A Abadia de Northanger

13 0 0
                                    

Foi como uma explosão de champanhe. Emma gritou pela sala que seu irmão mais velho, Charles Dashwood, estava, enfim, noivo da srta. Preston. O casamento iria ocorrer no começo de setembro, ou seja, faltavam apenas alguns dias. Agosto já tinha ido embora por um instante de tempo.

Com essa notícia, se despedir de Windsor não seria uma tarefa difícil. O que seria realmente difícil seria a viagem de volta para Meryton com Jane no estado que se encontrava. A loira ainda sentia fortes dores de cabeça, enjoo e fraqueza. Queria ficar deitada na cama no escuro das cortinas o dia todo, mas, quando Emma contou tudo que estava se passando, enquanto a mesma preparava as roupas da irmã, Jane ficou animada por voltar para seu querido lar.

Os criados arrumaram suas bagagens e o cocheiro a carruagem. Em dez minutos, tudo já estava preparado, mas foi apenas quando a irmã do meio se viu atravessando as portas principais de Windsor, que ela percebeu que sentiria saudades daquelas duas semanas.

Os quatro viajantes se despediram de Gerald, Fitzwilliam e Charlotte - as irmãs Collins não se deram o trabalho de fingir se importar. Emma ficou chateada pela ausência de Sir Collins, e não haviam notícias concretas sobre seu paradeiro desde a noite anterior.

Anne não parava de fazer promessas e planos mirabolantes para manter contato com sua amada autora, Charlotte Fairfax, que respondia a menina com educação e carinho por ser tão enaltecida, mesmo assim, Emma percebia um semblante de desconforto naquele sorriso aberto. A morena apenas não implorou para que sua irmã mais nova abaixasse o tom de voz e parasse de tagarelar porque sabia que aquele seria o seu último encontro com sua ídola, pois as chances de srta. Fairfax voltar o mais rápido possível à Rosings eram imensas.

- Então, irei lhe enviar algumas cartas, para detalhar sobre cada uma de minhas obras preferidas suas - disse Anne. - Na verdade, poderíamos marcar para tomar um chá no Hyde Park, não acha? Eu posso vir para Londres sozinha, meu pai não se importaria. Ah! Que cabeça de vento a minha, esqueci que vocês virão para o casamento do meu irmão, não é? Eles não foram convidados, Emma?

Emma tomou um susto, havia esquecido de contar para os três esse detalhe. O seu pai havia deixado claro em sua carta que todos de Windsor estavam totalmente convidados para presenciar a união matrimonial de Charles e srta. Preston. A garota assentiu com a fala de sua irmã, mas achava impossível que Fitzwilliam e Charlotte fossem viajar novamente, pois haviam voltado de Rosings no dia anterior. Mesmo assim, Emma torcia para que Gerald arrumasse um jeito de estar presente em Meryton em quatro dias.

Enfim, já estava na hora de partir. Emma se despediu de Charlotte de uma maneira simples, sem nenhum afeto entre ambas as partes, srta. Fairfax percebia que Emma não a tratava com importância como todo mundo fazia. Fitzwilliam apenas fez uma reverência fria e sem dizer nada, já os dois não trocaram uma palavra desde a desavença durante a dança. Já Gerald, Emma esperava que o loiro fosse ser mais caloroso, mas ele apenas se despediu de um jeito formal, ela estranhou isso. Era óbvio que eles não podiam se beijar na frente de todos, mas a garota estava à espera de, pelo menos, um simples beijo na mão. O que não aconteceu.

Jane, Noah e Anne já tinham subido na carruagem. Quando foi a vez de Emma, a garota sentiu alguém segurar sua mão para a ajudar a escalar os degraus, pensou que tinha sido um gesto cavalheiro de Gerald, mas aquela mão fria era de Fitzwilliam. Ela não esperava isso vindo dele, o agradeceu com um sorriso sem graça. Quando se acomodou no seu assento, virou-se para a janela, preparada para acenar para Gerald, mas percebeu que o garoto já estava de costas para eles caminhando para dentro de Windsor na companhia de Mr. Knightley e Charlotte Fairfax.

- Pensei que não iam entrar naquela carruagem tão cedo - reclamou a srta. Fairfax. - Aquela garotinha, Anne Dashwood, estava me dando nos nervos com aquelas perguntas, mas nada que eu não fosse acostumada a lidar. - Como percebeu que nenhum dos irmãos a respondeu, continuou: - E, aquela Emma, nunca vi uma pessoa tão seca, não faz nenhuma questão de mostrar que gosta de mim, eu tenho certeza que ela conhece meus livros, apenas finge que não para não se sentir ameaçada pela minha presença. E, vocês dois, não vão falar nada?

Desejo e ReparaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora