"A morte não é nada pequena. Se você acha isso, é porque nunca a viu."
"Palavras em azul profundo"Sorvete de baunilha sempre foi meu preferido desde que eu era criança, mais o sabor mudou. Estou sentada em um café, que tem sorvete! Pensei que não serviam sorvete mais então vi acima do balcão o nome sorvetes e os sabores.
Estou com meus dois livros recém comprados e um sorvete de baunilha com chocolate. Sozinha.
Começo a ler Heart Bones mais depois de algumas páginas paro, a mãe dela morreu, oque eventualmente me trás lembranças, diferente da mãe dela a minha mãe era amorosa. Ela não fumava nem bebia, ela era carinhosa e cuidadosa.
Minha mãe não tinha um quadro da Madre Teresa na parede, ela tinha um quadro de flores vibrantes na parede. Minha mãe era o sentido de felicidade pra mim, ela era as cores, quando ela morreu, as cores morreram, vejo tudo em preto e branco!
Sinto um nó no estômago e o sorvete de baunilha já não é meu favorito, esse era o sorvete que pedíamos sempre que íamos a sorveteria.
- Sobre o que esse livro fala? - ela me perguntava todas as sextas.
Era uma tradição nossa irmos todas as sextas na sorveteria e falar sobre os livros que lemos ou estamos lendo na semana. Hoje não é sexta.
Tento não pensar tanto nela, ou pelo menos pensar que ela está em um lugar bom, porque é pra onde pessoas como ela vão. Elas vão para o paraíso! Eu não acredito no paraíso mais preciso me agarrar a chance de que ela está num lugar melhor de que esse.
Olho pros lados e vejo um casal tomando um daqueles sorvete com dois canudos para os dois. Lembro de Austin e eu, tomando sorvete e não nos preocupando com nada, porque naquele momento só existiam nos dois. A morte eventualmente não estava ali, mais estava presente em nossas vidas!
Austin era o paraíso, ele me fazia esquecer as coisas a nossa volta, toda a merda na nossa vida e com ele eu era feliz. Ele me levava na praia e tinha orgulho de falar que eu era sua namorada. Ele gostava de como meus olhos azuis refletiam o mar, ele dizia que eu era o seu mar, e ele era minha areia, sempre estaria ali para quando eu voltar, porque maré sempre volta! Mais nós conhecemos na hora errada.
Pensei que a dor diminuísse com o passar do tempo, mais não, ela fica aqui escondida esperando a melhor hora para se revelar. Algumas pessoas conseguem expressar a dor com cartas, desenhos e outras coisas, mais eu tambem tenho meu próprio jeito de expressar a minha dor. Todas elas estão marcadas para sempre em minha pele como tatuagens com significados que muitas pessoas as vezes não entendem!
Eu sentia que não me encaixava ali, tudo parecia fora do lugar, eu estava fora do lugar. Fico repassando as últimas palavras de Austin na minha cabeça.
Acabou!
Vai ser melhor assim.
Não foi melhor assim, eu queria que ele tivesse ficado, que não tivesse desistido de nós, mais naquele dia até eu mesma desisti de mim. As vezes ainda me sentia como se estivesse a mercê de novo, a água gelada, o sal e até a dor que parecia reaparecer as vezes, cada vez mais forte.
***
O sol quente de domingo esquentava minha pele, o vento balançava meus cabelos enquanto eu via as palmeiras passar cada vez mais rápido conforme a velocidade do jipe aumentava.
Austin prometera me levar a praia, talvez me ensinar a surfar - oque não era uma opção para mim. Uma de suas mãos permanecia ao volante enquanto a outra fazia pequenos círculos na minha perna exposta.
Esses momentos entre nós eram tão especiais para mim, os guardaria para sempre em minha memória.
- sabe, estava pensando e... queria te levar em um lugar especial hoje. Se você quiser é claro! - Austin deu aquele sorriso que mostrava uma das covinhas.
- ninguém vai reclamar se eu chegar em casa um pouco mais tarde. - dei um sorriso fraco.
Era verdade. Meu pai bêbado não se preocupava com quem ou onde a filha estava, tentei conversar com ele, fazer com que parasse de beber... não pareceu suficiente! Eu poderia ficar fora de casa por dias, ele não iria perceber.
- lamento Amy, pelo seu pai. Mais isso não é culpa sua, ele precisa ser forte pra superar isso, e vou ficar com você até depois disso acontecer.
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It Was Never Destiny
Romance"Como um coração estilhaçado pode bater tão forte por alguém que mal conheço?" "Ficamos ali, um olhando um pro outro esperando o elevador se abrir novamente, e tudo parece parar, o olhar dele parece ver através da minha roupa e pele, como se ele pud...