Capítulo 1 - Oi! Eu sou o Julian

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Olá pessoal! Primeiramente gostaria de me apresentar. Meu nome é Julian e trabalho com computação e mesmo sendo da área de exatas sempre quis ter a oportunidade de contar a minha história.

Comecei a trabalhar cedo em um trabalho bem simples, mas honrado, e isso me ajudou a pagar pelo curso de informática e iniciar a faculdade na mesma área. Isso foi crucial para minha carreira pois logo consegui meu primeiro emprego no setor em que almejava em uma pequena empresa. Com isso pude alugar meu próprio apartamento, que era tão pequeno que era praticamente um quarto com um banheiro, mas era o suficiente para mim. Essa autonomia e liberdade me deixava muito satisfeito.

Minha aparência naquela época era bem esguia e pálida, meus cabelos eram negros e longos, e por causa disso meus pais diziam que eu era muito rebelde [risos]. No colégio sempre me consideraram um nerd, primeiro porque sou descendente de asiático, segundo porque tirava notas boas e terceiro porque não era muito bom nos esportes... isso era o suficiente para me rotularem erroneamente como tal... muitos não viam o esforço que fazia para tirar boas notas (decorrente da constante cobrança dos meus pais) e o esforço que fazia para ir bem nas aulas de educação física... muitas vezes me sentia fora do grupo e era chamado de toda forma pejorativa por causa dos meus cabelos longos... sempre havia algum colega que ficava tirando sarro de mim. "Águas passadas não movem moinho! Não é mesmo?" é o que minha mãe sempre me dizia.

Bom, retornando ao assunto do meu primeiro emprego na área da computação. Antes de consegui-lo, tentei por várias semanas enviar currículos nas empresas e cheguei até a ser chamado para algumas entrevistas, porém sempre me rejeitavam e alegavam a minha falta de experiência sólida na área. Até que uma empresa bem pequena que atuava no setor imobiliário me chamou para a entrevista, ela estava procurando por alguém que a ajudasse com as questões de informática e com o website.

A entrevista para a vaga foi um tanto engraçada. Um fato marcante para mim foi que a Maria, dona da empresa, pensou que eu era uma mulher por me chamar Julian e isso foi um dos pontos principais para ela decidir marcar entrevista comigo. Até àquela altura ela tentava só contratar mulheres, pois ela tinha um certo receio, que sinceramente, até hoje não a compreendo na totalidade.

No decorrer da entrevista ela estava me tratando como uma mulher pois ela supôs que eu era uma garota "nerd" e por isso andava com aquelas roupas "simples". Quando digo simples, não se engane, eu estava com uma roupa apropriada para a entrevista, mas para o conceito dela eu estava vestindo algo muitos simples para uma garota: calça jeans preta lisa sem detalhes, sapatênis, camisa de manga curta e uma blusa, pois estava bem frio naquele inverno. Estava com meus cabelos soltos, mas bem arrumados e, como já não tenho tanta barba, foi bem simples deixar meu rosto limpo para causar uma boa impressão, pois sabia que muitos entrevistadores consideravam muito a aparência... isso ocorre até nos dias de hoje.

Outro fato bizarro é que quando eu cheguei no local até a recepcionista me confundiu com uma garota, pois ela não estava esperando um homem fazer entrevistas naquela empresa. Quando entrei pela porta principal ela cordialmente me deu um bom dia e pediu para eu me sentar e aguardar. Passados uns 30 minutos ela falou: "Senhorita Julian por favor pode entrar, a Senhora Maria está lhe aguardando". Naquele momento pensei comigo: "Ouvi ela me chamar de senhorita?", dei de "ombros" e continuei a caminhar como se ela estivesse se equivocado de alguma forma. Sim já passei por situações dessas em outros lugares e, de fato, as vezes eu simplesmente ignorava.

Quando entrei na sala tive um sentimento bem estranho, era algo misturado com nervosismo e ansiedade, pois queria muito aquele emprego e seria uma boa porta de entrada. A Maria estava me olhando dos meus pés à cabeça. Sem brincadeira, ela fez isso umas duas ou três vezes e fazendo uma rápida expressão de desprezo, ela acenou com as mãos de cima para baixo para eu me sentar na cadeira em frente a mesa dela. Logo que eu me sentei e ela se sentou também e, começou a murmurar lendo o meu currículo:

Julian e a Flor de CerejeiraOnde histórias criam vida. Descubra agora