O resto da semana foi bem diferente do que eu estava acostumado, pois estava conversando diariamente com o Bruno e nunca antes havia conversado tanto tempo assim com uma pessoa. Isso era algo novo para mim e estranho ao mesmo tempo... de verdade eu queria estar conversando com a Karen dessa forma e não com o Bruno.
Era estranho pelo fato da conversa... como posso explicar?... Ele a todo momento perguntava se eu estava bem, como eu estava me sentindo e o que eu estava fazendo. Nem minha mãe se preocupava tanto assim comigo [risos]. O mais estranho era o fato de que parecia que ele estava me paquerando..., mas o que ele queria comigo? Afinal eu era um rapaz e não uma garota..., mas ele sabia disso e mesmo assim continuava conversando comigo dessa forma, isso me deixava intrigado. Na verdade, eu tentava ser bem sucinto nas respostas e assim que respondia ele já me mandava outra mensagem. Realmente se ficasse todo o instante respondendo, eu não trabalhava e nem estudava. Agora já estava me arrependendo de ter me "decepcionado" com a mensagem curta que recebi do Bruno outro dia [risos]. Mas afinal, eu causei toda essa situação, não? Tudo era culpa minha?
Chegando mais para o fim de semana, mais precisamente na quinta-feira, ele começou a mandar uns elogios também além das mensagens rotineiras, ele começou a mandar mensagens como: "Olá gatinha, bom dia!", "Como vocês está se sentindo hoje querida", "Como foi a sua aula hoje minha fofa" e "Queria que você me ensinasse matemática, adoraria ter uma professora linda como você!". Olhando bem agora e revendo o ocorrido, de fato ele estava me paquerando. Por algum motivo besta, antes estava pensando que ele me via como "uma amiga", mas parecia realmente que ele queria algo a mais com isso tudo. Isso mexeu comigo e eu ficava assustado em quão longe esse "algo a mais" significa para ele e para mim. Uma coisa marcante que eu lembro é que nesse mesmo dia, dia 12, era aniversário do meu primeiro cachorrinho... esse dia sempre me deixa para baixo.
Bom, durante o trabalho tentei me aproximar da Karen, mas ela parecia distante de mim. Mesmo falando para sermos amigas, parecia que ainda não estava "normal" a nossa relação e de fato eu ainda queria mais do que uma amizade com ela. Esse "joguinho" que estávamos fazendo não me fazia me sentir melhor e, algo no fundo de mim, em um delírio de loucura queria manter esse jogo. Como posso ser uma pessoa tão falsa e mentir para mim mesma e para os outros? Mas de algum modo bizarro, estava dormindo melhor e me recuperando na faculdade, inclusive já havia terminado de copiar toda a matéria perdida.
Lembro também que naquela sexta-feira estava dando tudo errado... O servidor da imobiliária caiu... um monte de chamados... Faltou água no meu apartamento... Não vi a Karen durante o dia todo... Perdi o último ônibus para ir para casa, assim tive que pegar um outro e andar o restante a pé. Mas o que mais me deixava com ânimo e esperança era o fato de que no dia seguinte iria ter um dia gostoso com a Karen no salão. Estava muito animada para que chegasse rápido.
Enfim, o sábado chegou e a Karen me mandou uma mensagem dizendo que estava indo me buscar para ir ao salão. Estava muito ansiosa para esse dia e assustada também, não estava acreditando o quão longe eu estava indo com tudo isso. Eu já estava pronta, eu estava usando uma calça jeans bem justinha..., engraçado que o meu pipi nem aparecia direito, mas resolvi usar uma blusinha estilo vestidinho verde para ajudar no look e ajudar a escondê-lo também... enfim, para completar estava usando uma meia estilo socket rosa e um tênis com detalhes azul claro e, sim, eu estava com uma maquiagem básica, afinal queria ir bonitinha para o salão. Assim que terminei de tomar o café da manhã, fiquei sentada na cadeira e olhando o vazio, acho que não estava pensando em nada e fiquei por um bom tempo nesse modus operandi, até que recebo uma mensagem da Karen dizendo que havia chego.
Assim que desço e vejo o carro dela, sinto uma nostalgia... Ela começa a descer o vidro do lado do passageiro e isso de certo modo me fez ter a sensação de um déjà vu, me fez lembrar do dia que ela me buscou na empresa. Quando o vidro começa a descer vejo que ela estava sentada no lado do passageiro e um outro rapaz estava dirigindo o carro dela. Meio que desconcertada, eu dou uma acenada para ela, dou "meia volta" e mudo a minha direção no sentido da porta de trás. Ela disse alguma coisa, mas confesso que não consegui processar na hora.
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Julian e a Flor de Cerejeira
RomanceUm jovem chamado Julian se reencontra com sua antiga amiga Karen que o ajuda a explorar seu lado feminino de forma cada vez mais intensa. Esse relacionamento complicado faz ele se perguntar se gostar de se vestir como uma garota é certo ou não. Esta...