Capítulo 17

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Já era quase 23:00 da noite e eu decido finalmente ligar para Clay. Pego meu celular com minhas mãos trêmulas. E se ele não quiser falar mais comigo?

Tento afastar esses pensamentos assim que começa a chamar. Pii... pi...

- George! - ouço a voz de Clay do outro lado e um alívio toma o meu corpo.

- Graças aos deuses! Como você está? - pergunto.

- É... bem, na medida do possível - sua voz agora era um pouco melancólica - queria que você estivesse aqui.

- Eu também queria estar aí - admito - e... seu pai?

- Não tem jeito, eu vou ter que ir... mas não agora, só no final de semana - meu coração aperta. Eu queria que o impossível acontecesse, que ele dissesse que tudo isso era uma brincadeira.

- Então eu posso te ver amanhã na escola? - pergunto, transparecendo um pouco de animação.

- Eu não sei, meu pai disse que ia me tirar da escola o mais rápido possível para que eu não precisasse conviver com vocês. Mas mesmo que eu não vá para a aula, tentarei passar na sua casa - então um silencio - já vai! Eu vou ter que ir, princesa, meu pai quer falar comigo.

- Boa sorte, argila - tento parecer firme, mas minha voz entregava minha fragilidade.

- Não se preocupe, vá descansar, amanhã nós conversamos.

Após nos despedirmos, me deito na cama do quarto de visita de Darryl. Amanhã eu terei que acordar mais cedo para passar em casa e pegar minha coisas, então eu deveria apenas ir dormir logo.

Imaginando coisas impossíveis, eu sinto meus olhos pesarem, e após um tempo eu já estava dormindo.


- George! Acorda logo, cara - ouço alguém me chamar e meu corpo ser balançado freneticamente. 

- Ahn? - resmungo abrindo os olhos. 

- Eu te deixou na frente da sua casa - ele avisa. Me levanto, faço tudo que preciso e saio acompanhado de Darryl e Zak. No carro, eles estavam discutindo sobre a semana de provas que estava se aproximando - se você precisar de ajuda para estudar, pode falar comigo. 

- Eu sei que posso - resmungo rindo. Após um tempo, finalmente chegamos na minha casa, eles me deixam na porta e ficam esperando dentro do carro. Entro em casa, me troco, pego minhas coisas e volto para o carro. Clay tinha me mandando uma mensagem ontem, que eu vi só hoje, dizendo que não ia conseguir me levar hoje, então vou pegar carona com o casalzinho. 

Chegando na escola, sinto meu coração falhar. Clay estava ali. 

- Clay! - exclamo animadamente e corro para dar um abraço por trás, mas quando ele olha para mim, seu rosto tinha uma carranca - tá tudo bem? 

- Sai daqui, cara - ele me empurra. O que tá acontecendo? 

- Clay? O que houve, qual foi o problema? - tento colocar minha mão sobre seu ombro, mas ele me afasta. Mas que merda?

- Olha George, você quer saber de uma coisa? Eu nunca gostei de você, talvez por um tempo eu estive me enganado sobre você... 

- Do que você está falando? - exclamo e ele franze a testa. Parecia querer chorar, não parecia bravo ou se quer falando a verdade. Mas suas palavras diziam ao contrário. 

- Olha, eu não sei o que eu tinha na cabeça no dia em que pedi uma segunda chance, você faz da minha vida péssima, eu briguei com a pessoa que eu mais amo - ele gagueja. Pigarreia e volta a falar - você está destruindo minha vida, o meu futuro. E eu não vou permitir que prossiga.

Sinto minha garganta fechar, um desespero toma todo o meu corpo. Minha cabeça doía de forçar a evitar chorar. 

- Eu... desculpa - é a única coisa que eu conseguia falar antes de sair correndo. Chego nas arquibancadas e me sento  na primeira fileira, na última cadeira e finalmente deixo as lágrimas saírem. Droga! Eu sei que ele não estava falando sério, eu sei que alguma coisa aconteceu para ele estar sendo obrigado a falar essas coisas! É isso, é o pai dele, aquele cretino! Eu não acredito que passei por tudo isso para acabar dessa forma. 

Vou até o banheiro e lavo meu rosto, respiro fundo e volto para o interior da escola. Assim que dou meu primeiro passo para dentro, percebo muitos olhares sobre mim. Cobras, até o momento que você está tendo atenção de uma pessoa popular, elas te perseguem por onde você vá, elogiando e glorificando, mas depois de uma briga, elas te olham de forma julgadora. 

- Certo George, você consegue - murmuro para mim mesmo. Me seguro na pequena esperança de que Clay estava sendo obrigado a dizer aquelas coisas e vou - bom dia, Nick! 

- Opa, eae Gogy - ele sorri, um pouco triste - você sabe o que tá acontecendo com o Clay? Ele tá estranho, chegou hoje cedo em casa, pegou as coisas sem falar nada e saiu, entrou no carro e vazou. 

- Então não é só comigo - suspiro, aliviado - não que eu esteja feliz que ele não fale contigo, é que eu estou pensando aqui... eu acho que ele não está fazendo isso porque quer e sim porque está sendo obrigado, você viu que carro que ele entrou? 

- Ahn... - ele pensa por um tempo e de repente, olha para mim, como se tivesse tido uma grande ideia - era o carro do pai! Caralho, como eu não tinha reparado nisso? 

- Eu acho que vou ser detetive - falo e ele ri - talvez melhor que o Sherlock Holmes. 

- É sim - ele ri. 

Clay, eu não sei como, mas eu vou te ajudar a sair dessa.  

Boa noite, Cinderela | Dreamnotfound (HIATUS)Onde histórias criam vida. Descubra agora