosé se movimenta na minha linha de visão periférica, com uma mão estendida.

- O que você está fazendo?- pergunto, o que é difícil porque, como disse, a essa altura meus lábios estão dormentes de terror e tudo mais.

- O veado é o animal oficial da Coréia - ela me diz, movendo-se para a frente muito devagar, nunca tirando os olhos do animal à nossa frente. - E já que sou uma princesa...

Se eu não estivesse tão ocupada tentando convencer um animal selvagem, pela força do pensamento, a não me matar, faria uma careta para ela.

- Quê? Você acha que esse bicho respeita hierarquias? Você perdeu completamente...

- Shhhh! - ela murmura, ainda se aproximando do veado, que, preciso admitir, não está se movendo e apenas a observa. - Há um motivo para que esse tipo de coisa aconteça em contos de fadas - Rosé continua, e posso ver um sorriso começar a se abrir em seu rosto. - O bicho claramente sabe que ele e eu somos conectados pelo amor que sentimos por esta terra.

- Essa é a coisa mais estúpida que eu já ouvi alguém dizer. E estou me sentindo mais estúpida por ter ouvido isso.

Rosé acena com a mão livre para mim. Seus óculos escuros estão no topo da cabeça, aqueles olhos cor de caramelo se estreitam enquanto ela se aproxima do veado.

- Mas está funcionando, não está?

Está, eu acho. O veado continua parado, parou de bufar e Rosé endireita um pouco a coluna.

- Pronto - ela diz, convencida.- Agora tudo que precisamos fazer é...

Sem aviso, o veado avança numa investida, e eu e Rosé gritamos e tropeçamos enquanto pulamos para trás. Ela se engancha nos meus braços, eu me agarro aos dela e os próximos segundos são um borrão enquanto caímos, sentindo o cheiro daquele animal enorme, e então o frio repentino quando mergulhamos no rio.

O frio é tão cortante que me tira o fôlego, e meu cérebro fica louco de desorientação e pânico entre pensamentos como veado gigante! Galhadas! E aimeudeustãofriotãofriotãomolhadoporqueporqueporque, e ESTOU ME AFOGANDO! Exceto que... não estou me afogando.

Eu coloco os pés no solo e percebo que a profundidade do local onde caímos na água vai até pouco acima dos meus joelhos. Mas meu corpo inteiro está molhado, incluindo o cabelo e, quando eu olho para o lado, Rosé está sentada na parte rasa da água, perto da ribanceira, com os joelhos encolhidos, os cabelos uma bagunça encharcada sobre o rosto e os óculos escuros pendurados meio tortos.

O veado não está à vista em parte alguma, e Rosé levanta a mão para tirar o cabelo molhado dos olhos, seu peito arfante enquanto ela varre a paisagem com o olhar. Então ela diz:

SUA A.L.T.E.Z.A. REAL  (Chaelisa)Onde histórias criam vida. Descubra agora