𝐊𝐎𝐎𝐊𝐒 𝐀𝐍𝐃 𝐏𝐎𝐆𝐔𝐄𝐒

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002 — Kooks e Pogues

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002 — Kooks e Pogues

𝙋𝙊𝙋𝙋𝙔 𝘽𝙐𝘾𝙆𝙇𝙀𝙔

Outer Banks não é exatamente o paraíso na Terra como aquela placa idiota diz. Bom, pelo menos não a ilha Kildere. Estamos no verão e enquanto os adolescentes Kooks estão aproveitam o Sol, fazendo festas e enchendo a cara de cerveja, nós, Pogues, estamos ralando para manter a ilha funcionando. Não é muito justo.

Eu faço alguns bicos na Ice Cream Island, uma sorveteria com uma temática retro inspirada nos anos 50. O local é movimentado, cheio de turistas e moradores locais em busca do doce alívio contra o calor, sendo também o ponto de encontro preferido dos Kooks. Jim Milton, o dono, é um homem ranzinza e amargurado, é mais fácil achar uma concha de vieira na areia do que ver um sorriso no rosto dele. Ter que aguentá-lo é um saco, mas o que não faço para ganhar uns trocados e ter a chance de pegar uns sorvetes de graça de vez em quando?

A sorveteria está uma confusão movimentada e Darla, minha colega de trabalho, está mais preocupada em falar de JJ do que servir os clientes. Ela parece pensar que a Ice Cream Island é o lugar perfeito para discutir os detalhes mais íntimos da vida amorosa dela. E, claro, sempre arranja um jeito de mencionar o quão lindo é JJ. Isso só piora o meu dia.

—  Poppy, você precisa me apresentar para o JJ. Sério, eu mataria por um beijo dele! — Darla não para de tagarelar, deixando claro que o assunto JJ estava longe de acabar.

— Fala sério, Darla, eu estou só tentando trabalhar aqui. — reviro os olhos, já sem paciência. Mas ela não parecia disposta a desistir do tópico JJ Maybank.

O sino da porta soa e, para a minha alegria (sarcasmo mode on), um bando de Kooks entra. Rafe, Topper, Kelvin, Griffin e, é claro, Audrey, a rainha da implicância. Mesmo a contragosto forço um sorriso  e vou atendê-los.

— Olhem só quem está trabalhando aqui, uma Pogue servindo sorvete para os ricos. Isso é quase cômico. — Audrey não perde a oportunidade de me provocar. Rafe, que está ao seu lado, solta uma risada sarcástica.

—  Parece que eles estão deixando qualquer um entrar aqui agora.

— Já sabem o que vão pedir?  — respiro fundo, tentando ignorar os comentários idiotas.

Os meus olhos encontraram os de Griffin e o mesmo desvia o olhar no mesmo instante. Travo o maxilar e aperto a caneta em minha mão com força, tentando conter a frustração que cresce dentro de mim. Nós não somos dois desconhecidos, na verdade, estamos bem longe disso.

Griffin Sinclair é tipo um quebra-cabeça,  um mistério ambulante que não consigo entender. Ele é alguns meses mais velho que eu, alto, com ombros largos e cabelos castanhos claros que caem sobre seu rosto de um jeito meio relaxado, destacando a sua pele bronzeada. O sorriso dele é lindo e carismático, o típico sorriso que facilmente abaixa várias calcinhas. Nós nos conhecemos ainda pequenos. A madrasta dele, Gia, costumava viver no Cut antes de se casar com o ricaço esnobe, Geralt Sinclair, oproprietário do Sinclair Island Golf Resort, o hotel mais bonito e com o maior campo de golfe da ilha. Ela e minha mãe eram amigas desde a adolescência e eu tenho a vaga lembrança de brincar com Griff na piscina da mansão Sinclair.  Não sei o que aconteceu entre elas, mas nós duas paramos de frequentar o lugar de repente. Alguns anos mais tarde, depois da morte da minha mãe, Gia me ofereceu um bico de professora de reforço para Thommy, seu filho. Acho que na verdade ela ficou com pena de mim, porque não faz sentido contratar uma adolescente Pogue, quando você tem dinheiro suficiente para pagar os melhores professores para seus filhos. Mas eu não questionei os motivos dela, afinal, eu precisava do dinheiro e então passei a dar aulas de reforço para Thommy. Com o tempo acabei me aproximando de Griffin, ele parecia sempre estar triste pela ausência dos pais, que viviam viajando à trabalho, e eu compartilhava do mesmo sentimento, já que havia perdido minha mãe há pouco tempo e minha tia me tratava feito lixo. Todos os dias após a aula de Thommy, eu e Griffin nos sentávamos perto da piscina e compartilhávamos nossas frustações. E então, um dia, a conversa terminou em um beijo e em seguida, algo a mais. Quando me dei conta, estava na cama de Griffin Sinclair. Eu culpo aquele maldito sorriso.

𝐖𝐀𝐕𝐄 𝐎𝐅 𝐘𝐎𝐔 || 𝐉𝐉 𝐌𝐀𝐘𝐁𝐀𝐍𝐊Onde histórias criam vida. Descubra agora