O dia se passou e finalmente a hora do jantar chegou. Dulce não podia negar que estava nervosa, passava-se na cabeça momentos em que Annie foi presente em sua vida, porém não conseguia esquecer a fatídica noite em que tudo aconteceu.
Decidiu que iria de peito aberto, escutaria a amiga e dependendo do que sentisse na hora iria perdoar ou não.
Chegando na cafeteria, percebeu que Annie já estava no local. Algumas coisas não mudaram e era notório que a perna de Anahi não parava de balançar e como Dulce bem sabia isso significava o nervosismo da ex-amiga.
Se aproximando da mesa Dulce logo se acomodou e ficou frente a frente com a loira. Viu ali uma imagem totalmente diferente do que imaginava. Viu uma Anahi com olheiras, com alguns rugas de preocupação e uma aliança no dedo que certamente não teria sido ela que havia escolhido.
Enquanto isso a visão de Annie foi totalmente o contrário, viu uma Dulce muito elegante, fina e bem jovem. Até parecia que o tempo não havia passado se não fosse pela diferença da cor do cabelo da ex-ruiva. Percebendo o silêncio Annie logo começou a falar:
— Oi
— Oi.
— Sei bem que aqui não é o lugar onde queria estar, porém fico grata por pelo menos já ter aceitado que esse encontro acontecesse.
— Certo.
— Não sei nem por onde começar, acho que vou começar te pedindo perdão. Perdão por toda a dor, angústia e raiva que causei em você. Perdão por não ter sido a melhor amiga que você merecia, perdão por ter feito o que fiz. Sei que tudo o que eu falar não vai adiantar e também não vai nem chegar aos pés de demostrar o quanto eu estou arrependida. Você sabe que nunca fui de beber muito em festas, bebia a mesma quantidade razoável que você. Porém acho que naquela noite me empolguei, acabei bebendo demais, bebi coisas que outras pessoas me ofereceram, bebi todo tipo de bebida. E é lógico que fiquei bebaça. Em determinado momento da festa tive vontade de ir ao banheiro e fui. Assim que terminei, Poncho estava na porta. Creio que também queria usar o banheiro já que os banheiros do andar de baixo estavam todos lotados. Quando estava saindo não sei como Poncho tropeçou, creio que tenha sido nos próprios pés, pois ele estava tão ou mais bebo que eu. Poncho praticamente caiu encima de mim, e acabou que uma coisa foi levando a outra.
Dulce apenas deu uma leve risada irônica.
— Assim que tudo terminou não sei como cheguei em casa, mas sei que tomei banho e todas as cenas passavam pela minha cabeça. Não conseguia aceitar que havia feito o que fiz. Passei a madrugada chorando e pra mim pegar no sono demorou bastante.
— Acho que é consciência pesada que chama.
— Quando acordei, imediatamente a primeira coisa que fiz foi ir na casa do Chris. Eu precisava de uma luz. Precisava contar pra alguém o que eu havia feito. E definitivamente eu estava disposta a contar tudo o que havia acontecido, não ia esconder de você. Porém você chegou antes e deu no deu.
— Preciso ser bem sincera. Sempre soube que Poncho não prestava, porém me fazia de cega. Eu estava extremamente acomodada aquele relacionamento. Nossas famílias eram amigas, programavam churrascos, festas e viagens juntas. Eu odiava chegar em alguma festa de família e todos me perguntarem "Cadê o namoradinho Dulce?" Creio que isso tenha sido um dos motivos de eu ter aguentado tudo o que aguentei. Não foi a toa que dei minha boceta pra ele. Pensava que depois disso ele poderia parar, melhorar. Sabemos que isso não aconteceu. Entretanto não vou negar que a dor que senti de ser traída por você foi 300 vezes pior do que ser traída pelo Alfonso. Anahi, você era a pessoa que eu mais confiava. Minha conselheira, minha companheira, quem aturava meus surtos e quem me acolhia sempre quando eu brigava com a mamãe.
(Nessa hora Annie já derramava algumas lágrimas) Dulce continuou a falar
— Você Anahí, era a minha pessoa, minha melhor amiga, minha irmã. E nunca escondi o fato de que seria minha madrinha de casamento e a madrinha dos meus filhos. Então pode ter certeza que a dor de ter sido traída por você foi bem pior.
— Perdão Dulce, perdão.
— Numa traição,o perdão não é sinônimo de esquecimento. E infelizmente, o perdão não significa que a dor se foi. Porém o perdão significa ser livre de um peso em que nunca mereci carregar. Por isso não estou te perdoando para aliviar a sua consciência. E sim para tentar tirar do meu coração pelo menos uma parte de todo o mal que me causou, e também por que prometi ao meu pai que eu iria tentar ser uma pessoa melhor e iria perdoar. Posso ser educada com você, falar bom dia,boa tarde, boa noite e pronto. Não iremos voltar a ser amigas, Por que digo e repito nunca vou esquecer do que aconteceu.
— Tá tudo bem, isso já basta. Melhor do que nada.
Após esse momento pediram algo para comer, o silêncio reinava na mesa. Só escutava-se o barulho dos talheres e da xícara batendo no pires.
Algum tempo depois o celular de Dulce toca e imediatamente aparece uma foto de Brendon da tela e logo ela atende. Era uma vídeo chamada de Brendon e Gustavo para ela.
— Ei meus amores, como estão?
— Oi mamãe. Estou bem. Só com saudades
— Oi morena, vejo que não está em casa. Quer que eu ligue mais tarde?
— Pode deixar que assim que chegar em casa ligo pra vocês meus amores.
— Okay então, vem aqui Gus. Vem dar tchau pra mamãe.
— Tchau mamãe, Je t'aime!
— Je t'aime, meu amor!
Assim Dulce desliga a chamada e logo Annie fala.
— Fico feliz que tenha reconstruído sua vida e que tenha realizado alguma parte dos seus sonhos Dulce.
— Pois é Anahi, algumas coisas acontecem para nos fortalecer, certamente não seria quem sou hoje se nada daquilo tivesse acontecido. Muita coisa aconteceu e essas coisas me modificaram.
Após isso ambas se despedem secamente e cada uma toma seu rumo.
📍E o encontro veio aí!
📍O que acharam?
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Consequências de um erro
Hayran Kurgu|+18| |Finalizada| •Dulce,Anahí,Christopher e Alfonso são amigos desde de pequenos e por conta de serem quase da mesma idade e morarem na mesma vizinhança começam frequentar o mesmo colégio e a possuir o mesmo ciclo de amigos. •No decorrer do tempo...