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Jota acorda de repente assustado e percebe que está deitado em uma cama de um quarto desconhecido e sozinho. Está usando somente sua calça de militar e um curativo está muito bem feito em seu ombro. Tenta sentar-se na cama, mas a dor o faz permanecer deitado.

De repente, uma jovem morena aparece entre as cortinas de madeira que dão lugar a porta, sorri para ele ao vê-lo acordado.

— Olá, bom dia... Como está? — Pergunta gentilmente enquanto se aproxima.

— Estou bem. Onde estou?

— Na minha casa. — Sorri mais uma vez. — Meu pai te encontrou em baixo de uma árvore desacordado e te trouxe para casa. Pai, ele acordou! — Ela grita.

Segundos depois, ele entra no quarto. Imediatamente, Jota reconhece a tatuagem do braço, mesmo ele usando uma camisa de manga curta, o pai da moça é justamente o homem que poupou sua vida no galpão.

— Bom dia, que bom que está bem.

O rapaz não responde, apenas o observa atentamente, surpreso.

— Minha filha é enfermeira e conseguiu tirar a bala do seu ombro. — O homem continua.

Jota olha para a moça e ela aparentemente já o observava o tempo todo, mesmo assim, ele não consegue dizer nada, pois está demasiado assustado.

— Está tudo bem, moço? — Pergunta a garota.

— Sim, sim, é que... Reconheci seu pai, foi ele quem atirou em mim.

A garota fica sem graça e olha para o pai.

— Como você me reconheceu? Eu estava usando um capuz.

Jota responde apontando para o braço dele.

— Na verdade, eu me arrependo de ter feito isso com você, inclusive te peço perdão.

— Perdão? — O rapaz estranha.

— Sim. — O homem pega o banquinho que estava próximo a cama e senta-se. — Aqueles terroristas invadiram nossa casa e nos obrigaram a juntar-se a eles ou então matariam toda nossa família. Então eu resolvi me juntar a eles.

— Nossa, eu lamento muito. — Jota tenta-se sentar novamente.

— Tente permanecer deitado. — Diz a filha aos pés da cama. — Será melhor para você.

— Bom, se alguém descobrir que deixei você vivo e ainda te trouxe para casa, matarão todos nós, portanto, já pedi para a minha outra filha procurar o número do quartel e pedir para eles virem te buscar.

O homem se levanta e sai do quarto, aparentemente incomodado com a conversa, sua filha imediatamente senta-se no lugar dele, empolgada.

— Então, qual é o seu nome?

— Jotanael.

— Prazer, meu nome é Tatiana, mas pode me chamar de Tati.

Ele sorri a acena com a cabeça.

— Obrigado por cuidar do meu ferimento, Tati.

— Por nada. — Diz observando todo o tórax nu do rapaz, deixando-o desconfortável, pois ela sequer disfarça. — De onde você é?

— Sou do estado de São Paulo.

— Nossa, é longe né?

— Bastante longe.

— Tati, — Outra moça ainda mais jovem entra no quarto olhando para Jota — consegui ligar para o quartel, eles estão vindo buscá-lo.

— Ai que legal! — Ela comemora.

Entre sapatilhas e coturnosOnde histórias criam vida. Descubra agora