Cap. 6 - O destino

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A reação de Aibek não foi a que imaginei. Pensei que ele iria agradecer ou ao menos ficar feliz com a ajuda, mas acho que coloquei muita expectativa nele. Na verdade, sua reação foi bem parecida com a de Arthur quando contei minha ideia. Palavras não foram ditas, mas estampado na face do rei uma única palavra era evidente: louca.

—Eu vou levá-lo de volta pra Misecina. — falei sem olhar nos seus olhos e a discussão que se seguiu acabou quando o mandei voltar para o acampamento. Não iria discutir aquilo em frente ao rei.

Cuidei para que ele não fugisse pessoalmente e fingi não ter percebido ele cheirando meu cabelo, saindo dali rapidamente antes que fizesse ou falasse alguma besteira. "Que mal educado." Voltei para o acampamento e disfarçadamente puxei uma mecha do meu cabelo até o nariz e cheirei diversas vezes em busca de mal cheiro. "Será que estou fedendo?" Mas não havia mal cheiro algum, eu ainda cheirava ao sabão de frutas cítricas que havia tomado banho de manhã. Talvez ele estivesse acostumado com perfumes caros e extravagantes que normalmente as mulheres da corte usavam e achou que eu estava fedendo, mas eu não os usava, nunca gostei e o cheiro me fazia espirrar.

Encontrei Arthur fofocando com Lina em frente à minha tenda. Era ligeiramente maior do que as outras, mas simples, sem adornos desnecessários. Meu tio estava vermelho e os cabelos loiros bagunçados, Lina parecia tentar acalmá-lo, sem sucesso. Céus, não seria fácil convencê-lo.

—O que ele disse é verdade, senhora? — Lina perguntou quando parei ao lado dos dois.

—Depende do que ele te contou. Arthur tem uma péssima tendência a aumentar tudo que escuta. — brinquei e entrei na tenda logo em seguida.

Tirei a capa e o cinto com a espada, jogando-os numa mesinha no canto da tenda. Arthur e Lina entraram logo atrás de mim.

—Vai mesmo levá-lo de volta? —

—Ela não vai a lugar algum. É loucura. Lina, diga a ela que isso é loucura, ponha um pouco de juízo em sua amiga. — Arthur esbravejou apontando para mim como se fosse uma criança.

—Não é loucura...está bem, é sim. — me corrigi quando os dois fizeram uma careta. —Mas eu não consigo parar de pensar nisso desde que o capturamos. Ele é o rei de Misecina, o povo precisa dele, não podemos deixá-lo preso e não vou matá-lo. — expliquei tentando manter a calma, minha barriga ainda roncando querendo sobrepujar minha voz.

—Não seja por isso, eu mesmo mato ele. —O general se apressou pra saída mas coloquei a mão em seu peito e ele parou no mesmo instante.

—Ninguém vai matá-lo, Arthur. — ordenei e encarei meu tio séria, sem deixar brechas para discussões sobre o assunto.

—Então mandaremos um soldado ou dois. Caius e Fergus conhecem bem o território deles, serão rápidos. — Lina interveio.

—Não irei colocar a vida de ninguém em perigo por uma ideia minha, sem cogitação. — Respondi e comecei a tirar a roupa úmida que ainda usava.

Arthur se virou imediatamente.

—Que ideia exatamente a senhora teve? — a arqueira perguntou com roupas limpas prontas para mim em seus braços.

—Ela acha que ele é diferente do pai. — Arthur respondeu por mim, bufando de raiva.

—É apenas uma impressão, mas acho que ele possa ser diferente, que ele possa ouvir. Talvez eu consiga ganhar a confiança dele. — expliquei vestido a peça intima e as calças que Lina me passou.

—É muito arriscado, há muito achismo nessa sua ideia. — Lina me entregou a camisa de linha branca logo em seguida.

—Eu sei, posso estar errada. Mas e se eu não estiver? E se eu conseguir convencê-lo a acabar com a guerra? —

O Povo do Sol - As Crônicas de NildedracOnde histórias criam vida. Descubra agora