Capítulo 10.

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Estamos todas lá, na sala de estar, prestando atenção em Rosé, o que provavelmente é sua ideia de paraíso. Ela parece o tipo de garota que está sempre muito dedicada em ser o centro das atenções.

E eu fico ali esperando que o chão se abra sob meus pés ou que guardas entrem correndo para me prender por ter me atrevido a chamar a princesa por um apelido maldoso.

Mas então seus lábios se curvam naquele sorriso-de-gato-que-pegou-o-canário, Rosé olha para a dra. Se-ah e diz:

- Christopher me contou que haveria uma tradicional festa coreana no primeiro dia. - Ela levanta um ombro de modo indiferente e elegante. - Acho que não me sinto bem-vinda em lugares que não providenciam a ostentação apropriada.

E então ela pisca ela realmente pisca! Para uma professora! Não, não uma professora, uma diretora - e risos se espalham pela sala.

Dou um suspiro de alívio, apenas para sentir meus ombros se retesarem novamente quando Rosé volta seu olhar para mim. Ela pisca de novo, mas dessa vez não é fofo ou debochado.

Sacudindo a cabeça, a dra. Se-ah junta as mãos atrás das costas.

- Tentaremos fazer melhor no futuro, senhorita Park - ela diz. - Talvez alguém possa tocar o haegeum quando você estiver a caminho do banheiro pela manhã. - Mais risadinhas, e então ela atravessa a sala até uma pesada porta de madeira, abrindo-a e nos chamando a entrar.

- Senhorita Park?- pergunto a Jennie em voz baixa conforme caminhamos com o grupo de garotas. E não Sua Majestade?

- Isso seria para a rainha - Jennie responde sobre os ombros. - Rosé é uma SAR.

Quando eu apenas a encaro, ela explica:

- Sua Alteza Real. Mas, de qualquer maneira, isso não importa aqui. Sem títulos, essa é a regra. É por isso que sou senhorita Kim, em vez de lady Jennie - Eu quase tropeço em meus próprios pés, o que provavelmente causaria algum tipo de efeito dominó.

- Você é uma lady? - pergunto, e Jennie acena com a cabeça, tirando a franja pesada dos olhos. Meu pai é o duque, o que faz de mim uma lady, mas definitivamente não uma SAR - então ela abre um sorriso largo. - Ainda. Mas, enfim, Rosé é senhorita Park enquanto estiver aqui.

- Não que ela aparente ser uma. - Jisoo que estava calada até agora, difere essas palavras, e quase vejo Jennie soltar raios pelos olhos.

Talvez seja porque passei tanto tempo pensando sobre o que Cheongshim significaria para mim sem prestar muita atenção em como o colégio funcionava, ou talvez seja porque Cheongshim faz um bom trabalho minimizando o quão sofisticado realmente é, mas eu não tinha mesmo pensado em como seria estudar com alguém que possui um título de nobreza. Os membros da realeza são uma coisa, mas até as pessoas "normais" daqui são mais ricas do que eu acharia que fossem, e isso é...

"Estranho" nem começa a explicar. O que mais eu não sei? O quarto para o qual fomos levadas é muito menos confortável do que a sala de estar e uns dez graus mais frio. As paredes são de pedra, as janelas são mais grossas e, no centro do piso tem uma mesa redonda de carvalho de tamanho colossal. Os lustres pendurados no teto parecem feitos de... galhadas? Sim, definitivamente são galhadas, e mesmo que usem lâmpadas no lugar de velas, o efeito ainda é terrivelmente medieval.

- É aqui que somos consagradas como cavaleiras?pergunto a Jennie e ela ri de deboche enquanto nos sentamos lado a lado à mesa. Rosé senta-se com aquelas duas garotas na outra ponta da mesa e Jennie a olha de relance.

- Nossa, ela é abusada demais - Jennie murmura.

- Eu tinha esquecido como ela era.

- Você já conhecia a Roseanne? - pergunto, e ela balança a cabeça afirmativamente. - Círculos sociais similares e coisas assim. Mas ela nem sempre foi desse jeito. Na verdade, quando éramos pequenas, eu gostava muito dela, mas, quando ela fez treze anos, a arrogância tomou conta, francamente. Christopher sempre foi um desajustado. Ele foi banido de um quarteirão inteiro de Londres quando tinha só doze anos. É o que dizem por aí.

SUA A.L.T.E.Z.A. REAL  (Chaelisa)Onde histórias criam vida. Descubra agora