Olá meu povo, sejam bem vindos ao primeiro capítulo dessa jornada de magia e romance.
Se você consegue ler escutando música, essa do link é perfeito pra ambientar o sonho no começo do capítulo, então fiquem a vontade.
Sem mais a dizer, um beijo e um queijo da tia Poison
Boa leitura 😘
☀️ Capítulo 1: A visita dos deuses ☀️
Calor. Tudo que eu sentia era calor. Crescendo como mil bombas dentro de mim, queimando minha pele como fogo divino, cozinhando meus órgãos e roubando meu folego como um ladrão. Ele queria sair, empurrava meu corpo com força, mas eu não sabia como libertá-lo. Era magia. Eu soube o que aquele calor era no momento em que ele emergiu do canto mais obscuro da minha alma pela primeira vez, era magia antiga e selvagem, da época em que ainda dividíamos o mesmo lar com os imortais.
Aquilo não ocorria há gerações.
Aconteceu no dia em que meus pais e irmão mais velho foram assassinados por Misecina, eu estava afastada de todos, trancada em meu quarto enquanto meus tios procuravam os responsáveis pelo ataque, e só me lembro de me sentir sozinha, presa num vazio infinito, incapaz de fazer algo. Então ele emergiu, tímido a princípio, crescendo gradativamente conforme o que havia acontecido a minha família vinha à tona junto com a raiva crescente e eu finalmente percebia que eles haviam partido.
Aquelas horas foram as mais assustadoras e dolorosas de toda minha vida, mas também foi naquele dia em que eu descobri da pior maneira possível o porquê de me sentir tão deslocada, tão diferente dos demais e que eu senti a presença dos deuses antigos pela primeira vez.
Calmos e poderosos, os deuses antigos não possuíam forma física quando me visitavam, eram apenas a natureza falando comigo, as vezes como um olhar acalentador de um cavalo no campo de batalha, o calor do sol queimando minha pele numa tarde de verão ou o beijo das águas apaziguando minha magia em momentos de descontrole, mas eu os sentia.
Entretanto, eu nunca os tinha escutado falar tão claramente quanto na noite passada. Eu já havia adormecido há horas, e pulava de um sonho para o outro, até que próximo a alvorada o cenário mudou drasticamente. Em um segundo eu estava caçando com meus amigos próximo as dunas de Solarni e no seguinte eu estava às margens do rio Plakati, mas algo não estava certo.
Um brilho familiar me fez olhar para cima e meu coração quase pulou pra fora quando encarei o sol, dez vezes maior que o normal se aproximando de mim com rapidez, ao seu lado, a lua brilhava num tom de prata e fios de luz da mesma cor se estendiam por todo o céu, envolvendo o sol num enlace apaixonado. Voltei a olhar para o horizonte e vi fogo consumindo toda a vegetação, desde Solarni até Misecina, exceto pelo Plakati. As árvores de folhas amareladas de Solarni queimavam lentamente, as chamas tranquilas travando uma batalha silenciosa. Mas ao atravessar a fronteira, o fogo se tornou impiedoso, corroendo até o último resquício de vida. Corri até o rio e notei que ele estava congelado, branco puro se estendendo de leste a oeste do continente enquanto o resto ardia em chamas.
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O Povo do Sol - As Crônicas de Nildedrac
FantasyNa vida, no amor, na guerra, eu não posso mais me dar o luxo de perder. Solarni já sofreu muitas perdas, eu já sofri o suficiente. Todos precisam de paz. Eu preciso. E depois de anos lutando uma guerra sem sentido, os deuses antigos guiaram meus pas...