K. Seulgi
{...}
As noites têm sido diferentes, mas não tão estranhas. Eu venho me acostumando. Apesar de acordar de madrugada com JooHyun tendo aparentemente o mesmo pesadelo, eu prefiro assim. Posso acordá-la, acalmá-la, e voltamos a dormir. Hoje, escutei em claro e bom som o nome que Hyun sempre dizia enquanto suava dormindo: _________________. Improvável JooHyun querer falar sobre, mas tentarei.
Não sou do tipo de pessoa que se mexe muito ao dormir, Hyun também não é. No entanto, acordamos de jeitos inusitados. Às vezes de mãos dadas, às vezes com minha perna por cima da dela. Vai entender. Dessa vez, o rosto de JooHyun estava muito, muito próximo; seu braço envolvia minha barriga. Ela dormia com a boca entreaberta e era ainda mais linda de perto.
O despertador tocou. Admito, levei um susto; estava tão focada na bela adormecida. Ela sempre despertava assustada, pronta para fugir ou descer o cacete em alguém. Hoje, porém, não. Abriu as pálpebras devagar, revelando o castanho-escuro de suas orbes aos poucos. Coçou os olhos e, me observando, sorriu. Não se importou com nossa extrema aproximação. E se o pingo de juízo que me restava não tivesse me impedido, eu a beijaria.
Não. Nada vai acontecer.
Levanto para desligar o despertador e me aprontar para o trabalho. JooHyun desce para preparar nosso desjejum. Antes, eu tomava apenas café e comia o que quer que tivesse de resto na geladeira. Agora, JooHyun quase me obriga a comer direito.
一 Kimchi e suco de uva... 一 ela anuncia e coloca as tigelas e copos na mesa. Ela cozinha impressionantemente bem. 一 Sabe do que me dei conta ontem? 一 desvio o olhar da comida. 一 Que não checamos o documento que a moça do hospital me entregou. A carteira de motorista.
Depois de terminar na mesa, JooHyun buscou o documento de que falava. Ligou o notebook, entrou no site indicado no papel plastificado e digitou o número de identificação. Sem resultados. Conferiu número por número, e nada. Tentou a pesquisa por nome. Todas as Bae JooHyuns que apareceram nos resultados eram qualquer uma, exceto minha Hyun.
Ela parecia tristonha. Deslizei a mão por suas costas; ela relaxou um pouco.
一 Amanhã estou de folga, podemos ir ao cartório tentar achar sua certidão de nascimento. 一 ela assente.
一 E, Seulgi... essa noite eu tive um sonho diferente. Tirando o pesadelo de sempre. 一 ela coça a cabeça. 一 Não acho que é um sonho, na verdade. Provavelmente uma lembrança. Hm... Eu e você estávamos numa espécie de refeitório. Tinham várias outras pessoas comendo lá, todos conversando tranquilos. Você estava vestida com uma farda ou um uniforme militar... acho que eu também. Você parecia mais jovem... 一 apertou os olhos; minha reação natural foi me arrepiar por inteira. 一 Era tão real, Seulgi. Conversávamos sobre nossos cursos ou algo assim. Você fazia... 一 levantou a cabeça e coçou o queixo. 一 Ah! Enfermagem. Eu trabalhava num laboratório.
A chance de que realmente se tratam de memórias era enorme. Tudo e nada passavam pela minha cabeça agora. Okay, okay... racionalidade primeiro. JooHyun pode estar apenas me projetando nos próprios sonhos.
一 Quer conversar sobre o pesadelo? Pode ter algo a ver com o sonho de hoje. 一 ela deu uma longa respirada.
一 Certo... Eu estou caminhando do lado de uma mulher, de mãos dadas. O lugar é estranho, meio cinza e destruído. Um carro preto grande para na nossa frente. Dois homens saem dali, com fuzis, e nos param. Eles estavam fardados, pareciam soldados, mas era uma farda diferente. Um deles segura pelos braços a mulher do meu lado e põe ela de joelhos... O outro 一 ela abaixa a cabeça por alguns segundos. 一 Ele a fuzila. Explode a cabeça dela, Seulgi. Eu consigo sentir o cheiro do sangue... Fiquei paralisada. Lembro até da sensação de cair no chão e chorar. 一 seus olhos marejam-se. 一 Depois, eles me jogaram na caçamba do carro.
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Todos querem matar Bae Joohyun | SeulRene (Red Velvet)
Mystery / ThrillerEntre cuidar de pacientes aqui, monitorar outros acolá, Seulgi vive para nada além do trabalho. A médica sente-se bem assim. E quando uma de suas pacientes acorda de um curto coma com amnésia, ela resolve ajudá-la. Este seria apenas mais um caso ent...