Cassian ainda lembrava da fêmea que o salvou na guerra a 500 anos atrás. Foi a mesma fêmea que sumiu repentinamente depois deles treparem.
O deixando sem saber o nome ou mais alguma informação importante sobre sua salvadora.
Cassian até tentou, mas...
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— Orion, você me dá selinhos, é estranho, sabia? O Rei não ficaria com raiva?
Pergunto ao macho assim que ele afasta seus lábios carnudos e rosinha dos meus. Eu sabia que era como ele demonstrava carinho por mim. Mas não conseguia deixar de me preocupar com a reação do Rei de Hybern vendo uma cena dessas. Já que o monarca sempre foi bastante territorialista em relação ao Orion, que sempre foi o seu consorte.
— Não, ele sabe muito bem do que eu gosto. Não se preocupe.
— Ma...
Sou obrigada a parar de falar na hora quando escuto um barulho estranho vindo da floresta que antes eu observava tão atentamente. Orion me olha com curiosidade brilhando em seus olhinhos prateados, ele era totalmente desacostumado com tanta movimentação, o que tornava tudo mais interessante para o macho que sempre foi obrigado a ficar preso em Hybern. O olhar curioso do Orion só me confirmou que ele também escutou o mesmo. Então, logo estávamos correndo em direção ao som, o macho sorrindo provavelmente com a ideia de algo interessante finalmente acontecer, e eu pensando e calculando tudo o que poderia ter causado aquilo e todos os riscos que poderia significar. O barulho foi um pouco alto, mas bem rápido, e mesmo parecendo algo realmente estranho ainda não havia sinal dos guardas da Outonal se movimentado para ver o que caralhos tinha acontecido.
Talvez para eles tenha sido um som normal, e nós só estávamos tão alarmados porque éramos Hybernianos nada acostumados com isso.
— O que você acha que é, Zara? Aposto que alguém morreu.
Orion comenta com empolgação, me fazendo pensar em mil e um sermões diferentes sobre como uma morte na Outonal assim que tínhamos colocado os pés na Corte poderia nos foder. Beron teria certeza que a general nada confiável de Hybern, aquela que tinha matado um dos seus herdeiros, enquanto ajudava seu filho recém deserdado a se salvar, agora também teria matado um dos seus súditos.
Assim que abro a boca para explicar ao Orion todos os motivos de porque era melhor ele ficar calado agora, sinto aquele cheiro. O inconfundível cheiro do macho com asas de morcegos.
Meu coração acelera automaticamente o que me faz odiá-lo por isso, esse órgão era tão estúpido. Olho ao redor com esperança de ver ao menos o deslumbre daquelas asas perfeitas, mas nada. Apenas encontro um cara, guards da Outonal, com um ferimento na cabeça caído embaixo de uma macieira e claramente muito confuso.
— Ah ele não morreu.
Orion resmungou, olho séria para o Hyberniano, antes de parar diante ao macho caído e me agachar para analisar melhor. O cheiro do macho morceguinho envolvia o guarda confuso , então provavelmente foi ele o responsável por tal ferimento. Puta merda
Eu precisava ter certeza se era realmente ele, e se sim, eu daria um jeito de ajudá-lo a limpar essa bagunça. Talvez eu seja uma tola fazendo isso. Mas tem uma pequena chance dele só ter vindo até a Outonal por minha causa, assim como esteve na Primaveril dias atrás. Então, talvez, só talvez, isso me envolvesse, e por isso era imprescindível resolver essa merda.
— Quem fez isso? Ele tinha asas?
Pergunto ao guarda ferido atraindo um olhar ainda mais confuso dele. Orion claramente deveria estar observando a cena com atenção e se perguntando "por que caralhos ela está fazendo isso?".
— S-sim
— Qual é o nome dele?
— Eu não lembro o nome dele, mas é o general da Corte Noturna. Claramente ele e o seu Grão-senhor estão planejando alguma merda.
Se antes o meu coração estava acelerado, agora ele estava incontrolável e pronto para pular pra fora.
Foi ele, o morceguinho. O macho realmente morava em Prythian, tinha um título importante e respondia ao filho da puta do Grão-senhor que tinha colocado um espião na minha cola.
Ok,ok. Vamos com calma. Empurro o guarda ferido de volta ao chão quando o mesmo tenta se levantar, provavelmente pronto para dizer todas aquelas informações ao Beron, algo que eu precisava urgentemente impedir. Agradeço mentalmente ao Orion quando percebo que para a minha sorte o macho tinha erguido uma barreira sonora em volta de nós três.
— Preciso que você entre na mente dele e o faça esquecer esse acidente.
— Por que, Zara?
— Porque eu conheço esse general.
Porque eu sou obecada por esse general desde o dia que o salvei. Mas aquilo era tudo o que eu poderia dizer para o Orion agora, que provavelmente deveria ter deduzido que o tal general era um aliado nosso, pronto para nos ajudar a conquistar Prythian.
Orion respira fundo, e segundos depois o guarda ferido se contorce no chão. O Daemati nunca foi delicado quando invadia a mente de seus inimigos, eu não esperaria nada diferente agora. Ele deveria estar varrendo lembrança por lembrança do guarda, fazendo o mesmo decorar uma história convincente e criativa sobre o seu ferimento, e provavelmente aproveitando para ver como era o tal general e que benefícios poderíamos ter com ele do nosso lado.
Vejo a expressão do guarda mudar de dor para alívio, antes do macho rir alto, se levantar com a mão direta suja pressionando o ferimento que agora já deveria estar um pouco cicatrizando e falar:
— Sempre fui péssimo para andar a cavalo. Ainda bem que só vocês ouviram o tombo ou eu seria motivo de piada para os o outros guardas.
Orion concorda com o macho dando aquele seu típico sorrisinho dócil. Que só quem o conhecia sabia o quanto aquele sorrisinho poderia ser letal. Porque parecia ser inofensivo, mas estava bem longe disso. E então, depois de oferecer seu sorriso bonito, o Hyberniano finalmente responde o guarda:
