Capítulo 2

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                                                                              Aurora Scuderi

                                                                                  Califórnia


O rugido dos motores dos dois carros enche o ar.

A multidão se amontoa e grita ao lado de fora mas isolo todos os sons, me focando na pista a minha frente. O interior preto fosco e vidros filmados do meu G8 me enclausuram no meu próprio mundo. Após a piscadela de Dinara cometo o erro de olhar para a esquerda onde meu competidor Dimitri Petrov, o vencedor das duas últimas corridas de verão, está dentro do seu Camaro Laranja. Sua janela está abaixada ao contrário da minha e seus olhos verdes encontram os meus.

Um canto de sua boca se inclina pra cima em um sorriso convencido e meu coração se acelera com raiva.

Estreito meus olhos para ele, não gostando da sua arrogância e do motivo por trás desse sorriso.

É claro que o bastardo acredita que irá vencer, que essa corrida será brincadeira de criança. Ele parece completamente relaxado em seu banco, como se essa corrida não fosse nada além de um passatempo enquanto eu encaro como a coisa mais importante para mim nesse momento, o maior desafio de todos.

Eu costumava ser facilmente intimidada no passado mas nesse verão tudo mudou.

Dimitri Petrov irá perder seu reinado e eu serei aquela que vou roubar o seu trono.

Arrepios sobem pela minha pele e meus dedos apertam ao redor do volante. Dinara ergue a bandeira acima da cabeça, sorrindo ousadamente para mim. Esse é o momento pelo qual eu esperei por todo esse verão e enfim chegou a hora de provar para todos que não foi sorte eu ter chego até aqui ou muito menos porque Adamo ou Dinara me deram vantagens, como muitos competidores acham.

Todos vão comprovar nesse instante que eu não preciso de sorte ou vantagens.

Quando Dinara dá a largada, começo a acelerar e não consigo segurar o riso. Tenho certeza de que se alguém pudesse me ver rindo como uma criança, diria que é rídiculo e infantil mas eu não consigo me segurar.

Eu amo velocidade, a emoção disso e meu maldito carro.

Ele é rápido, quente e todo meu. Meu pai me deu de presente de aniversário de dezesseis anos para que eu pudesse competir na corrida desse verão e eu malditamente posso dizer que esse carro possui meu coração.

Dirigir para mim é ser livre de todas as algemas que me prendem e eu amo essa sensação.

O Camaro Laranja de Dimitri Petrov pula na minha frente como eu já esperava mas eu não me preocupo com isso. Isso é exatamente o que eu queria e esperava. Chegando a primeira curva, continuo deixando seguir em frente e pairo atrás dele, fazendo a curva. Eu derrapo, indo pra fora, mas não tendo que reduzir quase tanto necessário. Bato meu pé no acelerador e aperto minhas mãos no volante cruzando a pista bem acima do limite de velocidade e me sinto mais viva do que nunca nesse momento.

Por alguma razão, dirigindo, correndo, me mantém conectada a liberdade, a viver.

Inalo uma respiração excitada quando meu estômago cai com o aumento da velocidade.

Eu amo essas borboletas.

Me aproximo do Camaro Laranja e quando olho para a esquerda, encontro o rosto fechado de Dimitri Petrov. Sem dúvidas ele não esperava que eu o alcançasse. Pisco pra ele e volto minha atenção para as pistas, para a próxima curva. Uma curva acentuada que está a nossa frente, muito pior do que a anterior. Em vez de desacelerar, eu pisto no acelerador com toda minha força fazendo a velocidade aumentar.

Caos e Ruína - Nevio e AuroraOnde histórias criam vida. Descubra agora