18. Quer ser minha namorada?

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Ele rolou o corpo, saindo de cima de mim e deitando ao meu lado.
- Ficou bravo? – perguntei preocupada.
- Claro que não. – ele afirmou. – Mas eu não sei se consigo ir devagar com você.
Levantei minha cabeça e o encarei:
- Andrew, eu acho que eu gosto de você...
Ele começou a rir e tocou a ponto no meu nariz com seu dedo:
- Você é bem direta, fedelha.
Deitei minha cabeça novamente na terra, olhando para o céu e deixando o sol ofuscar meus olhos. Fechei-os, até sentir uma sombra. Os abri novamente e lá estava ele, com a cabeça escorada na própria mão, me observando:
- Você é linda. - ele disse, fazendo o contorno do meu rosto com seu dedo.
- Obrigada.
- Eu não “acho” que eu gosto de você, fedelha. Eu realmente gosto de você.
Senti o sangue subir às minhas bochechas e começamos a rir. Ele levantou de repente. Fiz o mesmo, preocupada:
- Ei, aonde você vai? – perguntei enquanto o via caminhar.
- Eu preciso ficar um pouco longe de você... Ou não vou aguentar. – ele disse passando as mãos na cabeça e parando na frente do lago.
- A água é gelada. – eu avisei. – Muito gelada.
Ele não deu importância ao que eu disse. Tirou o calçado, a meia, a camiseta e entrou no lago enquanto eu observava cada músculo perfeito do seu corpo. Pela primeira vez me imaginei tocando num homem. Só de pensar nas minhas mãos na pele dele, eu senti minha pele se arrepiar.
- Você não vem? – ele perguntou.
- Não... A água é muito gelada. E eu não trouxe roupa para trocar.
- Eu também não. – ele gritou levantando as mãos e andando para trás, a passos curtos, enquanto a água ia envolvendo seu corpo pouco a pouco.
Quando a água chegou à altura do seu pescoço, ele nadou. Enquanto sentei na beira, observando cada movimento dele.
Andrew saiu do lago, com a calça encharcada e o corpo perfeitamente molhado, com o sol reluzindo em cada gota de água sobre seu peito e sua barriga nua.
- Se eu ficar resfriado ou doente, a culpa é sua, fedelha. – ele falou enquanto sacudia os cabelos, tentando secá-los.
- Minha?
- Me fez entrar num lago quase congelante.
- Eu disse para você não entrar, Andrew.
- Se eu não entrasse, faria amor com você no chão, no meio da mata. Você quereria isso, Alexia? Ou melhor, você “quer” isso?
- Não... Aqui. – falei sinceramente.
- Então talvez eu tenha que entrar cada vez que você acender meu fogo. E isso pode significar muitos banhos gelados.
Eu comecei a rir:
- Você é idiota.
- Acho até que já me acostumei a ser um idiota... Com você e por você.
Ele foi até a cesta de piquenique e pegou a enorme toalha, abrindo-a e colocando a cesta em cima para que ela não voasse com o vento. Deitou-se sobre ela e perguntou, tapando o sol com sua mão:
- Se importa em comer onde deitei meu corpo molhado, fedelha?
- Não mesmo. – eu disse deitando ao lado dele, colocando minha mão contra o sol.
Andrew pegou minha mão, enlaçando nossos dedos. Viramos o rosto um para o outro e nos envolvemos num beijo calmo e cheio de amor. Quando nossas bocas se afastaram, com as mãos ainda enlaçadas, ele me perguntou:
- O que você mais quer fazer na sua vida, além de casar comigo?
Eu comecei a rir:
- Agora você lê meus pensamentos?
- Não... Mas eu leio seus olhos.
- Eles são tão claros assim quanto ao que eu quero?
- Como água cristalina. – ele esfregou a ponta do próprio nariz no meu, carinhosamente.
- Pois você se engana, “Andy”. O que eu mais quero é mostrar ao mundo que eu sou a melhor pilota de carros.
Ele riu:
- Você não pode mostrar isso... Porque eu sou o melhor.
- Você sabe que não é.
- Você estava na sua pista, com seu carro e à noite. Sabe que saiu em vantagem.
- Quer uma revanche, Andy?
- Quero. – ele virou-se, com o corpo quase sobre o meu.
- Ok, amanhã à noite eu ganharei de você outra vez. E para que não reclame, tem o dia inteiro para treinar na pista. E eu vou usar o meu carro novo, que ainda não conheço direito. Isso lhe dá vantagem sobre mim.
- Eu não quero vantagem sobre você. Só quero mostrar que sou melhor, minha princesa.
- Veremos na pista.
- Eu sei que você é boa, Ale. Muito boa. Acho que quando vi você pilotando ontem à noite eu passei a gostar ainda mais de você... Se é que isso seja possível.
- Hum, então qual o seu maior sonho, Andy... Além de se casar comigo? – perguntei rindo.
- Difícil escolher um dos dois... Refiro-me ao casamento e a ser piloto no mundial.
- Bem, é possível casar comigo e ainda assim ser piloto no mundial. – arrisquei.
- Acho que você pode ter razão, fedelha. Quando vamos nos casar?
- Quando você me pedir. – falei, sem ter certeza se estávamos brincando ou falando sério.
Ele retirou algumas folhas secas dos meus cabelos, provavelmente pegas na queda, quando chegamos ao lago.
- Como uma garota tão meiga consegue ser tão agressiva na pista? – ele perguntou.
- Acho que dentro do carro eu libero tudo que não consigo quando estou fora dele, na minha vida.
- Acho que você tem que pilotar sua vida, Ale. Não só o seu carro.
- Eu sei... Já tive algumas evoluções desde que você chegou, acredite.
- Como dispensar o inútil do seu namorado?
- Sim... Foi um grande passo.
- Vai contar ao seu pai?
- Eu não sei. Meu pai tem tantos problemas, entende? O tempo que tenho com ele, gosto de aproveitar e falar sobre coisas boas... E pilotar.
- Acha que consegue enfrentar Gael sozinha?
- Eu quero pelo menos tentar. Sei que pareço inofensiva, Andy. Mas eu não sou.
- Me chamando de Andy... Acho que estamos evoluindo, Chapeuzinho.
Enquanto eu falava, não conseguia desviar os olhos do peito dele, nu. Acho que Andrew percebeu, quando me perguntou:
- Ale, você quer me tocar?
- Não... – menti.
Ele pegou minha mão e levou ao seu abdômen. Apalpei o músculo enrijecido e levemente suado. Subi meus dedos levemente até seu peito, fazendo um círculo, lentamente, em torno de cada mamilo. Vi sua pele se arrepiar e comecei a rir debochadamente:
- Está com frio, Andy?
Ele levantou, sentando-se sobre meu corpo. Pegou meus pulsos e colocou-os para cima da cabeça, sem soltá-los:
- Isso nunca aconteceu comigo antes. E jamais senti o que sinto agora. – ele falou olhando nos meus olhos.
- Nem eu...
- Você me deixa em chamas e ao mesmo tempo faz minha pele se arrepiar. Consegue transformar minha segurança em insegurança, minha certeza em incerteza... Faz-me temer, pensar no futuro... E no passado.
Desvencilhei meus pulsos das mãos dele e toquei seu peito novamente, alisando com carinho. O que eu sentia por ele era tão intenso, tão forte, que me deixava sem palavras às vezes. E eu sabia que era correspondida. Era como se não pudéssemos descrever os sentimentos e o que causávamos um no outro.
- Quer ser minha namorada, Ale?
Olhei-o atentamente e respondi com certeza:
- Eu quero.
Ele levou os lábios até os meus e beijou-me
Jamais pensei que ele pudesse me perguntar aquilo. Mas era real. Tudo estava acontecendo de verdade. Não era um sonho, nem obra da minha mente romântica. Eu estava sendo pedida em namoro por Andrew Chevalier, oito anos depois do nosso casamento de mentira.
Ficamos ali, nos beijando e nos abraçando, sem falar muito, até sentirmos fome. Havia tantas coisas naquela cesta que poderíamos morar um tempo na mata que não passaríamos fome.
O sol acabou secando a calça de Andrew.
Continuamos ali, conversando sobre nossas vidas, sem nos desgrudarmos um minuto sequer, como se nos afastarmos significasse nunca mais nos vermos novamente.
- Bem, o sol secou minha calça. – ele disse levantando e pegando a camiseta.
Retirei da mão dele e falei:
- Nem pensar. Quero que fique assim.
- Chapeuzinho, você tem se mostrado bem diferente da menina tímida e amedrontada que encontrei na floresta.
- Não sei quando vou tocá-lo novamente. – me vi confessando.
- Quando você quiser... Sou só seu. – ele afirmou.
- E todas as outras mulheres com as quais você se envolve, Andrew?
- Ale, elas não significam nada para mim. Eu tenho 24 anos e nunca tive uma namorada séria, entende? Então, não me julgue pelo que vê por aí, por favor.
- Vou tentar.
- Você é a minha primeira namorada. E a única verdade na minha vida inteira.
- Por que eu?
- Eu não sei explicar. Mas sempre foi você... Desde que a vi pela primeira vez, correndo com seus cabelos vermelhos pelo castelo de Noriah, cheia da razão e chorando para brincar conosco.

Acordo de Amor com um Chevalier (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora