Boa noite, Cinderela | Dreamnotfound (HIATUS)

Capítulo 1

  George POV (1°pessoa)

  Primeiro dia de aula, primeiras impressões... é, eu tenho certeza que vou odiar. 

Na virada de ano, eu falei pra mim mesmo:  "esse ano vai ser o melhor de todos", mas como todos os anos, estava enganado. No primeiro mês eu tive que cortar o cabelo e ficou horrível, teve aniversário de 15 anos de uma prima e eu pareci um gato molhado. Segundo mês, começo de aulas, descubro que meus pais vão ter que se mudar por causa do trabalho e eu terei que mudar de escola também. Eu sei que reclamar não vai adiantar em nada, mas o que posso fazer? Me trocaram de escola, onde eu tinha meus amigos, minhas coisas, onde eu passei minha vida toda, sem nem me avisarem! 

Mas vamos voltar, eu não quero me atrasar para o primeiro e incrível dia de aula. Uhul, animação! Hah.

A caminhada é rápida, em menos de 10 minutos já estava nos portões da grande e fabulosa escola de Montverde. O que caralhos eu tô fazendo aqui? Essa escola é de riquinhos mimados... eu sou só mimado, mas rico não. 

Ainda um pouco perdido, caminho com a cabeça abaixada, mas sinto olharem sobre mim. Ainda são 7h da manhã e eu quero voltar pra casa, pra minha cama. Prossigo com os olhos cravados no chão até de repente bater em algo, que de primeira vista eu achava que era uma árvore. 

Ergo os olhos e não. Não é uma árvore. 

- Clay? - o olho chocado, mas ele apenas me olha de forma confusa. O que essa cara tá fazendo aqui? Seguinte, esse rapaz na minha frente é uma das pessoas que mais me zoava durante o ensino fundamental, e por causa disso eu e ele passamos a nos odiar. Eu devo ter chutado a cabeça de um santo na minha vida passada pra estar nessa situação. 

- Ahn... Ronald? - ele pergunta ainda confuso - desculpa, quem é você? 

- Como assim quem é você?! 

- Se você é algum famoso, me desculpa, não acompanho muito as redes sociais - ele dá um sorriso torto e eu continuo a encará-lo incrédulo. Então quer dizer que ele não lembra de mim? Não sei porque estou tão chocado, eu mudei bastante, e seria bom não lembrar mesmo. 

- Olha cara, me desculpa - suavizo minha expressão e ele sorri. Wow, que sorriso Colgate. 

- Relaxa, você deve ter me confundido com outro Clay por aí - ele finalmente se toca que eu estava no chão e arregala o olho, estendendo a mão rapidamente - mil desculpas! Eu acho que fiquei meio confuso e acabei esquecendo que tu estava aí. 

Pego em sua mão e ele me ajuda a me erguer. Vou ter que admitir, se eu fosse gay, tentaria ficar com ele com certeza.

George! Mas que droga de pensamentos são esses? Eu devo ter dormido mal, é isso. 

- Mas eae... 

- George - falo enquanto passava a mão em minha calça. 

- Eae George, tu é aluno novo? - ele pergunta e eu o olho como se fosse óbvio. Ele é idiota ou se faz? 

- Tu já me viu aqui? 

- Não - ele responde e eu só consigo suspirar. A cara dele é parecida com a de um cãozinho que fez alguma besteira mas se faz se sonso. Eu tô melhorando nessa coisa de assimilação, haha. 

- Então... - espero ele se tocar, mas apenas dá de ombros, ainda confuso - sim, eu sou novo. 

- Ooh, entendi! - ele ri. Lerdo - então, qual a sua sala? 

- 207 - respondo e seu rosto ilumina - conseguiria me levar até lá? 

- Claro que sim! Essa é a minha sala também. 

- Show - digo totalmente tomado pela empolgação! Ha. O garoto se vira e eu começo a segui-lo, ele falava sem parar, dizia de como tinha gostado do meu nome, do meu cabelo, de como eu era baixo para minha idade e coisas do tipo, super divertido - dá pra parar de falar de mim? 

Afinal, ele ainda é a mesma pessoa que no ensino fundamental. Com mentalidades diferentes, mas a mesma pessoa. Clay era insuportável, gostava de zoar minha altura e o fato de eu ser daltônico. Era irritante. Eu também não deixava barato, já joguei tinta na blusa dele, mas a única coisa que ele fez foi rir e perguntar se eu ao menos sabia que cor era aquela. Tá entendendo? Ele não se irrita, ele só sabe zombar com a cara dos outros e depois saia como o santo ou menininho levado. 

- Aqui estamos - ele anuncia e abre a porta da sala, me dando passagem - hey, quer vim comigo na secretaria para vermos nossos armários? 

Mesmo de contragosto, eu tinha chegado bem cedo e não teria nada pra fazer. E eu ainda poderia descobrir mais sobre esse novo Clay. 

- Pode ser - largo minha mochila em cima de uma mesa e volto para o seu lado - Clay... 

- Sim? 

- Tem várias pessoas nos olhando. Você é algum pervertido conhecido por acaso? - pergunto e ele me encara com os olhos arregalados, mas logo começa a rir de forma engraçada. Cara, sua risada parece muito a de uma chaleira - e o chá tá pronto. 

- Você é engraçado, George - ele fala depois do showzinho de risadas. O que não ajudou muito na questão de sermos o foco da atenção de todos - eu sou popular, mais conhecido como "Dream", ou "Sonho de todas as garotas"... e garotos. 

- É sério isso? - pergunto e ele assente com a cabeça, esboçando um sorriso orgulhoso. Se esse cara sorrir mais uma vez eu fico cego. Sorriso brilhante do cacete - por que não me falou isso antes? 

- Vai fazer o que com essa informação? - ele volta a caminha e eu vou logo atrás. 

- Sei lá, fugir? Não gosto de gente que se acha o gostosão. 

- O gostosão? Hey, mas eu sou - ele olha para trás, o que me faz revirar os olhos. Esse cara tá de sacanagem, né? - relaxa, se você quiser eu fico contigo. 

- Tá maluco? Biruta do caramba - empurro seu ombro e ele ri. 

- Você é bem mal-humorado, né? 

- Só quando tem idiotas me perturbando - respondo de forma ríspida e ele coloca a mão sobre o peito, como se tivesse sido atingido. 

- Ele me chamou de idiota! Fiquei muito ofendido - Clay dramatiza de forma exagerada. 

- Quer saber, vai lá na secretaria sozinho! Eu não fico mais nenhum minuto perto de você - me viro e caminho em passos largos, escutando uma risada atrás de mim. 

- Depois eu te entrego a chave do seu armário, Sr.Não Idiota! - ele grita. Eu vou esmagar ele na porrada. 

E lá vou eu perguntar de novo, o que caralhos eu tô fazendo aqui?