9. A Caçadora

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Há muitos anos, nasceu uma menina chamada Aurora, que vivia com seu pai, mercador, numa pequena vila chamada Neuve, no norte da França

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Há muitos anos, nasceu uma menina chamada Aurora, que vivia com seu pai, mercador, numa pequena vila chamada Neuve, no norte da França. Ela não gostava muito daquele lugar, pois a maioria das pessoas a desprezavam, eram rudes e se achavam uns melhores que os outros.

Ali só existia uma única pessoa que deixava Aurora feliz, seu nome era Manoel. Um rapaz muito bom e simpático. Os dois sempre andavam juntos pela floresta escura que rondeava a cidade á tarde, era o único ali em quem ela confiava. Mas tinha algo de errado naquele lugar pacato, quando começava a escurecer, as pessoas se recolhiam para dentro de suas casas rapidamente, pois acreditavam numa lenda antiga que dizia que um monstro horrendo frequentava as ruelas, e não importasse que estivesse no local, ele arrancava os olhos para que não o olhasse mais no rosto, e nem dava-se tempo de ouvir os gritos de desespero, sendo apenas um leve suspiro aos ventos. A cidade amanhecia sem corpos, pois o demônio os levava para dentro das matas.

Aurora não acreditava nessas histórias, e sempre saia a noite de casa, mesmo que proibida e escondida de seu pai. Um dia, ela decidiu se aventurar e fugiu numa noite de lua cheia, ao chegar na casa de Manoel, ela vê que não há ninguém, pois não atendiam as suas batidas na porta, então decide voltar, ficando preocupada por não ter encontrado seu amigo. Quando estava virando a rua de sua casa, a pequena menina avista seu pai derramado ao chão, sendo atacado com as garras enormes de uma criatura bizarra, cheia de feridas, com olhos escuros e sangue a escorrer de seu rosto. Ao levar o susto, Aurora acaba gritando muito alto, o que chama atenção da fera para a garota. Ela corre em direção contrária ao monstro, e consegue se esconder dentre carroças que estavam no local.

Ao amanhecer, as pessoas da vila começam a chama-la de assassina, pelo ocorrido, e Aurora, muito demasiada, não conseguia explicar a dor que sentia, se isolando completamente dentro de casa. Dias depois, Manoel soube do ocorrido e foi á sua casa para convencê-la de sair de lá e consolá-la.

_ Você tem que sair para se dessestresar, venha! - dizia Manoel

_ Eu não quero, ninguém me entenderá e só irão me julgar... - dizia Aurora chorando enquanto ficava deitada

_ Eu não irei te julgar, vou estar com você - Manoel falava enquanto se aproximava e pegava em sua mão

_ Eu prefiro ficar aqui em casa

_ Então ficarei aqui contigo e cuidarei bem de ti

Os dias foram se passando e os dois começaram a ficar mais próximos e apaixonados, ele ficava o dia inteiro na casa de Aurora, e quando estava próximo de anoitecer, voltava para sua casa. Após algumas semanas, a garota não conseguia dormir, tendo sempre crises e perturbada, ela pensa em ir até a casa de Manoel para se acalmar. Já estava quase amanhecendo e ao chegar lá, ela ouve um barulho nos fundos da casa de Manoel, e vai adentrando aos poucos, tentando não fazer um som que chame atenção, ao olhar, se depara com o monstro se transformando no Manoel.

Ela ficou paralisada, em choque por alguns segundos, e logo começou a escorrer uma lágrima de seu rosto. Não acreditava que em quem mais confiava, matou seu pai. Indignada, ela foge para casa. Manoel visitava Aurora, mas agora ela não atendia mais as suas batidas na porta, o tempo foi-se passando e Manoel se sentia sozinho sem a presença de sua amiga.

Num entardecer, alguém bate na porta de Manoel, ele abre e se encontra com Aurora carregando um equipamento nas mãos, da qual não sabia o que era exatamente.

_ O que é isso?! - perguntou Manoel assustado, caindo no chão

_ Você matou meu pai e diversas outras pessoas... Está na hora de você ir embora agora - exclamou Aurora com raiva e olhos aglutinados de lágrimas

_ É meu dever cumprir a tradição e seu pai desobedeceu a ordem de ficar em casa a noite, não tive escolha - disse Manoel com cara de deboche à Aurora

_ E eu também não tenho escolha

Nesse momento, Aurora dispara uma flecha, que atravessava o peito de Manoel até o outro lado de seu corpo, fincando-o ao chão, sem derramar um pingo de sangue, apenas tendo pequenas convulsões. Ela se aproxima e o olha no rosto. Bem baixinho, ele dizia "eu te amo".

Porém ela já não o amava na mesma intensidade e não poderia livra-lo dessa maldição que o transformara em monstro a noite. Aurora pegou uma faca e cortou sua cabeça, jogou no centro da cidade, e enquanto todos a observavam com bravura, ela citava que descobrira quem era a verdadeira fera, a cidade a aplaudia e a pequena garota ficara reconhecida como a grande caçadora de monstros, livrando a vila Neuve daquele ser horrendo.

- vikfrance_art

832 palavras

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