15. Posso ter sido infiel, "marido"

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Ele estava com as mãos imobilizadas. Então eu dei uma bofetada na cara dele, com toda minha força.
- Era isso? - ele riu, sarcasticamente.
- Não, tem mais uma coisinha.
Coloquei minha perna no meio da dele e lhe acertei o pênis com meu joelho, arrancando um gemido forte de Gael.
- Quer que encerremos o serviço, Alteza? - perguntou um dos seguranças.
- Levem ele para fora daqui... Por favor. - pedi.
Eu não me achei injusta por não lhe dar chance de defesa. Era como Andrew falou: eu era mais fraca do que ele fisicamente. E cada um jogava com as armas que tinha.
- Estou orgulhosa de você, Alexia. - minha irmã me abraçou.
- Estou orgulhosa de mim mesma. - sorri.
- Ainda assim ficou corada. - Andrew disse sorrindo, me puxando para perto do corpo dele e me abraçando.
- Como consegui ficar tanto tempo com este homem? - perguntei para mim mesma, em voz alta, completamente confusa.
- Da mesma forma que eu conseguia ficar tanto tempo longe de você, Ale.
Apertei-o contra meu corpo e senti suas mãos alisando meus cabelos, gentilmente. Sinceramente, aquilo parecia um sonho. Eu estava nos braços de Andrew Chevalier, com quem sonhei a minha vida inteira. Eu sentia o cheiro dele, seu perfume misturado ao suor da adrenalina liberada pela corrida. E aquilo era envolvente e inebriante.
- E meu beijo, Alteza? - perguntou Henry.
- Altezas, creio que seja hora de voltarmos ao castelo. - avisou o motorista vindo até nós. - Em breve estará amanhecendo. E podem vê-las saindo daqui. Podem ter problemas com o rei... E nós também.
- Tem razão. Vamos. - falou Pauline.
- E o meu beijo? - Henry perguntou parado, levantando as mãos, ansioso.
Pauline riu:
- Sonhe com ele hoje, Henry. Talvez eu lhe dê amanhã.
- Pauline, não acredito que sua irmã beijou Andrew antes. E ela tinha um namorado até algumas horas atrás. - ele reclamou.
- E o que o faz pensar que eu não tenho um namorado? - provocou ela enquanto andava na frente dele, ainda sorrindo.
- Porque você não pode ter um namorado. Somos casados desde que você tinha 16 anos. - ele alegou.
- Eu lamento informar que posso ter sido infiel, marido. - ela riu.
Ele foi atrás dela enquanto eu e Andrew caminhávamos lado a lado.
- Você ter perdido fez com que Gael ficasse livre da promessa que fez a Pauline. - ele falou.
- Não tenho certeza se ele conseguiria cumprir, Andrew. Passei um ano ao lado de uma pessoa que já nem reconheço. Isso é muito estranho. Eu nunca o amei... Mas eu gostava dele.
- E casaria com um homem que você simplesmente "gostava" se eu não tivesse aparecido?
- Eu creio que sim. - confessei.
- Acho que apareci na hora exata em Alpemburg. Imagina eu ter que roubá-la na igreja.
Eu ri:
- Você não presta, Andrew.
- Eu não estou brincando. Se eu recebesse um convite do seu casamento, viria impedir.
- Por que você faria isso?
- Porque você vai casar comigo, Ale. E sabe disto.
- Você é muito pretensioso, Andrew Chevalier.
- Por que falo a verdade? E sou sincero?
- Não... Porque acha que eu sou louca por você.
- E não é?
- Não. - menti, sorrindo.
Ele me empurrou com seu corpo, brincando. Começamos a rir. Olhei para ele e senti seus olhos nos meus. Andrew tinha um olhar perturbador, que fazia tudo mudar dentro de mim, fazendo-me sentir coisas que jamais senti antes na vida. Tudo nele era exatamente o que eu esperava.
- Posso lhe avisar uma coisa? - ele perguntou, parando antes de entrarmos no carro.
- Sim.
- Eu vou quebrar a cara do seu ex namorado.
- Não acredito que você está me dizendo isso, Andrew.
- Sim, eu sei que não precisava avisar.
- Ele pode me trazer problemas com meu pai.
- Estevan a obrigaria a ficar com ele? Eu duvido.
- Não, meu pai não me obrigaria. Mas ele também não quereria eu envolvida com você.
- E você quereria se envolver comigo, Ale?
Olhei-o sem saber o que dizer. Abaixei minha cabeça e entrei no carro. Os seguranças nos seguiram no carro de trás.
- Foi uma noite diferente. - disse Pauline. - Obrigada pelas emoções, Chevalier's.
- Emoção foi saber que Alexia também corre. - disse Henry. - Acho que está no nosso sangue.
- Não temos o mesmo sangue. - lembrou Andrew.
- Bem lembrado. - disse Henry. - Não consigo entender o motivo de nossos pais acharem somos todos parentes quando na verdade não há grau de parentesco entre nós.
- Talvez não queiram que a gente se envolva. - tentou Pauline.
- E por que não quereriam isso, se somos todos conhecidos? Por que, por exemplo, se Estevan gosta tanto do meu pai, não me quereria para genro? - perguntou Andrew.
- Nossa mãe não é tão contrária quanto nosso pai. - eu expliquei.
- Minha mãe não é contrária. - afirmou Andrew. - E meu pai só é contrário ao que eu fiz há oito anos atrás.
- Estamos falando como se fôssemos todos nos casar. - Pauline riu. - Que acha de ser rei, Henry Chevalier?
- Não sei se eu gostaria de ser rei em Alpemburg. Mas eu ficaria muito feliz em poder desposar a rainha. - ele piscou.
Deus, estávamos mesmo tendo aquela conversa? Parecia que estávamos decidindo nosso futuro ali, como se ambos fôssemos nos casar, sendo que nos conhecemos de verdade há alguns dias atrás. Enquanto eu amava Andrew desde que o conheci.
"Amava"? Eu mencionei amor? Era isso que eu sentia por Andrew Chevalier? Era possível amar uma pessoa a vida inteira, desde que encontrou-a pela primeira vez na vida, quando ainda era uma criança e nem sabia exatamente o que era aquele sentimento?
Chegamos ao castelo quando o dia já estava raiando. Assim que o motorista parou o carro, descemos. Eu estava subindo as escadas para acessar o castelo quando Andrew me puxou pela mão.
Pauline e Henry passaram por nós, e o motorista estava fechando o carro.
Andrew me encarou:
- Não posso dormir sem outro beijo.
- Andrew, tem câmeras em toda a garagem.
- E por qual motivo seu pai abriria as câmeras?
- Ele não abriria. Mas tem quem faça isso por ele, 24 horas por dia.
- Onde é o lugar que não há câmeras?
- Está falando sério?
- Estou. - ele alisou o dorso da minha mão com o polegar.
- Não há câmeras nos dormitórios... E no corredor dos dormitórios.
- Isso é perfeito.
- Não há câmeras porque há guardas nos corredores dos quartos.
- Porra! - ele praguejou. - Vou ter que roubá-la então?
- Não fale "porra". - repreendi.
- Por quê?
- Porque é um palavrão.
- Eu pensando em beijá-la e você me criticando por eu falar "porra"?
Comecei a rir:
- Não há como você me beijar dentro do castelo de Alpemburg, Andrew Chevalier.
Ele olhou para os lados e me empurrou até a parede, encostando seu corpo no meu e me deixando quase sem ar:
- Você não gostou do meu beijo, Ale? - falou com seus lábios quase juntos dos meus.
Senti meu coração bater enlouquecidamente. Eu não suportava a forma como eu reagia àquele homem e tudo que ele me fazia sentir. Sim, eu sabia que havia câmeras em todos os cantos e que alguém estava observando o tempo inteiro. E o que eu fiz, mesmo sabendo de tudo isso? Eu levei minha boca até ele e deixei-o se apossar dos meus lábios com sua luxúria e paixão. Senti sua língua invadir a minha boca ansiosamente enquanto suas mãos alcançaram minha cintura, que ele apertou levemente. Meus braços envolveram seu pescoço e me entreguei absolutamente naquele beijo perfeito.
- Seus loucos. - nos soltamos imediatamente ao ouvir Pauline. - Esqueceu das câmeras, Alexia? - perguntou ela com Henry aparecendo atrás dela.
- Eu... Não esqueci. - falei.
- Ela não esqueceu das câmeras. Inclusive me alertou sobre isso. Mas ao mesmo tempo não resistiu. - Andrew começou a rir enquanto alisava meu rosto avermelhado tanto pela vergonha quanto pelo desejo ardente que se apossou de mim com aquele beijo enlouquecedor e proibido.
- Idiota. - rebati.
- Você só sabe dizer idiota, fedelha? - ele debochou.
- Sim... Ela não dirá nenhum palavrão. É contra os princípios dela. - disse minha irmã ironicamente.
- E você diz, Pauline? Nunca ouvi. - desafiei-a.
- Nossa mãe diz todos os palavrões possíveis. - disse minha irmã. - Mas nunca nos deixou falar.
- Mães sendo mães. - Andrew riu. - Não é diferente com Katrina Lee. "Faça o que eu digo mas não faça o que eu faço."
- Mas, Alexia, eu não falo palavrões na presença dos outros. Mas eu penso neles o tempo inteiro. E falo quando estou sozinha, sim. Tipo, que porra você está fazendo beijando Andrew na frente de uma câmera?
Eles começaram a rir da forma gentil e delicada com que ela falou "porra". Foi fofo, na minha opinião.
- Bem, quer me dar meu prêmio agora, na frente da câmera? - Henry tentou.
- Não, nem pensar.
- Já que beijou, na frente das câmeras, fale um palavrão, Ale. - pediu Andrew.
- Não vou fazer isso, Andrew.
- Vamos, comece com um mais fraco. - Henry riu.
- O que seria um palavrão mais fraco, Henry? - perguntei curiosa.
- Porra. - ele riu.
- Vamos, diga "porra", Ale. - Andrew pegou minhas mãos, rindo.
- Não...
Dois empregados vieram até nós, surpreendendo-nos:
- Altezas, seus pais nos deixaram com a incumbência de ordenar suas idas aos seus devidos aposentos quando chegassem. Cada um de nós acompanhará uma dupla.
Os seguimos silenciosamente, subindo as escadas para o corredor que abrigava os quartos, onde nós íamos para o lado direito e os convidados para o lado esquerdo.
- Boa noite, Altezas. - ambos se curvaram depois que Andrew se despediu.
- Até amanhã. - falei.
- Foi um prazer a noite de hoje. - ele deu um beijo na minha mão, me fazendo enrubescer. Sorriu e piscou antes de virar e andar para o lado oposto ao meu.
Entrei no meu quarto com Pauline me seguindo. Assim que entrei e fechei a porta, ela me encarou e nos abraçamos, pulando feito loucas:
- Você beijou, Andrew. Eu não acredito, Alexia.
Joguei-me na cama, olhando para o teto e disse, quase para mim mesma:
- Eu não acredito que isso aconteceu. Você sabe quanto tempo eu sonhei com isso?
- Sim, eu sei. - ela riu.
- E você, não beijou Henry por que?
- Vou deixa-lo ficar com mais vontade. - ela se jogou ao meu lado. - Mas eu vou beijá-lo. Quero muito fazer isso.
- Pauline, eu não sei se consigo ficar longe de Andrew Chevalier novamente.
- Então não fique, Alexia. Case-se com ele.
Comecei a gargalhar e ela fez o mesmo.
- Vamos dormir, Pauline. Amanhã é um longo dia. Ou melhor, hoje.
- Você ficaria chateada se eu dissesse que a melhor parte da festa foi Andrew e Henry?
- Não.
- E você perder... - ela riu. - Jamais imaginei que você faria isso.
- Acho que todos puderam perceber que eu perdi porque quis. Porque eu teria vencido.
- Sim, ficou claro.
- Eu sou melhor que Andrew, Pauline. E ele venceu nosso pai. Então... Eu sou melhor que nosso pai também. Talvez eu tivesse ganhado o nacional, entende?
- Como eu queria você dando uma surra nestes homens todos... Inclusive no nosso pai. Você é melhor que todos eles, Alexia. Mesmo eu tendo assistido pouco suas corridas, eu sempre soube disto.
- Sinto sua falta nas pistas... Quando eu estou dentro do carro.
- Infelizmente nossas vidas tomam rumos muito diferentes às vezes, mesmo estando na mesma casa, não acha?
Alisei o rosto de minha irmã:
- Pauline, obrigada por me apoiar, mesmo não estando presente nos momentos de corrida.
- Eu não estou lá, mas nunca duvidei da sua capacidade. Enquanto você pilota com nosso pai à noite, eu me preparo para os chás com mulheres importantes e preparo discursos para os homens da corte, que não me aceitam. E fingem que gostam de mim.
- Você será a melhor rainha que Alpemburg já teve. Superará nosso pai. Porque esta é nossa função: sermos melhores que eles, não acha?
- Superar Estevan D'Auvergne Bretonne? Difícil.
- Acha que é fácil superá-lo nas pistas? Não é... Porque ele também é bom nisto. Mas eu ainda vou desafiá-lo em breve. - falei firmemente.
Conversamos tanto tempo e acabamos adormecendo, do jeito que estávamos, com roupa de festa, sem nos darmos conta que o sono nos venceu.

Acordo de Amor com um Chevalier (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora