Capítulo 6

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- Clay, para de tocar aí... 

- Para de falar, George - o garoto diz com a voz rouca. 

-  Tá doendo! 

- É só parar de se mexer tanto. Ai! - Clay exclama ao tomar um chute no rosto.  

- Eu falei pra você parar! - digo e puxo minha perna para longe dele. 

- Você caiu da escada, cara! Eu só estava tentando fazer uma compressa para não doer tanto - ele suspira e passa a mão pelo rosto, onde eu havia acertado - se você tiver torcido esse tornozelo, vou rir muito de você. 

- Você é muito insensível! - falo e me levanto, apoiado em apenas uma perna. Tento colocar a outra no chão, mas sinto meu corpo todo doer - mas que droga! 

- Deita aqui, eu vou fazer um curativo no seu rosto - ele fala e eu coloco a mão na lateral do rosto, onde eu nem tinha percebido estar sangrando. 

- Não precisa, só me leva pra casa e eu me resolvo lá - retruco. Sinto uma mão no meu peitoral e quando vou ver, Clay me empurra para a cama - ei! Dá para tomar cuidado com o aleijado? 

- Nossa, depois que sou o dramático, né? - o garoto dá um risada e segue em direção ao banheiro, voltando de lá com uma caixa de primeiros socorros. 

Tínhamos acabado de terminar o nosso trabalho e quando decidimos comer alguma coisa, eu acabei tropeçando no meu próprio pé e cai da escada e agora eu estou com o tornozelo doendo para um cacete, um ferimento no rosto e um Clay extremamente perto do meu rosto. 

Eu deveria tirar um dia pra mim e meus pensamentos, principalmente aqueles que esse garoto loiro e idiota me fez ter. Isso é doideira, eu nunca que estaria me apaixonando por um cara que nem ele. Eu mereço alguma menina bonita, inteligente e engraçada... loira, sem peito, que gosta de verde e é um bobo... 

Algum médico aqui? Estou pensando em ser induzido em um coma, vai ser a melhor solução para sair dessa situação. 

- Dá pra parar de babar por mim? - sou despertado de meus pensamentos com Clay dizendo atrocidades enquanto ostentava aquele sorriso lindo e idiota - hey, você mora com alguém? 

- Não, meus pais moram em outra cidade por causa da minha irmã, eu vim sozinho pra cá - respondo e vejo ele assentir. Mas algo estava estranho, ele não parecia estar querendo gozar da minha cara ou coisa assim, ele tinha a feição apreensiva e um pouco melancólica - por que? 

- Nada de mais - o garoto balança a cabeça e força um sorriso. Ele disfarçava enquanto passava um algodão em meu rosto, de forma distraída. Seguro seu braço e o obrigo a olhar pra mim - o que está fazendo? 

- Clay, eu não sei o que você é nem o que se tornou, mas por favor! Para de fingir que tá tudo bem uma vez pelo menos? Nos conhecemos a menos de um dia e você já está fazendo um inferno na minha vida. 

- O que quer dizer com "inferno"? - o garoto pergunta e eu acabo me tocando no que eu falei.

- Esquece isso, esse não é o foco - respondo, sentindo meu rosto um pouco quente. 

- Tá tudo bem, George - o garoto dá mais um de seus sorrisos e eu coloca uma mão em sua boca.

- Para de sorrir por tudo, cara! - falo e sinto algo molhado tocar a mão que estava tampando sua boca, o olho e vejo que estava chorando. 

- Por que está fazendo isso? - o garoto pergunta, pegando em minhas mãos e as tocando as em seu rosto - eu pensava que me odiava. 

- Como assim? 

- George, eu me lembro de você - o garoto fala e eu sinto uma pontada no peito. Então ele estava apenas escondendo isso? Por que? - você que não se lembra. 

- Como assim? Eu me lembro de tudo, o quanto você me irritava e tinha prazer em me provocar - respondo e ele me olha de forma triste. 

- Você não se lembra do antes disso - o garoto fala e se deita ao meu lado, ainda segurando minhas mãos - a gente se conheceu muito antes do ensino fundamental. 

- Do que está falando? Eu me lembro de você se apresentando e essas coisas... 

- Então me fala alguma coisa que aconteceu contigo antes de fazer 7 anos. 

- Ah... eu - e foi aí que eu me toquei, eu não me lembrava. Tudo que aconteceu antes do meus oito anos eram como se estivessem ocultos por uma densa camada de neblina - eu... não sei.

- Você perdeu a memória quando tinha 7, e isso é  culpa minha - o garoto diz com a voz embargada. Sinto meu estômago dobrar, como ele sabe de coisas sobre mim que eu não faço a mínima ideia? E o que ele quer dizer com "culpa minha"?

- Me explica isso - falo e ele me olha de forma perdida, vejo seus olhos tremerem, como se pedisse para eu parar, mas agora que ele soltou a bomba, eu quero escutar até o final. 

- Você tem certeza? - o garoto pergunta e finalmente olha diretamente em meus olhos.

- Fala logo - afirmo e ele suspira de forma pesada. 

- Quando tínhamos 6 anos, eu e você éramos muito amigos. 

- A gente? Você tem certeza? 

- Eu posso continuar por favor? - ele franze as sobrancelhas e eu abaixo a cabeça - então, voltando... nós éramos amigos quase que inseparáveis. Mas tudo acabou de um dia para o outro - ele para e limpa a garganta, algumas lágrimas ainda insistiam em cair, mas ele estava se segurando muito para não voltar a desabar - naquele dia eu prometi que iria me casar com você um dia. 

Arregalo os olhos, como essas coisas aconteceram e eu não me lembro de nada? 

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E vocês vão ficar esperando para saber o que aconteceu! Muahahah, com eu sou mal! Haha, parei--


Boa noite, Cinderela | Dreamnotfound (HIATUS)Onde histórias criam vida. Descubra agora