capitulo 05

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[...] continuação capítulo 03

Após Mia deixar seu lar, a noite caiu trazando com si o escuro e frio que Tóquio era. No pequeno apartamento alugado da garota era possível ouvir barulhos como gritos, pessoas se batendo e animais rangendo. Mas nada nunca causava tanta preocupação em [Nome] como ouvir sua maçaneta sendo girada, até porque só uma pessoa tinha a chave além dela, e era a partir daquele momento que seu terror começava novamente.

Seu pai.

– "Olá querida seu papai está de volta."

...




Meu pai não era um homem ruim, quer dizer, ele passou minha infância toda cuidado de mim como pai solteiro, desde que minha mãe decidiu fugir com seu chefe do trabalho quando eu tinha apenas sete anos, foi ele que me ensinou tudo o que sei e até quem sou hoje. Mas a vida alheia funciona perfeitamente como uma vez foi dito por Rousseau, "o ser humano nasce bom, a sociedade o corrompe", a frase nos leva a perceber que as ações do ser humano não passam de um reflexo do meio em que o sujeito como indivíduo vive e se constrói e principalmente se destrói.

E era exatamente por isso que hoje em dia eu já não gostava tanto assim da presença do meu pai, antes de eu ir para a faculdade ainda havia ali o homem que me criou com todo o carinho. Mas foram longos três anos fora de casa, a universidade não era tão longe mas da mesmo forma decidi morar em apartamentos mais próximos já que eu passaria metade do dia em aulas e a outra arrumei um emprego por lá. Eu me sentia feliz conseguindo a estabilidade e independência da minha vida mesmo que, com certa dificuldade. Porém nesse meu último ano de faculdade eu descobri que papai estava viciado em jogos de azar. O aluguel ele já não pagava, nem mesmo comida para casa comprava.

Então eu decidi colocar minha residência do semestre para o hospital local de nossa casa e finalmente voltei. O Japão era grande demasiado e sair sempre de uma província para a outra custava dinheiro, e eu já não tinha tanto assim para poder sustentar o meu antigo apartamento e papai junto. Entretanto desde que voltei para cá, era difícil ver ele em casa, eu conseguia fazer o básico que era pagar o aluguel e compras para casa, mas cuidar dele era a parte mais difícil.

Papai vivia em casas de apostas, e quando não estava lá é porque voltava para pedir dinheiro. Nisso tudo a única coisa que me preocupava era que, ele também vivia pedindo dinheiro emprestados a outros, e eu nunca sabia quem era essas pessoas e nem como ele as pagava.


— Sentiu minha falta? - meu pai comentou assim que trancou a porta de nosso apartamento.

— Por onde andou? - cruzei meus braços soltando a faca em que eu cortava os legumes para o jantar.

— Fiquei três semanas fora e é assim que você me recebe? - se jogou no sofá.

— Poxa pai, eu sai para fazer um trabalho voluntário e deixei a casa para você cuidar.

— Quando voltei mal tinha água para beber. - suspirei cansada completando a frase, era exaustaste ser a pessoa responsável o tempo todo.

Ele ficou em silêncio enquanto eu voltei ao meu trabalho com os legumes postos na água fervendo.

— Me desculpe filha, mas você que não é fácil para mim. - comentou indo em minha direção tendo apenas o balcão da cozinha separando nossos corpos.

— Fácil para você? Por Deus, você está fedendo nem ao menos tomou banho? Está tão viciado em baralho que nem se lembra mais das necessidades básicas? - O meu tom saiu inconsciente mas de puro desprezo e tristeza.

Mas a reação seguinte dele me fez soltar a faca em minha mãos no mesmo instante, sentindo a deslizar por toda extensão da minha perna até parar no chão. E enquanto todo esse movimento fora feito, um tapa foi deferido em meu rosto.

Meu olhos estavam baixos, meus fios caíram junto com meu olhar, e meu lado esquerdo fervia pela fricção forte que fora a mão áspera com minha bochecha.

— Você está muito folgada! Eu ainda sou seu pai, exijo respeito.

Só Deus ou qualquer outra entidade que exista, naquele momento sabe como eu queria chorar, talvez até berrar, não só pelo tapa dado, mas sim por estar novamente nessa situação com aquele homem. Era quase como um ciclo sem fim.

— Eu não tenho dinheiro. - foi a única coisa que eu disse antes de me abaixar e recolher o talher no chão o jogando direto na pia de louça. Sem demostrar reação alguma.

E foi ali que eu vi o desespero dele começar, seu corpo correu até mim.

— Por Deus [Nome], eu preciso de qualquer quantia, estou encrencado com gente muito poderosa. - sua mãos agarram cada lado do meu braço me balançando repetidas vezes. E eu conseguia adivinhar quantos copos de álcool ele tomou só pelo cheiro que seu hálito exalava.

— Pai, você sabe que eu mal tenho dinheiro para pagar o aluguel, no que você se meteu dessa vez? Sabe que não temos dinheiro!. - tentei me soltar de seu aperto mas foi em vão.

— Estou devendo 746 mil ienes para máfia de Tóquio [Nome].

Após dizer isso, meu pai chorou quase como uma criança em desespero, suas unhas sujas foram arranhado as laterais de meu braço enquanto seu corpo caía devagar no chão aos meus pés.

O ar dos meus pulmões já não funcionava a um
bom tempo, eu tive que me equilibrar para não cair, colocando meu corpo ao balcão, levando minha mão direto a minha garganta. Uma ansiedade se formou ali, ficou difícil de falar alguma coisa quando a vontade de vomitar foi mais alto, pois eu sentia que algo grande e perigoso estava para acontecer.

Papai sempre acabava devendo alguns cafetões, agiotas ou até o próprio banco, pois eles não estavam ligados a nenhuma gangue grande, então esses sempre fora mais fácies de pagar ou até de conversar, porém era a primeira vez que ele se mentia justamente com gangue e traficantes.

Então, o que iria acontecer daqui para frente? 700 mil ienes era uma quantia muito grande pra que eu pudesse pagar.







NOTASSS

700mil ienes = equivale a 25mil reais segundo o google de pesquisa.

Nossa enfermeira não quer mas parece que vai ter que pedir dinheiro sim a Sanzu! Ou será que não? 😱😱😱 o que vocês acham que vai acontecer?

*desculpe erro ortográficos.

 ━━━ 𝐈𝐍𝐒𝐊𝐍𝐄 | sanzu haruchiyoOnde histórias criam vida. Descubra agora