Ao mesmo tempo que sua perna direita treme sozinha, Lunna bate seus dedos ansiosos na mala de mão que jaz em seu colo. Um avião acaba de chegar e estaciona bem em frente onde está sentada, ela sabe que não é nesse que Jota irá chegar, mesmo assim, passa a observá-lo pelo vidro escuro pensando como algo tão grande consegue voar.
O aeroporto está bastante movimentado, pois é final de ano e as pessoas querem viajar. Sente seu coração bater forte quando vê um rapaz vestindo roupas de exército se aproximar portando uma mala de rodinhas, porém sabe que ele abandonou o exército e descarta a possibilidade.
— Calma Lunna, você está muito nervosa! — Diz Thomas, segurando seu filho no colo junto de sua esposa.
— Deu para perceber?
— Lógico, todo mundo percebeu.
— É que eu esperei tanto por esse momento...
— Filha, eu acho que é aquele rapaz lá, olha. — A mãe agora aponta, fazendo-a olhar rapidamente e o vê totalmente perdido caminhando devagar e observando ao redor, Lunna não pensa duas vezes e corre em direção a ele, que só foi percebê-la quando já estava prestes a ganhar um abraço e quase é derrubado pelo impulso.
— Até que enfim! — Ela ri enquanto é levantada brevemente por ele, sua alegria o contagia. Jota a coloca no chão novamente e leva as duas mãos até os cabelos cheios de cachos para acariciá-la enquanto observa todo o rosto dela. A garota esperou tanto para vê-lo que não perde tempo e encontra seus lábios algumas vezes, num beijo ardente, enquanto o abraça por cima dos ombros.
— Será que agora finalmente podemos ficar juntos? — Ela pausa o beijo.
— É tudo o que mais quero. — Ele sorri, cheio de ternura.
Neste momento, a família dela se aproxima e cumprimenta Jota, depois todos resolvem almoçar juntos e fazer uma despedida, pois o voo para Brasil será pela parte da tarde às 15 horas.
Mesmo preferindo que ela fique, a família respeita a decisão de Lunna de ir embora, e como mãe e filha são mais apegadas, os choros e abraços entre elas foram mais intensos.
Feliz pensando na nova vida a partir de agora, o casal senta na poltrona do avião. Jota pega a mão de Lunna, aperta e leva até sua boca para beijá-la carinhosamente sem deixar de fitar o rosto dela. Ela encosta a cabeça no ombro dele para esperar ansiosamente o avião decolar e Jota encontra suas cabeças ao mesmo tempo que aproxima seus rostos, pedindo um beijo. Quando ela percebe, ergue a cabeça e o inicia, ainda ganha um carinho entre os cabelos. Nunca houve um beijo tão cheio de amor como esse entre o casal. Em uma pausa, Ela faz um carinho no rosto dele e repara o quanto a pele é macia, e pergunta:
— Quero compensar todo o tempo que ficamos separados. O que você sugere?
Ele faz uma pequena careta para refletir brevemente.
—Hm, que tal se nos amarmos muito? Intensamente. — Sorri em seguida, gostando do carinho dela, enquanto a envolve em seus braços.
— Perfeito! — Responde satisfeita e deposita mais beijos seguidos nos lábios dele — Ah, quero te mostrar uma coisinha...
— Pela sua carinha é coisa boa.
Ela poe a mão por dentro da gola da blusa e puxa o colar que ganhou dele anos atrás.
— Nossa, você ainda tem isso? — Ele fica boquiaberto.
— Claro que eu tenho! — Ela puxa o pingente pra lá e pra cá.
— Mas você não foi casada? Seu marido nunca descobriu?
— Nunca, eu sempre guardei muito bem. Quero dizer, escondi. — Ela ri, fazendo-o abrir um sorriso.
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Entre sapatilhas e coturnos
RomanceMelhores amigos de infância que descobrem o amor na juventude e levam para o resto da vida. A paixão pela dança os unem e a guerra os separam. Porém, vários empecilhos fazem com que não consigam desfrutar desse amor e quando menos esperam, o destino...