ONZE: como começam as guerras & bonsais

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K. Seulgi


É mais fácil tratar dores alheias quando se está igualmente machucada. Uma pessoa ferida abraça a outra para não só acolhê-la, mas também para curar a si mesma. Não aprendi isto nos enormes livros de medicina da faculdade, tampouco nas emergências do hospital; aprendi nos braços de Hyun.

Eu despejava todo o peso do meu corpo e dos meus problemas em cima de JooHyun, e ela cedia; cedia seu espaço pessoal para me abraçar; cedia carícias lentas em meu cabelo; relutava contra o sono para não me deixar sozinha e a mercê de demônios noturnos.

— Acho que não vou conseguir trabalhar amanhã. — confessei rente ao pescoço dela.

— Não pense em trabalho agora... nem no amanhã. De manhã resolvemos.

— Não sei nem se vou dormir essa noite. — a mera possibilidade de fechar os olhos e ouvir os gritos da mulher que atendi hoje cedo era o suficiente para noites de insônia.

— Eu fico acordada com você. — e deu um beijinho no topo do meu couro cabeludo.

— Até parece... Você é velha, não passa das 11 horas. — abafei o riso no peito dela.

Hyun beliscou minhas costas por debaixo do pijama. Não doeu, porém a mão permanecendo ali me arrepiou.

— Meça as palavras... eu posso ter sido uma pirata.

— 'Tá, você é velha, mas não precisa exagerar... deve ter menos de 500 anos, não?

— Não sei. Essa — pegou minha mão e a pôs sobre uma das cicatrizes no abdômen. — pode ser a prova de que uma sereia me capturou, e eu fugi.

— Sim, eu era a sereia!

— Pare de gracinha.

— Desculpa, Jack Sparrow.

— Continuando... Depois eu peguei a sereia e fiz um ensopado, que nem aquele que preparei semana passada para nós.

— Onde você conseguiu o tempero de pacotinho? No meio do oceano mesmo?

— Okay, minha teoria acaba aí.

JooHyun e eu gostávamos de fantasiar como era sua vida antes de nos conhecermos, e quase sempre falávamos baboseiras. Ela ria, eu também. A Bae dizia que sem ter um passado para recordar, poderia inventar um ou vários, e estes não a aprisionariam; mas não importava, pois olhar muito para trás causa torcicolo.

— Eu ainda acho que você era uma criminosa.

— Eu roubava corações? — o meu, certamente.

Entre imaginar JooHyun como uma fora da lei perigosíssima e discutir para quais experimentos macabros ela seria cobaia, eu levantei a cabeça de seu ombro, me apoiando nos cotovelos. Mesmo no escuro, nos olhamos — demais, isso nunca acaba bem.

Eu não sei que horas eram quando nos beijamos. As madrugadas serviam para aquilo. Com os lábios, JooHyun silenciou a gritaria em minha mente. E na dela.


{...}


— Quê?! — a escandalosa SeungWan exclamou, atraindo olhares tortos de pessoas em outras mesas da cafeteria. — Até que enfim, minha safadinha!

— Fale baixo, por Deus! — a vergonha me faz tampar o rosto; devo estar um tomate, pois as bochechas queimavam e formigavam.

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⏰ Última atualização: Mar 30 ⏰

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Todos querem matar Bae Joohyun | SeulRene (Red Velvet)Onde histórias criam vida. Descubra agora