Don't Go! I Still Love You | H.S

X - All I Do Is Dream With You.

"Tudo o que faço, o dia inteiro, é sonhar com você
Tudo que faço, desde que te conheci, é sonhar com você
Então você poderia ficar comigo, deitar comigo
Falando sobre nada? Sim
Tudo o que faço, o dia inteiro, é sonhar com você"

Play: Dream Of You - Camila Cabello.

•°Harry Styles Point Of View°•

Eu podia estar delirando, ou apenas pensando em hipóteses com a mínima - ou máxima - chance de acontecerem, mas desde que deixei Marilyn em sua casa, nada tira o rosto de sua filha de minha mente. Não sou idiota, apesar de ter atitudes que dizem o contrário.

Giovanna parecia familiar, sua face tinha traços que não saiam de minha cabeça nem que eu tentasse, nem que por um minuto, não pensar nisso. Os lábios eram de Marilyn, mas o resto era tão diferente da loira que podiam fazer qualquer um questionar sua ligação com a pequena. Não era isso que eu estava fazendo, ia muito além.

Lembro vagamente de Gigi enquanto estava acordada, pelo pouco que sabia sobre, era muito inquieta, nas vezes que a vi, estava sempre procurando algo para fazer, não queria ficar em pé ao lado de Christopher enquanto dois adultos falavam sobre coisas que ela não entendia.
Seus olhos eram verdes, cabelo mais claro que o natural de Marilyn, longo, com alguns fios mais claros, era tudo que me lembrava.

Não conseguia tirar de minha mente a possibilidade daquela criança ser minha filha.

Foi isso, e a inquietação dentro de meu peito, que fazia meu coração bater mais rápido desde que deixei Marilyn naquele maldito quarto de hospital, que após levar Milena até nossa casa, dei a desculpa que teria que falar com Moretti por causa de minha saída repentina. A morena aceitou sem pestanejar, se despedindo de mim com beijos na bochecha e um aceno de mão.

Sai pelas ruas de Los Angeles, indo em direção até a estrada que me levaria até La Miranda, um município com poucos habitantes localizado há vinte e cinco minutos da cidade onde moro atualmente. Lá morava um amigo de longa data que, em minha cabeça, poderia me ajudar a achar qualquer pista a mais da garota. Ou talvez apenas escutaria minha confissão enquanto me estendesse um copo generoso de whisky e cigarro de produção duvidosa. De qualquer forma, as duas opções eram aceitas.

A chuva voltou a cair quando estava na metade do trajeto, a estrada era vazia, não se via um feche de luz além dos faróis de meu carro, que emitiam uma corrente amarelada pelo cinza molhado e derrapante da rodovia. Afroxo a gola da blusa social em meu pescoço, conseguindo sentir a sensação de respirar sem um aperto. Mas logo desaparece, porque não era a gola apertada que fazia esse sentimento.

La Miranda estava silenciosa, apenas a queda d'água era escutada, caindo por mim sem precedentes. Estacionei o carro na frente da casa de Daniel; o amigo citado. Enquanto apaga as luzes do carro, notei que sua casa estava em um completo breu, a escuridão tomava a rua, algumas casas tinham suas luzes acesas, mas a do mais novo se mantinha perdida no anoitecer. Não liguei.

Olho para trás vendo que o guarda-chuva, mesmo que ofereci a Marilyn, não estava no banco preto, nem no chão, em lugar algum. Franzi o cenho sem me lembrar onde tinha deixado a peça que me protegeria das gotas fortes, que faziam barulho estrondoso no capô do veículo, passo as mãos pelo banco, tateando apenas sua superfície lisa, sem nada para me ajudar. Antes de bufar irritado e tomar a decisão de me molhar, praguejei seja lá quem fosse que levou meu guarda-chuva para longe de mim.

Abri a porta, saindo em passos rápidos até a casa do outro lado da rua. Passo pela grade de ferro preto, sendo a única casa da rua com proteção mínima, e caminho pelos ladrilhos em pedra, que formavam um caminho entre o jardim esverdeado e cheio de flores que a mulher de Daniel insistia em cuidar como se fosse sua vida. A porta de madeira tinha lágrimas de água, que escorregam pelo seu verniz já danificado pelo tempo.