capitulo 01

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Calor do sol.

Eu sentia os raios solares invadirem minhas pálpebras sem nenhum pudor de dó através das cortinas claras da minha janela. Assim que ajustei a minha visão retomando a consciência de toda a noite de ontem um impulso involuntário do meu corpo me fez pular da poltrona em que eu estava. Olhei ao redor do meu quarto mas o homem de ontem à noite já não estava mais ali.

Quando decidi levá-lo para casa eu fiz exatamente o que tinha que fazer para mantê-lo vivo, cuidei da ferida e dei atenção devida a seu corpo para que não tivesse febre. Porém agora se não fosse pelos respingos de sangue e toda a bagunça feita por mim, era quase impossível dizer que realmente tinha alguém baleado na minha cama de ontem para hoje. Corri em todos os cômodos em busca de algum vestígio daquele homem de cabelos tingidos de rosa, mas não tinha nada, apenas a porta da saída do meu apartamento estava destrancada.

E agora eu já não sabia se ficava aliviada por aquele cara não ser mais problema meu ou angustiada pelo o que poderia vir a seguir. Ele havia sumido como a lua do sol, então a única coisa que eu poderia fazer era esquecer que aquele incidente ocorreu na minha vida. Entretanto era difícil, enquanto eu arrumava todo o apartamento minhas mãos ainda tremiam por pensar naquele homem. Ele era um criminoso e eu não tinha dúvidas sobre isso.

O certo seria denunciar o que aconteceu para a polícia?





[...]




O dia acompanhou minha presença quase como uma sombra, depois de sair de casa fui à faculdade e logo para meu estágio no hospital local. Já se passava das 18h da tarde e eu já não tinha muita coisa do que fazer no nosocômio. Checando apenas algumas listas de pacientes e atualizando a quem recebera alta, meu cérebro já se preparava para ir embora.

Era época de inverno, minhas botas altas se afundavam na neve que se formava quase como um tapete branco por toda a frente da hospitalidade. Com o agasalho fino pela falta de frio mais cedo, meus braços ao redor do meu corpo era a única forma de me aquecer enquanto eu esperava o ônibus frente ao meu estágio. Eu não tinha vindo de carro hoje por motivos de estar ainda com medo do cara de ontem poder me perseguir pela placa ou qualquer coisa do tipo, e minha moto estava no conserto por causa de um pneu furado, então a única solução que restou era o ônibus ou o metro. Porém já estava muito tarde para ir até a estação desacompanhada.

— Hm?! não veio de carro hoje? - a voz doce de Mia me chamou atenção, me virei olhando para ela. A garota de cabelos pretos também é enfermeira, ela era mais velha mas ainda sim, pela aparência juvenil parecia ao contrário.

— Não, está no conserto. - menti.

— Como sua moto?

— Sim.

A conversa parou ali, eu ainda não tinha contando a ninguém sobre encontrar um criminoso baleado na estrada e ajudar ele, no fundo eu ainda estava tentando decidir sobre o que eu faria com o ocorrido. Eu nunca tive a boca grande, então guardar segredos era a coisa mais comum e fácil para mim. O problema era, até quando eu conseguiria guardar?!

— Bem, esse é meu ônibus, até amanhã [Nome]. - ela sorriu me dando um leve tchau e retribui com os mesmos gestos antes de me sentar no banco à espera do meu.

Eu morava do outro lado da cidade, então tinha os horários certeiros para o ônibus que eu pego passar, e ainda faltava mais meia hora para ele chegar. Enquanto isso pessoas iam e vinham a todo momento, a hora se passava devagar e não tinha nem vestígios do meu ônibus chegar. A essa altura já era mais de sete da noite e a possibilidade de pedir um táxi por aplicativo se tornava cada vez mais uma esperança, mesmo que o valor agora seria mais que a metade do meu salário. Era melhor uma comida a menos em casa do que ser morta pela rua.

 ━━━ 𝐈𝐍𝐒𝐊𝐍𝐄 | sanzu haruchiyoOnde histórias criam vida. Descubra agora