Cap. 2 - O ataque

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A caminhada foi longa, as vezes trotando ou na maioria correndo a pleno pulmões

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A caminhada foi longa, as vezes trotando ou na maioria correndo a pleno pulmões. Foi bom sair da cidade, ver os campos semeados, as dunas ficando para trás, sentir a brisa da primavera balançar meus cabelos. Eu não saia muito de casa e quando o fazia, era sempre para lutar alguma batalha, quase nunca tinha tempo apenas para apreciar a beleza de meu reino.

E Solarni era linda. Também conhecida como a terra do sol, e vendo como os raios solares em pleno meio-dia pareciam derreter a própria terra em ouro, me fez pensar que foi por isso que havia sido batizada daquele jeito. Éramos abençoados pelos deuses, tínhamos comida de sobra, um clima agradável, água cristalina, além de não sofrermos com um inverno rigoroso como acontecia com os reinos acima do Plakati. Tudo isso era também uma maldição. Tanta beleza e fartura nos transformavam num alvo fácil para a inveja de outros reinos.

Eu os entendia. Era difícil não desejar algo como aquilo.

—No que está pensando, senhora? — Lina perguntou, cavalgando ao meu lado.

—Eu havia me esquecido de como essa estrada é bonita. — Respondi olhando de relance pra ela, sorrindo ao ver alguns fios de seus cabelos cacheados escapando da trança que fizera as pressas.

Aquela "estrada" não podia ser chamada desse jeito, não havia estradas em Solarni, apenas caminhos, e aquele em que estávamos era apenas mais uma campina como muitas outras, com alguns trechos de grama gastos aqui e ali pela passagem dos cavalos todos os dias. Nossos antepassados achavam que assim era mais difícil de um invasor chegar à cidade, e eu concordava com eles. Tudo ali era tão parecido que se não conhecesse muito bem, poderia dar voltas no mesmo lugar e nem ao menos perceberia.

—É nisso que dá ficar trancafiada naquele palácio durante meses, parece até que está se escondendo. —

—Na verdade eu estou. — Fui sincera em responder.

—Se escondendo de quê exatamente? — ela voltou a perguntar.

Respirei fundo, sentindo o cheiro das flores começando a desabrochar depois de um longo e chuvoso inverno.

—De tudo. —

Lina ficou em silêncio, mas pelo meio sorriso que surgiu em seu rosto, eu soube que ela havia entendido. Há três meses, talvez um pouco mais, havia perdido a noção depois da primeira semana, o rei de Misecina foi assassinado e finalmente eu tive um pouco de paz.

Aibek III merecia meu ódio de várias maneiras. Ele vem me atormentando com batalhas sem fim durante anos e havia matado sem piedade meu povo com seus ataques repentinos. Eu sei que apenas os deuses devem decidir quem deve ou não morrer e que o que vou dizer não caíra muito bem, mas eu fiquei feliz com a morte daquele desgraçado.

Nossos espiões nos informaram que ele havia sido envenenado e é claro, todos acham que foi a mando meu e infelizmente não foi esse o caso. Por mais que o odiasse, fui ensinada que a vida é uma coisa valiosa e não deve ser tirada levianamente a não ser que seja atacado primeiro. Já matei muitas pessoas, de maneiras bem piores do que um simples veneno, mas sempre foi no campo de batalha, nunca fora dele. Isso, claro, não impediu o novo rei de Misecina de declarar vingança pela morte do pai.

O Povo do Sol - As Crônicas de NildedracOnde histórias criam vida. Descubra agora