17. Quero ser sua Chapéuzinho

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O Parque Nacional de Alpemburg era gigantesco e rodeado de natureza. Nele também estava grande parte do maior lago do reino, que fazia a fronteira com outro país. Era uma reserva ambiental e um local pouco frequentado. Havíamos estado ali poucas vezes e em todas elas com nossos pais, quando eles queriam fugir de tudo por algumas horas.
- Estou com medo do que você está pensando em fazer comigo aqui, Ale. - Andrew disse olhando para o lado de dentro do parque.
- Você é um idiota. - falei dando um tapa leve no braço dele, que pegou minha mão, acariciando-a e em seguida dando um beijo demorado no dorso dela.
O olhar delicado que ele lançou sobre minha mão fez meu sangue ferver e tive a sensação que meu corpo começava a queimar por dentro. Puxei levemente minha mão daquele contato mais íntimo, ruborizando.
Ele passou os dedos levemente na minha bochecha e sorriu, balançando a cabeça, sem dizer nada. Foi então que me dei em conta de que Pauline e Henry já haviam entrado no parque.
Eu e Andrew seguimos rapidamente até alcançá-los. Eles pararam e Henry disse:
- Temos duas cestas de piquenique. Que tal nos separarmos, casal dois?
- Ótima ideia. - disse Andrew pegando uma das cestas.
- O que você acha disso, Pauline? - perguntei preocupada.
- Eu acho que está tudo certo. Quero ficar sozinha com Henry. Caso Andrew tente pegá-la à força, grite bem alto. - ironizou.
- Eu não faria isso. - Andrew falou seriamente.
- Foi uma brincadeira, Andrew. - ela tratou de explicar-se.
Ele me olhou atentamente e disse:
- Tudo bem se não se sentir a vontade para ficar sozinha comigo, Ale. Não quero que fique ao meu lado forçada.
Não! Me senti péssima por ele pensar aquilo de mim. E se era o que eu estava dando a entender, precisava explicar que estava longe de ser o que eu sentia.
- Eu quero ficar sozinha com você, Andrew. - falei olhando nos olhos dele, firmemente.
Ele riu:
- Não sou o lobo mau.
- Mas eu quero ser sua Chapeuzinho. - falei segura, sem me importar com nada.
- Alexia, isso foi pior que um palavrão. - Pauline gargalhou.
- Bem, acho que estamos liberados, Pauline. - Henry pegou-a pela mão. - Não a coma na mata, lobo. - ironizou saindo.
Andrew virou-se para mim e disse:
- Pode me mostrar como chegar na casa da vovó, Chapeuzinho?
Comecei a rir. Ele estendeu a mão na minha direção. Olhei para a mão dele esperando pela minha e senti um frio na barriga. O céu azul e um lindo sol nos brindavam naquela manhã agradável. Eu tinha exatamente sete horas sozinha ao lado do homem que eu amei por toda a minha vida. Então entreguei minha mão sem medo. Enlaçamos nossos dedos, que ele trouxe até próximo da altura dos seus olhos, admirando:
- Eu gosto disso. - se referiu às nossas mãos.
- Eu também. - confessei sorrindo.
- Se continuar corando deste jeito, vou achar que você realmente é a Chapeuzinho Vermelho.
- Devo ter medo do lobo? - o encarei no fundo dos olhos.
Ele deu outro beijo no dorso da minha mão e respondeu:
- Sempre, cara Chapeuzinho. Este lobo está há uns bons anos atrás de você.
Balancei minha cabeça e disse:
- Vamos andando, Andrew. O lugar que estamos é o que mais pode ter pessoas.
- Não estou vendo ninguém aqui. - ele observou.
- Logo aparece alguém. - avisei.
Segui na frente, no caminho de terra com pequenas pedras arredondadas, no meio das árvores. Não era uma trilha, mas dava acesso à elas. Chegar ao lago demandava algum tempo. Mas eu não me preocupava.
- Não está pesada a cesta? - perguntei. - Quer que eu leve um pouco?
- Acha que não consigo levar uma cesta de piquenique? - ele me olhou.
- Acho que consegue. - falei observando os braços dele de fora. - Você ganhou alguns músculos.
- Não viu nada. Meu foco é o abdômen. Posso lhe mostrar, se quiser. - ironizou, com os olhos fixos nos meus.
- Não, obrigada. - falei sem ter muita certeza.
Ele balançou nossas mãos no alto e disse:
- Se mudar de ideia, é só avisar. Deixo você tocar também.
- Convencido... E pretencioso.
- Linda... E perfeita... Como eu sempre imaginei que seria.
Parei e o olhei. Eu não tinha certeza se resistiria muito tempo.
- Já quer me beijar agora? - ele sorriu. - Ainda reclama de mim... Não consegue ficar longe da minha boca um minuto. Sei que sonhou com nosso beijo.
- Seu...
Enquanto eu pensava no que dizer, completamente desnorteada, ele me puxou com a mão que já estava enlaçada a ele e fez nossos corpos se tocarem. Como eu não esperava o puxão, fui bruscamente de encontro a ele. Senti seu cheiro e um frio tomando conta do meu estômago. Fechei meus olhos e respirei fundo, sentindo a boca dele chegar perto de mim.
- Não, Andrew... - o empurrei levemente. - Não aqui, por favor. Alguém pode ver.
- Você quer me matar, Ale? É isso?
- Juro que não... Só precisamos encontrar um lugar seguro.
Puxei-o pela mão rapidamente. Eu não conhecia muito bem o parque, mas sabia que ninguém usava as trilhas. Geralmente o local era mais utilizado no verão, quando as pessoas usavam o lago para banhar-se e refrescar-se. A primavera era uma época onde o movimento era escasso, principalmente no domingo.
Fomos até o final da estrada e me embrenhei com ele na primeira trilha que encontrei. O caminho ficava estreito e além de árvores, era considerado um local de preservação ambiental pela mata nativa expressiva. Eu sabia que a maioria das trilhas terminava no lago. Algumas eram mais longas, outras menos. Assim como o grau de dificuldade era diferente em cada trajeto. Haviam placas explicativas, que eu não fui capaz de olhar antes de entrar numa delas.
- Me diga que sabe exatamente para onde está me levando. - ele perguntou sem soltar minha mão, andando atrás de mim.
- Eu não tenho ideia de onde estamos indo, Andrew. - confessei.
- Acho que você é o lobo neste lugar, Ale. A propósito, já disse que odeio mato?
- Não... - eu comecei a rir, vendo-o amedrontado com o caminho que escolhi. - Me desculpe, Andrew. Eu não sabia que você não curtia este tipo de passeio.
- Mas o que eu não faço por você, não é mesmo?
- Do que você gosta, Andrew?
- Além de pilotar?
- Que lugares você gosta de ir?
- Eu gosto da praia. Há belas praias em Noriah.
- Alpemburg não tem praias. Mas já fui algumas vezes com meus pais para praias fora daqui.
- Vou levá-la para conhecer a praia quando for a Noriah.
- Eu não sei nadar.
- Sabe pilotar um carro de corrida e não sabe nadar?
- Não.
- Nunca quis fazer aulas de natação?
- Não. Tenho certo pavor de águas profundas... Onde não sinto meus pés no chão, entende?
- Algum trauma?
- Não... Simplesmente insegurança... E medo.
- Posso ensiná-la a nadar.
Eu sorri e virei para trás enquanto ele me seguia, ainda de mãos dadas comigo:
- Posso tentar aprender... Se você quiser me ensinar.
- Eu quero.
- E do que tem medo, Andrew?
- Meu maior medo é perder meus pais... Ou decepcioná-los.
- Isso é fofo. - eu disse, não me contendo.
- Não é fofo... É realmente um pavor que eu tenho só de pensar.
- Você tem uma forte ligação com eles? Mais com sua mãe ou seu pai?
- Os dois... Minha mãe me ouve... E sempre tem as palavras certas para me dizer. Meu pai me ensinou a correr com ele. E dali surgiu meu gosto pelas corridas de automóveis. Mas ele corre com as pernas... Não com os carros. - ele riu.
- Ele não se importa de você pilotar?
- Não. Mas tinha outros planos para mim. Creio que todos os pais tem planos para os seus filhos antes mesmo de eles nascerem.
- Sim, eu também acho isso. Meu pai tem orgulho de mim pilotando... Mas ele não quer que eu conte para ninguém.
- Por qual motivo?
- Ele diz que é para me proteger, pois competições de carros não é um lugar que aceita facilmente mulheres. Mas acho que ele quer mais é proteger a si mesmo, entende? Ele tem orgulho de Alexia, a melhor piloto. Mas ele não gostaria que a princesa de Alpemburg dirigisse carros de corrida.
- Ale, você não acha uma puta coincidência nós amarmos pilotar?
- Sim.
- Então diga: "acho uma puta coincidência".
Comecei a rir:
- Não vou falar o palavrão, Andrew.
- Vamos, fale.
- Nem pensar.
Logo saímos da trilha e vimos ao longe o lago. Me senti feliz quando avistei as águas brilhantes e cristalinas e comecei a andar mais rápido.
-Ei, Ale, estou com uma cesta cheia.
- Pelo que sei você é bom em corridas com as pernas também. - ironizei.
Ele largou a cesta e falou:
- Ok, se quer apostar, vamos lá.
Não esperei e saí correndo, pois sabia que ele tinha uma grande vantagem sobre mim.
O caminho até o lago era mato, porém menos denso, com areia grossa nos entremeios. Eu estava de tênis, por isso corria bem e seguramente. Mas quando a areia começou a dificultar meus passos, me desequilibrei e antes que caísse completamente, ele tentou me segurar. Mas não conseguiu, pois vinha muito rápido. Então caímos ambos no chão, ele sobre mim.
- Você se machucou? - ele perguntou enquanto eu não conseguia parar de rir.
- Não... E você?
- Não... - ele disse me encarando.
Senti o coração dele batendo tão forte quanto o meu. Quando ele veio com o rosto na minha direção, virei minha cabeça e arranquei uma pequena flor, daquelas amarelas que nascem no chão, selvagem, persistente, que ninguém plantou... Ainda assim ela está ali, pronta para ser pega.
Entreguei para ele, que a olhou e disse:
- Eu ainda guardo a flor.
- Assim como eu guardei a aliança. - eu falei, olhando no fundo dos olhos cor de avelã dele.
Ele trouxe os lábios lentamente até os meus, que aceitei, fechando meus olhos e envolvendo o corpo dele com força sobre mim. Andrew foi meu primeiro beijo. Depois dele, eu beijei Gael. E agora beijava Andrew novamente. Então minha experiência em beijar não era das melhores, porque teoricamente eu só beijei Gael de língua. E era completamente diferente da forma como Andrew beijava. Ele envolvia meus lábios sofregamente. Havia sentimento naquele beijo, paixão... E mexia comigo completamente. Nunca Gael fez meu sangue ferver ou minha calcinha molhar durante um beijo. E era assim que eu me sentia com Andrew. Então deixei a vergonha de lado e alisei as costas dele, descendo até suas nádegas endurecidas, que apertei.
Ele parou o beijo e me deu um sorriso travesso, mal sabendo que aquilo era capaz até de me matar:
- Chapeuzinho, Chapeuzinho... Você está me deixando confuso.
Eu simplesmente sorri, sem retirar minhas mãos.
- E nem ficou ruborizada? Estamos evoluindo.
Ele beijou meu queixo, dando uma leve mordida em seguida. Passei minhas mãos em torno do pescoço dele e disse:
- Eu gostaria que este momento não acabasse nunca. - me vi confessando.
- Podemos ficar aqui o tempo que você quiser... Até para sempre.
Levantei minha cabeça e dei outro beijo nele, leve, sentindo seus lábios doces. Ele me beijou novamente, com ardor e sua mão desceu lentamente pela lateral, tocando levemente meus seios, descendo pela minha cintura e parando nas minhas coxas. Eu não sabia se me dedicava ao beijo ou mandava ele parar, visto que eu estava completamente ofegante e sentindo meu corpo arder. Sua mão deslizou para a parte interna da coxa. Eu sentia sua mão quente sob a minha calça grossa.
Os lábios de Andrew desceram pelo meu pescoço, onde ele depositou beijos quentes e demorados. Conforme ele foi subindo a mão sobre a minha coxa internamente, eu a segurei:
- Devagar, Andrew. - falei num fio de voz, sem ter certeza se era isso que eu queria.

Acordo de Amor com um Chevalier (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora