Capítulo 5

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Oh grande Deus! Cadê você aqui para me livrar de todos os dias de escola? 

Me levanto de forma preguiçosa, pego meu celular e verifico o horário. Ai caramba, já tô atrasado! Em um pulo, coloco um moletom qualquer, uma calça jeans e enfio o sapato sem meia no meu pé. E para piorar, vou chegar na metade da aula daquela professora de Física que parecia que ia me jogar de um prédio para servir de exemplo de Queda Livre.

Desço as escadas, e mesmo com fome, apenas escovo os dentes e saio correndo para a garagem. Pego minha bicicleta que já estava criando teia de tanto tempo que eu não usava. 

Dali para frente foi só para trás. 

O pneu da bicicleta estava murcho, não achava o troço que enche. Decidi ir a pé, quase sou atropelado quando vou atravessar a rua, esbarro em uma criança quando tentava desviar de um grupo de pessoas que conversava de forma lenta. A mãe dela queria me dar uma lição de moral, ou me matar, porque eu apenas gritei "desculpa" e sai correndo. 

Finalmente chegando na escola, vejo o portão fechado. Agora ferrou. Ando até uma das extremidades do mesmo e vejo o guarda ali. 

- É... senhor, poderia abrir o portão para mim? - falo um pouco baixo. Ele me olha de forma julgadora. Ele é assustador. Me olha como um ser desprezível. Na real, ele olha pra todo mundo assim, me pergunto se ele tem alguma felicidade na vida. 

- Está muito atrasado - ele fala e tenho vontade de soltar um "Nossa, muito obrigado por ter me avisado, não tinha percebido", mas me segurei. Tomar um soco daquele homem forte não estava nas minhas metas. 

Quando chego na frente da porta da sala, me sento no chão para respirar um pouco. Parecia que eu havia corrido uma maratona. 

Após normalizar minha respiração, espio pela janela e vejo a professor me olhar, como se pudesse me matar apenas com essa olhada. Dou um sorriso forçado e ela faz um gesto com a mão, que eu entendo que é para eu abrir a porta. Eu tô ferrado. 

- Sr. George Davidson - ela começa - esqueceu de acordar? 

- N-não, eu peguei trânsito - falo depressa, de forma impulsiva. 

- Você não me engana, eu sei bem essa sua cara de sono - ela suspira - vai se sentar logo, já está atrapalhando minha aula o suficiente! E olha que nem era para eu te deixar entrar. 

- Me desculpe - atravesso a sala silenciosamente, e de canto de olho vejo Clay acenar. Dou um sorriso amarelo, mas nada mais, não quero estar mais encrencado. 


Minutos depois, a aula termina. Suspiro aliviado por ainda estar vivo, fiquei até surpreso que a professora não me colocou pra correr pela sala para mostrar a cinemática. 

- Rawr! - ouço alguém no meu ouvido, me viro e vejo Clay com um sorriso brincalhão no rosto. 

- É sério isso? - questiono, me levantando com meus materiais em mão. 

- Você nem penteou o cabelo - o garoto diz e começa a passar os dedos pelas minha mechas para deixar elas mais comportadas - mas fica bonito até quando parece ter sido pisado por elefantes - ele começa a rir, mas para assim que o encaro com o olhar atravessado. 

Mesmo sendo chato com ele, estou tentando amolecer um pouco. Não posso ficar de mal com ele sempre, né? Éramos crianças, e crianças muitas vezes são idiotas, não posso dizer que esse Clay de hoje é a mesma criança de anos atrás. Eu digo a mesma criança porque ele continua um crianção, mas isso não vem ao caso. 

- Dá pra parar de mexer no meu cabelo? - falo e ele me olha. Ai meu Deus, muito perto. Sinto minhas bochechas esquentarem - s-sai - empurro seu peito e ele sorri. 

Boa noite, Cinderela | Dreamnotfound (HIATUS)Onde histórias criam vida. Descubra agora