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Aurora
Dois anos atrás, Brasil.

Entrei na portaria do prédio principal do consultório dos Mendez. A secretária do Rodrigo, me mandou entrar. Rodrigo se virou em direção a porta e seus olhos se arregalaram, ao ver os bebês.

- Boa tarde, Aurora.

- Boa tarde, Rodrigo.

- Quem são esses bebês lindos?

Caio e Elisa estão dormindo, evitando que Rodrigo consiga ver a meia lua verde, na íris. O gorro esconde os fios castanhos escuros, iguais aos de Piter e longe de parecer com os meus e os do Leo.

- Elisa e Caio.

- Sente, vamos começar.

Coloquei o carinho do lado da poltrona e me sentei no couro branco gelado. Rodrigo limpou a garganta e se arrumou na sua poltrona de couro preto.

- Não vou mentir, fiquei surpreso quando a minha secretária falou que a amiga do meu filho era a próxima.

- Eu não sabia com quem falar e você é o mais próximo que tenho de um pai - olhei para os gêmeos e dei um sorriso - E também como sua paciente, você não poderá falar para ninguém o que eu tenho para falar.

Rodrigo afrouxou a gravata e se sentou de um jeito despojado. Ele pegou o celular e digitou rapidamente e voltou o aparelho para cima da mesa de centro.

- Então continuei.

- No dia que o Leo terminou comigo, eu fiz uma coisa que não me arrependo, mas também sei que não devia ter feito.

- O que seria essa coisa.

- Eu transei com outro homem e isso resultou em uma gravidez.

- Você falou para o pai dos bebês e para o Leo?

- Eu deixei escondido do Leo, ainda mais quando ele me pediu em casamento,  mas as coisas desandaram quando ele pediu um teste de paternidade e descobrir que ele não era o pai - limpei a minha garganta e olhei para os gêmeos - Para o pai dos gêmeos, eu não sei se consigo falar isso para ele.

- Posso saber quem é o pai?

- Acredito que a pergunta que você quis fazer é se os gêmeos são filhos do Piter.

Caio acordou e Rodrigo olhou para o bebê que olhava para ele. Seus olhos se iluminaram quando ele percebeu a meia lua.

- Então eles são meus netos?

- Sim, eles são filhos do Piter, mas eu não quero que ele saiba, não agora.

- Posso pegar ele no colo? - sua voz falha devido às lágrimas que ele está prendendo.

- Claro.

Rodrigo passou álcool em gel na sua mão, foi até o carrinho de bebê e pegou o Caio no colo e as suas lágrimas começaram escorregar pelas suas bochechas. Tentei  impedir as minhas lágrimas de escorrerem o máximo possível.

- O Piter ia ficar tão feliz. Sempre foi o sonho dele ter filhos.

- Eu sei, mas não estou preparada para falar isso para ele, ainda mais depois do meu divórcio. Eu conheço o Piter muito bem e sei que ele vai querer fazer tudo ao alcance dele para fazer eu não perder a vida de luxo que o Leo me dava.

- Eu entendo, o Piter sempre quis o melhor para você.

- Sim, mas eu quero a minha vida passada novamente. Sair da vida de roupas, sapatos, maquiagem e viagens de luxo, me fizeram mostrar o quão fútil eu estava.

- Eu sei que você não quer dinheiro, mas eu quero te dar um pouco de dinheiro só para você poder comprar algumas coisas para os bebês.

- Eu sei que não vai adiantar eu negar, mas por favor não fale para a Piter.

- Ok, agora vamos esquecer essa conversa de psicólogo e paciente e vamos para a conversa de vovô e mamãe, mas ainda tudo no sigilo médico e paciente. 

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