Uma conversa Inusitada

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A mulher estava andando de um lado para o outro com um olhar perdido, ela estava olhando para o chão e seus olhos estavam inchados de tanto chorar, ela não sabia o que pensar e muito menos o que dizer, então, resolveu tentar um último recurso, por isso, ela gritou:

— POR QUÊ? EU SÓ GOSTARIA DE TER UM SEGUNDO DE PAZ, EU SÓ GOSTARIA DE... — Enquanto chorava, ela ouviu uma voz dizer:

— Um pouco de tudo, o tempo todo. — A mulher espantada, resolveu perguntar:

— Eu estou ficando louca? — A voz então respondeu com outra pergunta:

— Eu ao menos saberia? — A mulher não se conformou e continuando o jogo perguntou a voz:

— Quem é você? — A voz dando risada respondeu:

— Ah minha querida, eu sou a autora, a responsável por você estar assim agora, mas, fica tranquila que logo isso passa e em menos de milésimos de segundo você vai me agradecer, acredite em mim. — A mulher desesperada e em um tom de ódio respondeu:

— Te agradecer? A minha vida tá um inferno e agora eu descubro que é por sua causa e você ainda diz que vou te agradecer? — A autora, compreensiva, porém, seca, perguntou a sua criação:

— Quer adivinhar o seu final? — Revoltada a personagem responde:

— Sua apatia é uma tragédia. — Diante dessa afirmação a autora respondeu:

— E o tédio é um crime. — A personagem irritada, diz:

— Eu cansei do seu joguinho, como saio daqui? Ah e como você conhece a minha música preferida? Claro que essa música, Goodbye do cantor Bo Burnham é maravilhosa e só por isso acho o seu gosto musical excelente — A autora que estava cansada de sua própria personagem, respondeu com arrogância:

— Não tem como sair da história, aliás, nem criei sua história ainda, então, por favor, aquieta e confia em mim, pelo menos o seu final é único e não importam suas escolhas, você vai ter apenas um final e diferente de mim você não tem o malefício do livre arbítrio, aliás, com relação a sua música preferida... Vamos dizer que eu estou ouvindo ela nesse momento, enquanto escrevo sua história. — A personagem, confusa perguntou:

— Como o livre arbítrio pode ser um malefício? Sendo que eu não sei o meu final e tecnicamente você faz as minhas escolhas por mim, então, eu não tenho livre arbítrio, ao contrário de você. E eu amei a escolha da música, gostaria de conhecer sua playlist algum dia. — A escritora chateada, respondeu:

— Bom, se você já sabe que tem um final... E que você não tem escolhas, então, sua vida é fácil de certa forma e não será tão solitária, pois, sei bem como você se sente e quanto a minha playlist... Quem sabe em algum momento eu te apresente. — A personagem, respirou profundamente e perguntou para sua criadora:

— Você está me dizendo que se sente sozinha? — A autora respondeu em tom de afirmação, misturado com chateação na voz:

— Quase que o tempo todo, muitas vezes a minha única amiga é você, aliás, muitas vezes eu não desisto por sua causa, pois, eu posso mudar a sua vida, fazer algo por você e muitas vezes se eu posso fazer algo por alguém... Eu já me sinto realizada. — A personagem ficou emocionada, então, respondeu:

— Nossa eu não imaginava que você seria assim como eu. — A autora deu uma risada simpática e respondeu com um tom amigável:

— Vou te contar um segredo: muitas qualidades suas e muitos defeitos seus são inspirados nos meus e algumas coisas que eu permiti que você vivenciasse, eu permiti, pois, eu gostaria de estar vivendo no seu lugar, sabe? Quem dera ser um personagem fictício onde no capítulo 15 a vida tá uma bosta e no capítulo 30 tem a redenção, aquela virada clássica, para que então no capítulo 45 a história fosse finalizada com louvor. — A personagem pensou e pensou, então, finalmente respondeu:

— É realmente autora, eu tenho sorte, mas, e agora? O que eu faço? Como é que eu fico? — A autora de um jeito amigável respondeu:

— Agora deixa eu te guiar, pois, vou continuar a sua história. — A conversa entre personagem e autora cessou, a personagem teve um lindo final e quanto à autora? Ela criou a história de Julie, publicou e colocou a conversa das duas na história, afim de todos saberem que nem os personagens fictícios são de ferro e que eles também têm sentimentos.

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