2 - Um primeiro dia chuvoso

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Filha se você não acordar agora você vai se atrasar! - é a primeira coisa que ouço da minha mãe. Olho para a tela do meu celular e mostra que são 6:19 da manhã. Que tipo de monstro acorda alguém nesse horário? E então no momento que olho para o canto da tela, vejo o porquê minha mãe me acordou dessa forma, era segunda-feira e meu primeiro dia de aula.

Eu tinha me esquecido completamente de que meu primeiro dia de aula era hoje e depois de uma busca totalmente desesperada pelo meu uniforme, consigo correr para o banheiro e me arrumar da forma mais desajeitada do mundo porém a tempo e ainda marcavam 6:54. Desço as escadas, com muita fome depois de tanta correria logo pela manhã e encontro mamãe me encarando com a sobrancelha arqueada e segurando o riso

-Filha, temos ainda 20 minutos, eu te levo de carona. Normalmente não sou de julgar mas acho que entrar na escola nova com a blusa pelo avesso pode te causar má impressão. -disse enquanto ria e levava meu café da manhã a mesa.

Subo as escadas de novo em pressa e logo após ter me vestido corretamente dessa vez desço as escadas e vou direto comer.

Quando termino de comer, vamos ao carro e ao entrar minha mãe já diz:

- Preparada? Bianca você trouxe tudo que precisava? Está levando um casaco ou um guarda chuva? - questionou enquanto tentava encontrar alguma música no carro.

- Hoje não parece que vai chover e além do mais ninguém leva esse tipo de coisa dentro da bolsa tendo um sol desse no céu.

- Okay então dona sabe-tudo, mas depois não diga que eu não avisei.

Fico quieta e encosto no banco do carro, é a primeira vez que vou para uma escola sem conhecer ninguém, antes eu sempre tive a Lia que ia junto comigo para a escola e agora sem ela vai ser totalmente diferente.

Sem ao menos perceber, minha mãe já estava estacionando o carro e me deixa em frente à escola me dando um beijo na bochecha e me desejando boa sorte.

Aceno para ela dando tchau e entro na escola, vejo vários adolescentes andando de um lado pro outro tentando encontrar sua sala e depois de muita procura consigo finalmente encontrar minha sala - já tinha alguns alunos sentados conversando entre si.

Me sento na cadeira do canto e coloco meu material na mesa e fico observando cada detalhe de lá. Enquanto eu tentava me distrair uma garota de cabelos ruivos, quase vermelhos entra cumprimentando todo mundo e senta na cadeira da frente à minha.

Antes dela se sentar eu noto seu rosto e seu cabelo, ela tinha um cabelo enorme e cacheado, tinha duas mechas loiras na frente e usava brincos que me fizeram se questionar se era de em formato de maçã ou morango, antes que ela sentasse ali percebi que ela me observou um pouco mas antes que pudesse me falar algo, vejo que o professor logo chega na sala se apresentando e então todos se sentam e a aula começa e para minha infelicidade, minha primeira aula é de matemática.

Antes dela se sentar eu noto seu rosto e seu cabelo, ela tinha um cabelo enorme e cacheado, tinha duas mechas loiras na frente e usava brincos que me fizeram se questionar se era de em formato de maçã ou morango, antes que ela sentasse ali percebi...

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Depois de algum tempo meu intervalo finalmente começa, me sento em um banco no pátio e mando mensagens para Lia, que está pessimamente me aconselhando.

[Alguém tentou falar contigo? Você está carrancuda ou está mais "viva o universo"?]

[Acho que estou mais para "me tire desse inferno". Ninguém é sociável às oito da manhã em meio à uma aula de matemática]

[É seu primeiro dia na nova escola e você já o apelidou carinhosamente de inferno?hahahah]

[Sim, e o dono do inferno usa uma blusa listrada e ensina logaritmo.]

[Senti a sua dor daqui, mas confio no teu potencial de colar nas provas]

Antes que eu pudesse digitar vai se ferrar para Lia o sinal toca e volto para a sala novamente, todos parecem já se conhecer então só me resta ficar olhando para a janela esperando algo acontecer. Troquei algumas palavras com a professora e alguns alunos que estavam mais ao fundo mas foram coisas tão básicas que sequer poderia ser chamado de conversa.

A professora de agora era de história, ela chega na sala e logo percebo que ela já seria uma das minhas favoritas. Ela é negra, alta, e tinha tantas tatuagens nos braços que passei um tempo tentando reconhecer alguma tatuagem além de que seu gosto pra roupa era impecável demais.

Tive mais algumas aulas que foram tão entediantes que se eu não tivesse que copiar tanta coisa acho que estaria dormindo a essa altura. Durante a explicação da última aula do dia, percebo que o tempo se fecha e várias nuvens começavam a se formar e só pela cor da nuvem já estava pensando em como eu iria até o ponto de ônibus correndo sem passar vergonha.

O sinal da saída finalmente toca e junto dele a chuva começa a cair também.

Merda, como que eu vou correr no meio dessa gente?

Enquanto a sala esvaziava, ligo para minha mãe e logo ela me atende para alimentar minha esperança

[Quais as chances de você vir me buscar em 10 minutos até em casa?]

[A menos que você não queira ter uma mãe desempregada, as chances são de 0%]

Minha esperança foi por água à baixo

[Bianca, você tem dois caminhos: espere a chuva passar ou arranje um guarda-chuva até chegar no ponto de ônibus]

[E Como diabos arranjarei um guarda chuva agora?]

[Isso já não é da minha alçada, você deveria ter me escutado antes de sairmos de sair de casa então boa sorte!] - ela ri e diz que vai ficar tudo bem e então desliga na minha cara.

Arrumo minhas coisas e enquanto começo a andar apressadamente e reclamo à qualquer divindade existente durante o caminho até o ponto de ônibus mais próximo, ouço uma voz gritando ao fundo:

- Ei, garota nova! - me viro para trás e percebo que era a garota ruiva, correndo na minha direção com um guarda-chuva aberto e gritando até a minha direção - Não sei se você notou mas eu sentei na sua frente hoje e sem querer ouvi sua conversa no telefone no fim da aula, você saiu da sala do nada antes que eu pudesse oferecer o meu guarda chuva. Você vai para o ponto de ônibus, certo? Podemos ir juntas antes que voce fique ensopada até lá - ela finalmente me alcança, apesar de ter corrido uma distância curta já foi o suficiente pra fazer ela ficar cansada e ofegante.

Eu fico parada a observando por alguns minutos e digo:

- Você correu do portão da escola até mim e já está cansada? - a chuva era um problema mas mesmo cansada ela ainda estava do meu lado segurando o guarda-chuva para não ficarmos debaixo da chuva mas meu lado curioso foi mais forte.

Ela me olha e depois de descansar um pouco mais ela me diz:

- Você está mais curiosa sobre meu sedentarismo do que meu ato heroico?
Ela me pergunta se esforçando para não rir da minha cara.

- Que ato heroico? - pergunto em tom irônico.

- Correr até você nessa chuva? É um ato heroico proteger uma desconhecida colega de classe dessa chuva toda - respondeu com um sorriso simpático

Certo, ela definitivamente não é muito normal ou então só não bate bem da cabeça e agora olhando bem dá pra perceber alguns detalhes que antes não dava pra ver e agora eu sei minha resposta: os brincos dela são de morangos. Eu não poderia negar um pedido desses e ainda iria evitar ficar gripada na chuva então apenas seguro o cabo do guarda-chuva e digo:

- então pelo menos me deixe segurar o guarda-chuva pra ti.

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