Os Smith

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Um raio de sol perdido encontrou as pálpebras fechadas de Emma. A garota, depois de muito tempo pensando, conseguiu cair no sono. Os olhos castanhos, agora despertados, tentavam identificar que cômodo era esse em que estava presente. Mobília rosas, tapetes amarelos ferrugem e almofadas muito felpudas.

Então, a noite anterior não havia sido uma ilusão. Emma realmente estava dormindo em Hartfield Hall. Quando a morena se ergueu para se sentar, sentiu uma forte ardência na sua perna.

É, querida perninha, você tem que se esforçar para melhorar para podermos dar o fora daqui! Emma não conseguia encarar o machucado, desviou o rosto para cima e observou o teto. Não sabia se gritava para que alguém viesse falar com ela ou se preferia apodrecer ali sozinha, torcendo para que seu irmão viesse magicamente a resgatar desse pesadelo. Quando percorreu a visão pelo quarto, se deparou com uma figura escura em frente da janela. Pensou que era um porta-casaco, mas o topo do objeto se mexeu para ela.

- Despertou, finalmente.

- AHHHHHHHHHHHHHHHHHHH!

Fitzwilliam deu um pulo para trás e Emma agarrou as cobertas, ignorando a dor de suas pernas e segurando o seu travesseiro como se fosse um escudo.

- O QUE PENSA QUE ESTÁ FAZENDO? - Atirou a almofada na sua cara.

- Lhe acordando? - Fitzwilliam desviou da sua "arma", agora se aproximando.

- Fingindo ser uma assombração?!

- Abrindo a cortina da janela?!

- Você é realmente um homem muito cortês - ela zombou. - Uma pena que meu coração quase parou de funcionar com essa gentileza sua.

- Não considero isso uma pena.

Emma atirou outro travesseiro nele com mais força, dessa vez ele acabou não sendo ágil o suficiente. Ficando enrubescido da cabeça aos pés.

- O que você quer? - indagou ela.

- Lhe avisar que o médico acabou de chegar, aborrecida. - Teve que fazer força para não xingar de coisa pior.

A morena apenas revirou os olhos e atirou a cabeça na cama, querendo voltar a dormir.

- Independente do diagnóstico, vou sair daqui ainda hoje, nem que seja me arrastando!

- Então, boa sorte tentando!

Os dois desviaram os rostos aborrecidos. Um silêncio constrangedor reinou pelo quarto rosa, Emma percebeu que as respostas dos acontecimentos ainda não estavam completas em sua cabeça. Precisava perguntar para ele sobre tudo antes que o médico chegasse, ou pior, que Gerald desse as caras:

- Antes de eu vir para cá, você tinha me impedido de aparecer duas vezes. Quando eu estava indo para Bath e quando me enviou aquela carta, me desconvidando. - Ele concordou com a cabeça. - Disse que iria marcar uma visita para me ver em Bath. Era para me contar sobre isso?

Os raios de sol ultrapassavam a janela e se intercalavam com a pele branca saudável de Fitzwilliam, enquanto ele se acomodou na poltrona à frente de Emma. A fitando com tanta seriedade que ela sentiu um frio na sua barriga.

Desejo e ReparaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora