Needy

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Eu admito que sou um pouco problemática
Mas eu consigo esconder isso quando estou toda arrumada
Sou obsessiva e amo demais
Sou boa em pensar demais com meu coração
Como você acha que chegamos tão longe?

MARINETTE

Lembrava que, desde a primeira vez que havia conversado com Tikki e sentido o uniforme de super heroína se fechando em torno da minha pele, a roupa vermelha e elástica tinha se parecido com uma extensão do meu próprio corpo. Ele se mesclava tão bem com a minha própria pele que, às vezes, eu chegava a pensar que aquela seria a exata sensação de andar pelada pelas ruas.

Eu e Chat Noir sempre brincávamos com esse assunto, rindo entre patrulhas sobre os aspectos mais ignorados sobre os detalhes de um super herói.

Por exemplo, ninguém nunca havia parado para considerar como conseguíamos passar horas e horas com uma vestimenta elástica e de mangas compridas. Como conseguíamos batalhar contra vítimas akumatizadas, nos movimentando embaixo do sol escaldante de Paris, sem suar ou desmaiar de pressão baixa.

Os trajes tinham alguma característica mágica que controlava nossas temperaturas corporais e nos permitia lutar com facilidade. Também nos tornavam mais ágeis, mais resistentes. Às vezes, quando estava particularmente mal e quase me afogando em auto sabotagem, questionava o quanto da super heroína era o uniforme e quanto eu, Marinette, realmente importava.

Hoje, em especial, essa dúvida estúpida tinha corroído minha mente e quase me dado uma crise de ansiedade como brinde. Shadow Moth havia atacado novamente, dessa vez mirando seus poderes em uma criança indefesa que só queria dormir em paz, e eu tive a certeza de que nunca havia me sentido tão insignificante na vida.

Depois de ser brutalmente acordado de uma soneca, o menino chegou à conclusão de que, se a cidade inteira estivesse dormindo, ninguém seria capaz de acordá-lo novamente. Pilotos que estavam próximos do local derrubaram seus aviões ao adormecerem como marionetes abandonadas, centenas de carros bateram, pessoas ficaram severamente machucadas e todos os demais heróis, depois de serem atingidos, também caíram desacordados aos pés da Torre Eiffel.

Era uma missão relativamente fácil, mas impossível sem a presença de Chat Noir. Ele só precisava usar o seu cataclismo no objeto akumatizado e tudo ficaria bem, mas ele não tinha atendido nenhuma das minhas ligações e nem mesmo respondido minhas mensagens. Fui obrigada a recrutar todos os outros super heróis e, ainda assim, havíamos escapado por um triz.

Viperion era o principal daquela missão, responsável por voltar no tempo quando algum de nós era atingido, mas fora um dos primeiros a desabar de um prédio e perder a consciência. Vi em câmera lenta quando ele foi atingido pelo Dormolidor, seus movimentos cessando e seu corpo tombando de mais de quinze andares. Não consegui chegar até ele a tempo, mal alcançando a rua em que ele estava quando o barulho de seus ossos quebrando ressoou em meio ao caos.

Depois disso, o mundo foi para o inferno.

Eu estava tão cansada, tão excepcionalmente exausta, que tinha chegado a considerar me deixar ser atingida só para poder fechar os olhos sem correr o perigo de ter algum pesadelo enquanto dormia. Eles tinham se tornado muito comuns nos últimos anos e eu sabia, com toda a certeza daquele mundo, que o vermelho do sangue de Luka mancharia minha mente e os meus sonhos até que eu pudesse me juntar à ele. O sangue de todos os meus amigos, na verdade, que agora escorriam pelas vigas da torre.

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