Capítulo 16

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George POV

Fico parado, estático, no mesmo lugar. Observo Clay ser arrastado pelo pai para dentro do carro. Ele dizia coisaa diversas, mas minha mente se prendeu ao "eu te amo".

Poxa, Clay! Você não podia falar algo idiota? Algo irritante, que não fosse ficar matutando na minha cabeça e fizesse da minha situação mais desgastante?

Vejo o carro partir em um arranco. Uma chuva fina começava a cair, e as flores que ficavam na beira da entrada do piér, agora pareciam tristes, murchas.

Caminho lentamente para a beirada do piér e me sento, com as pernas penduradas. A madeira velha estava quente por causa do sol de mais cedo, mas agora começava a esfriar por causa da chuva. Nada é permanente, eu deveria ter pensando no final antes.

Um sentimento de culpa percorre todo o meu corpo. Se eu tivesse ficado quieto, será que tudo daria certo e eu não iria precisar passar por isso? Será que eu fui o responsável?

Pego meu celular, sem me preocupar que gostas caiam sobre ele. Abro meus contatos e procuro o nome "Darryl".

Não quero que pareça que só falo com ele quando algo dá errado, mas nesse momento, eu sentia uma grande vontade de abraçar alguém, e como Clay não pode estar aqui...

-Alô? - ouço a voz do outro lado da linha.

- Oie...

- tudo bem? - ele pergunta. Ouço um latido e logo Darryl sussurra um "espera um pouco, garota" - você tá na chuva?

- Ele se foi - murmuro, quase de forma inaudível.

- Onde você tá? Eu estou indo te buscar - ele exclama e logo ouço o barulho de chaves.

- No piér, perto da casa de Nick - respondo.

- Saia da chuva, eu já vou chegar.

Alguns minutos depois, eu ainda estava de baixo da chuva, olhando o movimento das vallisneria na água.

Tudo ao meu redor se ilumina e eu olho para trás. Darryl saia correndo de dentro do carro, ele chega até mim e ajuda a me levantar.

- Entre no carro, vamos para minha casa - o garoto fala.

- Mas eu estou todo molhado, vai molhar tudo - falo, mas ele estala a língua e me manda entrar logo. Tiro meu moletom, que estava encharcado e sento no banco do passageiro - me desculpa, Dary...

- Não precisa se desculpar, seu muffin! - ele pega uma toalha que estava nos bancos de trás e coloca sobre minha cabeça, esfrengando-a pelo meu cabelo para poder secar - olha, não precisa falar nada agora, vamos chegar em casa primeiro.

- Tudo bem - ele sorri gentilmente e liga o rádio, tocava uma música calma, mas não estava prestando muita atenção, meus pensamentos estavam longes.

Minutos de silêncio depois, finalmente chegamos na casa de Darryl. A grande e sombria casa. Entramos e eu sinto o calor da lareira, lá estava Zak, brincando com os dois cachorrinhos. Assim que ele me vê, vem correndo e me abraça.

-  Cara! - ele exclama ao se afastar - vem, você vai tomar um banho agora, antes que fique resfriado.

- Não precisa disso - insisto, mas não adianta, ele já me arrastava até o banheiro. Darryl aparece com uma muda de trocas e uma toalha seca.

Entro no chuveiro quente e tento lavar meus pensamentos com a água, mas nada adiantava.

O amontoado de coisas que passavam em minha mente fazia minha cabeça girar. Saio e me visto, sem me preocupar de arrumar meu cabelo ou verificar o quão ruim meu rosto parecia.

- Vem George - Darryl bate no sofá, um espaço entre ele e Zak - agora me fala, o que aconteceu?

Então eu conto a eles, tentando ao máximo não desabar, mas no final volto a chorar.

- Meu amor, não é sua culpa! - Darryl fala e me abraça - você fez o que achou ser certo.

- Mas não era o certo, e agora o Clay está mais perto de ir embora... se é que ele já não foi.

- Tente ligar pra ele mais tarde, assim vocês conseguem exclamar as coisas - Zak fala. Em algum momento eu havia deitado nas pernas de Darryl enquanto Zak trazia doces, sorvete e refrigerante - mas por agora, vamos no divertir!

- Zak - Darryl chama sua atenção - sem bebida alcoólica.

- É só uma! - ele fala e me entrega uma garrafa.

- Se é só uma, por que tem uma caixa inteira aqui?

- Olha Darryl, você fica com a parte da ajuda na base da conversa e conforto e eu na ajuda divertida, certo?

- Eu não sei o que faço com você - Darryl fala rindo. Ver eles dois juntos era muito fofo, mas admito que me dava um pouco de inveja.

E assim passamos a noite. Foi divertido, mas eu continuava sentindo uma dor no meu peito. Mas Darryl e Zak foram maravilhosos em me ajudar, não falamos sobre e sempre que eu parecia um pouco mais magoado, Zak gritava um palavrão para Darryl brigar com ele, o que sinceramente, era a coisa mais engraçada do mundo.

Clay, eu espero ter a oportunidade de te responder pessoalmente.

Boa noite, Cinderela | Dreamnotfound (HIATUS)Onde histórias criam vida. Descubra agora