OITO: dia de folga, notícias desconfortáveis e ciúmes

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K. Seulgi.


Eu realmente não lembro como voltei para casa ontem, mas cá estou eu: de pijamas, com a cabeça latejando e deitada enquanto o Sol já estava acordado lá fora. As aspirinas que JooHyun deixou no bidê me ajudaram a levantar e despertar melhor. E falando nela, tomava café, na mesa da cozinha, enquanto escrevia algo em meu antigo caderno da faculdade. Com as sobrancelhas cerradas e mordendo o lábio de baixo, ela mal percebe quando sentei no outro lado da mesa. Haviam um prato com pães, banana e uma xícara com café para mim. Começo a fazer o desjejum — o café de JooHyun é o melhor, diga-se de passagem.

一 Está melhor? 一 questionou, sem levantar a cabeça.

一 É... eu não lembro de ter bebido tanto. Mas dá para aguentar a ressaca. 一 sorriu fraco.

一 Eu... desculpa, não sei se deveria... 一 ela coçava a cabeça sempre que ficava envergonhada. 一 troquei sua roupa. O vestido parecia desconfortável. 一 minha boca sorriu mais do que deveria. Não posso conter. JooHyun fica uma graça com vergonha.

一 Tudo bem. Eu teria acordado toda dolorida. Obrigada, Hyun. 一 quando conectávamos o olhar, eu não tinha vontade de fazer mais nada, de observar mais ninguém que não fosse ela, com aquela aura tão hermética.

A Bae abaixou a cabeça e puxou o ar devagar. Parecia querer me dizer algo, enquanto ponderava mentalmente se deveria ou não.

一 Aconteceu algo? 一 estiquei o braço para tocarmos as mãos.

一 O sonho... Eu tentei prestar atenção em algo nessa noite. 一 olhou para cima e negou com a cabeça. 一 Pode ser só coisa da minha mente... uma projeção, talvez. Eu vejo, sem muitos detalhes, desde que acordei no hospital. Mas hoje eu fixei a visão e percebi... 一 respirou fundo mais uma vez. 一 O símbolo que estava no terno dos homens... havia esse símbolo na farda dos soldados do sonho, no braço deles. Tinham também algumas bandeiras por lá, bem grandes, com o mesmo símbolo. E a fisionomia dos homens que matam a moça do meu lado parece familiar. Não consegui prestar atenção nisso. 一 ela coça o braço, encolhendo os ombros.

Sempre que Hyun me revelava algo, do jeito sinuoso e hesitante dela, inúmeras coisas tentavam tomar forma em minha cabeça. Cenários, possibilidades, hipóteses plausíveis. Racionalização é o tipo de habilidade que pessoas como eu têm; eu, ao menos, tinha. Diria que seus pesadelos se originam em algum trauma que sofreu, e que os símbolos "apareceram" lá por conta do susto que levou no hospital. Uma projeção, uma falsa memória. Quem, de fora, ouvisse o que JooHyun diz concluiria: farsas, mentiras, delírios.

Em algum ponto, comecei a acreditar, a correr com ela. Em algum ponto, aquele absurdo se atracou em minhas costas e se tornou minha realidade.

E eu vou até o fim.

一 Vamos descobrir. Não precisa se preocupar... está comigo agora. 一 uma arritmia preencheu meu peito ao que Hyun ergueu a mão para acariciar meu rosto. Analisando com certa rapidez, conclui que seus dedos se encaixam perfeitamente à minha face.

一 Obrigada por tudo, Seulgi... Eu já teria feito uma besteira se não fosse por você. 一 seu olhar queimava sobre o meu. JooHyun tinha aquele magnetismo próprio, e era quase impossível não ser atraída para si.

一 Eu... eu vou visitar meus pais. 一 pus o máximo de esforço para não gaguejar. 一 Depois vou à casa de SeungWan. Acho que almoçarei fora, tudo bem?

Ela assentiu, neutralizando a expressão novamente.

No quarto, abro a bolsa que usei ontem e pego o celular. Mensagens de Wan, Sooyoung e Doyun enfeitam a tela.

Todos querem matar Bae Joohyun | SeulRene (Red Velvet)Onde histórias criam vida. Descubra agora