capitulo 03

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"apenas uma semana"

Era o que estava escrito no bilhete junto ao imenso buquê de rosas vermelhas posto na porta de meu apartamento. Eu segurei as flores com meus braços e entrei com um pouco de dificuldade pelo tamanho exagerado dos ramos.

Se fosse em outro tipo de ocasião eu adoraria ter ganhado essas flores.

Eu coloquei os ramos em cima do balcão enquanto jogava aquele maldito bilhete no lixo. Já haviam se passado quatro dias desde que Haruchiyo me levou para jantar, faltando apenas três dias, e eu ainda não tinha grande noção do que pediria a ele em troca como ele desejou. Isso não era porque eu realmente não sabia o que queria, mas sim porquê eu sentia que não importasse o que eu pedisse a ele, eu não estaria realmente segura e livre dele. Sentia que isso era quase como um jogo do qual ele estava manipulado para que eu errasse todas as jogadas, e assim no fim pudesse me dar xeque-mate.

Eu sabia que queria pedir algo simples, tinha medo de desejar algo por ganância e acabar virando o feitiço contra o feiticeiro. Teria que ser algo que ele não se desse tanto trabalho e fosse fácil. E eu juro que tentei desejar algo que não envolvesse dinheiro, mas tudo o que eu optava como ideia envolvia uma certa quantia. E era isso que eu não queria, Sanzu era envolvido com tráfico, e se eu pedisse dinheiro e ele usasse isso para tramar algo contra mim?

Eu sentia que a corda bamba que eu estava, tinha acabado de ficar mais frágil a ponto de se arrebentar.




[...]



Não se passava das 17h da tarde.

E eu batucava meus dedos no enorme balcão de madeira escura em que estava escorada, olhando atentamente para o meu café já gelado enquanto minha amiga terminava de servir a mesa a nossa frente. Olhei para o lado acompanhando os movimentos de Mia, a morena era deslumbrante de se ver, o cabelo preto azulado batia quase nos quadris, disfarçando quase que descaradamente a tatuagem enorme de um dragão em suas costas por completo, o bronze artificial dava um destaque enorme para seu rosto de expressões de uma mulher forte.

Mia com certeza era a única pessoa nesse país inteiro em que eu confiava de olhos vendados e mãos amarradas. Nos conhecemos quando ainda éramos crianças, ela me salvou de uns valentões na época do ensino médio, e desde então nunca sai do lado dela. De quase 1,70 eu me sentia bem ao lado dela. Mas eu sabia também, que, Mia não era flor que se cheire, temos por completo hoje 22 anos e desde os 13 ela se envolve com coisa errada. Não é nada que faça ela ficar presa por mais de quatro anos, mas pelo menos roubo e tráfico eu sei que ela tem em sua ficha criminal.

— Ai aquele velho é um porre. - a voz brava da mulher a minha frente me trouxe de volta à vida.

— Quem? - assobiei de volta dando de ombros.

— O que estava servindo, não aguento mais trabalhar nesse lugar. - ela comentou jogando fora o meu cafe, sem nem perguntar se ia beber.

Esse era um problema fixado em Mia, por mais que ela tentasse, nunca parava em um emprego, era sempre demitida ou pedia demissão. Obedecer não era seu forte.

— Tem apenas duas semanas, Mia - apoie meu queixo em minhas mãos.

— Tudo isso? Jurei que não passaria de dois dias aqui. - ela riu e eu neguei.

Estávamos em uma loja de conveniência, ficava próximo a minha faculdade e toda vez que tinha tempo eu passava aqui para ver ela. Tinha pouco tempo, mas já estava começando a virar um hábito, se caso ela fosse demitida com certeza veria menos a morena na minha semana.

 ━━━ 𝐈𝐍𝐒𝐊𝐍𝐄 | sanzu haruchiyoOnde histórias criam vida. Descubra agora