O Baile de Windsor

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Descendo os longos degraus brancos da residência de Windsor, Jane se encontrava em estado de aflição enquanto ficava cada vez mais próxima das vastas portas fechadas onde o criado a guiava para entrar, dizendo que uma surpresa a aguardava lá. Ele as abriu para ela passar. Dentro da sala de jantar, na ponta da enorme mesa marrom, se via William em pé, parecendo estar mais branco do que o comum, ele puxou a cadeira para a Srta. Dashwood se sentar.

Jane acabou dando um longo suspiro de decepção, sabia que era improvável que Mr. Russell viesse para Londres, mas não custa nada sonhar que o oficial daria um jeito de burlar seus compromissos para vir lhe fazer companhia. Mas, talvez, Jane não fosse importante o suficiente para ele querer isso.

Colocando seus pensamentos em ordem, a loira virou os olhos verdes pela sala onde havia tido suas refeições durantes essas adoráveis semanas e se perguntou sobre o que Sir Collins queria discutir com ela. Quando olhou adiante, notou que à sua frente haviam pratos de diversas guloseimas coloridas, algumas que ela nunca tinha visto ou ouvido falar na vida.

"É claro, Anne disse que eu gostava de devorar doces quando estou de mau humor. E ele, realmente, lembrou disso", pensou. Como Jane iria dizer a ele que não precisava de tudo isso? Não se sentia bem em aceitar esse presente, mas toda aquela comida parecia tão deliciosa... e, se ela recusasse, provavelmente, seria jogada fora. A loira se ajeitou na cadeira e segurou seu garfo. "Meu pai sempre me disse que não se recusa presentes".

- Você se lembrou mesmo do que a minha irmã disse, não é mesmo? - ela disse, estava se perguntando o que seriam esses cubinhos avermelhados que estava colocando em seu prato. - Qual o nome disso, Sir Collins?

- É chamado de manjar turco. Uma delícia. - Jane percebeu que ele estava com a voz afônica. Colocou o doce na boca e sentiu um fresco gosto de laranja, era realmente muito bom: - Está aprovado?

- Com certeza. Agora, me corrija se eu estiver errada, mas, essas comidas não eram para serem servidas amanhã no baile?

- Eram, mas eu pedi para os cozinheiros fazerem alguns para você - ele disse corando, seus olhos azul escuros pareciam perdidos, como se ele estivesse sentindo que cada palavra que dissesse fosse um erro -, espero que isso a anime, Srta. Dashwood.

Ela o estranhou, colocou um pedacinho de torta de framboesa na boca, e notou que ele estava chacoalhando as pernas, isso estava a incomodando. Será que ele estava querendo ir embora? Resolveu, então, mudar de assunto, tentando o fazer se sentir mais confortável.

- Minha irmã, Anne, adora doces também, não quer que eu a chame? Vocês se dão tão bem.

- Não!

Ele respondeu tão rispidamente que Jane quase derrubou a garfada de torta que estava prestes a morder. Aquelas comidas estavam divinas, mas a estranheza do William não deixava Jane aproveitar por completo a experiência.

- Sir Collins, está acontecendo alguma coisa? Você está... pálido.

William já era extremamente branco, mas, agora, parecia que estava prestes a desmaiar a qualquer momento. Seus lábios finos estavam da cor da cobertura de glacê dos bolinhos e suas mãos geladas como se tivesse saído para dar uma cavalgada no forte inverno londrino sem usar luvas. Ele estava com a respiração pesada, Jane pensava que estava passando mal, de verdade.

- Q-Quer uma água? Ou que eu abra a janela, para o vento entrar?

- Eu... eu...

Jane segurou sua mão e o perguntou se estava com dificuldade de respirar. Tentou dar um copo para ele beber, mas ele recusou. Quando ela disse que ia chamar alguém para o ajudar, ele segurou seu antebraço com firmeza. Sir Collins levantou da mesa com veemência e passou a dar passos na frente da moça, que estava se sentindo completamente deslocada, pois agora ele foi de fraco à... furioso?

Desejo e ReparaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora