CAPÍTULO 6

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A falta de informação sobre a Miller estava me deixando louco e eu deixando louco todos que estavam a minha volta com o meu mau humor que crescia a cada dia. Minha convivência em casa está de mal a pior também. Definitivamente meu pai não conseguia entender que eu não queria uma faculdade e que o meu amor era o futebol. Cobrei os turnos na fazenda dos Blake juntava cada centavo que eu conseguia.

Eu tinha que pensar em alguma coisa, alguma alternativa para me manter ao lado dela. Todo dia que se passa sem eu a ver eu fica doido ao imaginar ela. A pele dela na minha, o olhar verde hipnotizante que conseguia me prender. E a sua boca. Deus, eu daria tudo pra poder provar a boca dela. O gosto dela.

Como Paul e a ruiva tinham começado a namorar eu comecei a colar junto dele para poder pegar as poucas informações que a ruiva largava para ele. Como eu disse não éramos amigos, não a companhia dele também não era de toda insuportável. Numa quarta feira tarde depois do meu treino de futebol encontrei Paul nas arquibancadas ele me disse que não iria ver a ruiva no outro dia pois ela e as garotas iam ao cinema, um programa só de meninas. Era isso o que eu precisava. Eu sabia agora onde ela estaria e só precisava que ela achasse que seria uma baita coincidência.

Então na quinta às 18horas estacionei o carro na rua lateral da praça que fica em frente ao velho cinema da cidade. Por mais que os cinemas haviam a tempos se modernizado as pessoas dessa cidade gostavam dessa velharia retrô. Com os famosos estofados vermelhos e todo aquele ambiente vintage da conveniência.

Esperei todas entrarem para me aproximar da entrada do cinema.

- São dez dólares. - disse Rick o rapaz que ficava na bilheteria.

- Não vou entrar - informei a ele - só quero saber se uma pessoa está aqui.

- Sinto muito, mas você não pode passar se não pagar a entrada de como eu já havia dito antes dez dólares. - Disse em tom arrogante ajeitando a gravatinha borboleta que fazia parte do seu uniforme.

Eu poderia ficar debatendo com esse imbecil sobre isso ser um roubo uma vez que não vou estrar na sala para ver qualquer dos malditos filmes que estavam em cartaz. Mas isso seria apenas perda de tempo e um enorme desgaste desnecessário. Assim tirei do bolso algumas notas amassadas e entreguei a ele sem me dar a importância de conferir o valor.

Em qual sala ela estaria? E se eu a achasse, o que faria em seguida? Me sentaria feito um idiota ao seu lado? Por que é que eu me deixo levar pelo impulso? Agora, eu estou aqui, no meio do saguão do cinema sem saber o que fazer em seguida. Dei uma rápida olhada nos filmes que estavam em cartaz, se tivesse que apostar elas estariam vendo um desses filmes de comedia romântica agua com açúcar. Minha mente ficava trabalhando uma forma de chegar até ela. Com o que eu faria em seguida. Entrar? Era uma opção, mas e depois? O que diria? Ela ficaria furiosa? Não tinha como prever a reação de Miller. Então eu sentaria e esperaria. Duas longas horas. Tinha acabado de fechar meus olhos para tentar colocar minha respiração num ritmo mais calmo, quando ouvi uma das portas das salas se abrindo e alguém saindo a passos apressados a caminhar e seguir para a conveniência.

Eu ri comigo mesmo. Pela sorte que eu tinha. Inacreditavelmente. Miller se movia de uma forma estranha e engraçada. Passos desengonçados, ela lutava para não mancar. Era quase imperceptível se você não ficasse observando por muito tempo. Deixei ela entrar e fazer o pedido a moça no balcão. A conveniência era pequena e apertada. Com estantes cheias das mais variadas guloseimas. O cheiro da pipoca amanteigada era mais que atraente e preenchia todo o local. Sem emitir nenhum som abri o pequeno freezer e peguei um pequeno sorvete de flocos.

- Então sorvete de chocolate? - Perguntei ainda com ela de costa para mim. Ela deu um pequeno pulo devido ao susto, isso fez com que ela virasse rapidamente e se desequilibrasse.

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