K. Seulgi
É mais fácil tratar dores alheias quando se está igualmente machucada. Uma pessoa ferida abraça a outra para não só acolhê-la, mas também para curar a si mesma. Não aprendi isto nos enormes livros de medicina da faculdade, tampouco nas emergências do hospital; aprendi nos braços de Hyun.
Eu despejava todo o peso do meu corpo e dos meus problemas em cima de JooHyun, e ela cedia; cedia seu espaço pessoal para me abraçar; cedia carícias lentas em meu cabelo; relutava contra o sono para não me deixar sozinha e a mercê de demônios noturnos.
— Acho que não vou conseguir trabalhar amanhã. — confessei rente ao pescoço dela.
— Não pense em trabalho agora... nem no amanhã. De manhã resolvemos.
— Não sei nem se vou dormir essa noite. — a mera possibilidade de fechar os olhos e ouvir os gritos da mulher que atendi hoje cedo era o suficiente para noites de insônia.
— Eu fico acordada com você. — e deu um beijinho no topo do meu couro cabeludo.
— Até parece... Você é velha, não passa das 11 horas. — abafei o riso no peito dela.
Hyun beliscou minhas costas por debaixo do pijama. Não doeu, porém a mão permanecendo ali me arrepiou.
— Meça as palavras... eu posso ter sido uma pirata.
— 'Tá, você é velha, mas não precisa exagerar... deve ter menos de 500 anos, não?
— Não sei. Essa — pegou minha mão e a pôs sobre uma das cicatrizes no abdômen. — pode ser a prova de que uma sereia me capturou, e eu fugi.
— Sim, eu era a sereia!
— Pare de gracinha.
— Desculpa, Jack Sparrow.
— Continuando... Depois eu peguei a sereia e fiz um ensopado, que nem aquele que preparei semana passada para nós.
— Onde você conseguiu o tempero de pacotinho? No meio do oceano mesmo?
— Okay, minha teoria acaba aí.
JooHyun e eu gostávamos de fantasiar como era sua vida antes de nos conhecermos, e quase sempre falávamos baboseiras. Ela ria, eu também. A Bae dizia que sem ter um passado para recordar, poderia inventar um ou vários, e estes não a aprisionariam; mas não importava, pois olhar muito para trás causa torcicolo.
— Eu ainda acho que você era uma criminosa.
— Eu roubava corações? — o meu, certamente.
Entre imaginar JooHyun como uma fora da lei perigosíssima e discutir para quais experimentos macabros ela seria cobaia, eu levantei a cabeça de seu ombro, me apoiando nos cotovelos. Mesmo no escuro, nos olhamos — demais, isso nunca acaba bem.
Eu não sei que horas eram quando nos beijamos. As madrugadas serviam para aquilo. Com os lábios, JooHyun silenciou a gritaria em minha mente. E na dela.
{...}
— Quê?! — a escandalosa SeungWan exclamou, atraindo olhares tortos de pessoas em outras mesas da cafeteria. — Até que enfim, minha safadinha!
— Fale baixo, por Deus! — a vergonha me faz tampar o rosto; devo estar um tomate, pois as bochechas queimavam e formigavam.
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Todos querem matar Bae Joohyun | SeulRene (Red Velvet)
Misteri / ThrillerEntre cuidar de pacientes aqui, monitorar outros acolá, Seulgi vive para nada além do trabalho. A médica sente-se bem assim. E quando uma de suas pacientes acorda de um curto coma com amnésia, ela resolve ajudá-la. Este seria apenas mais um caso ent...