Seis de Março - Pedro

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A noite Paulistana desperta os mais variados sentidos, a cidade não dorme e minha sexta meu amigo está apenas começando. Neste momento estamos no Barxaréu, barzinho bem localizado na Joaquim Távora e em nossa mesa situada na calçada, tachos de bolinhos de carne com queijo e às belgas Hoogarden. Wagner foi entregar sei lá o que na ESPM (Escola Superior de Publicidade e Marketing) então resolvemos nos encontrarmos aqui, pois não há melhor lugar para se aproveitar as belgas em nossa mesa e as beldades do primeiro ano da faculdade.
Conversa vai, conversa vem e depois de três garrafas Wagner aparece empolgado.
- Eae galera partiu Bia?
- Bia o que tem na Bia? - pergunta Felipe. - um velho amigo meu, ele é ruivo com sardinhas no rosto inteiro, ele não anda saindo muito, está estudando para se tornar um promotor. Então está meio por fora das nossas idas e vindas.
- Festa na casa dela - Responde Doda.
- Eu passo essa - Digo ao bebiricar a cerveja.
- Hahaha conta outra.- Abre o sorriso Wagner.
- É sério acho que vou na casa de uma amiga.
- Deve ser alguma amiga que você ainda não comeu- Fala Bruno com tom sarcástico.
- Sua irmã está em casa? - Revido em ironia, mas a verdade é que a irmã, a abusada da irmã, tirou meu cabaço com quatorze anos. Estava eu na sala com um game enquanto o Bruno tomava banho, do quarto da Raquel, irmã de Bruno, dava para se ouvir a discussão que tinha com seu namorado. Pois bem, ela veio caminhando até minha frente, seu rosto com expressão fechada e um vestido muito curto até para os dias de hoje. Lembro dos detalhes, era um azul bebê com rendas branca e aquelas penas grossas por de baixo. Ela tirou a calcinha a minha frente, enquanto eu atônito olhava para ela que levanta a sobrancelha, o controle caio da minha mão, mas era o outro controle que ela estava interessada. Abriu minha calça e cavalgou em mim por uns cinco minutos. O que me resultou em minha primeira e última paixão. O Bruno nunca soube.
- É sério Pedro vai estar bom, a Clara vai estar lá - Diz Wagner.
- Talvez eu passe lá mais tarde, mas agora tenho que ir - Então me levanto e coloco uma nota de cinquenta reais sobre à mesa.
- Sua cara, vai trocar seus amigos por rabo de saia - Diz Doda.
- Doda sua mulher deixou você ir?- Pergunto em deboche.
- Não, mas por acaso não está me vendo na mesa? Não estou aqui curtindo com meus amigos?
- Não sei o Pedro, mas eu vou. Partiu Bia galera. - Wagner joga vinte reais sobre a mesa e assim foi seguido pelo Bruno e por Felipe dando risadas.
- Seus viados, vou pegar a grana que sobrar, comprar sorvete para Carol e ganhar pontos com ela- protesta Doda. - Nem ligo para aquela festa e muito menos para vocês! Só gente fresca. Eu gosto de filmes, hoje assistirei vários com minha noiva - Concluí Doda.

Exatamente quarta-feira passada não aguentei. Comecei a pensar como eu acharia aquela mulher que foi até meu apartamento e desapareceu. Bom acompanhe comigo.: Comecei pelo seu Emanuel porteiro do prédio onde moro, consegui com ele a gravação dos vídeos da madrugada de domingo para segunda, quando a ilustre presença de Íris se deitou em meu lençol e lá estava ela, mexendo nos cabelos ainda húmido enquanto fala ao celular, o táxi não demora a chegar e ela parti sem olhar para trás. Seu Emanuel pessoa da melhor qualidade me ajuda de bom grado, mas com o taxista já foi outro caso, precisei lhe dar uma bolada de grana. Pois bem, olhamos o vídeo e bingo, o número da frota e do veículo logo ali ao meu alcance. Daí foi fácil, liguei e o taxista me levou na mesma madrugada de quarta-feira, observei e retornei para meu apartamento. Hoje seis de março, sexta feira, resolvi que seria o dia, chego em seu prédio por volta das vinte horas, sai do carro e entrei novamente. Loucura não sei o que falar, não sei como explicar minha visita. " haaaa Pedro pare de ser covarde." - Penso comigo e então quando percebo estou com um buquê de flores na mão me dirigindo ao porteiro e digo para ele" é surpresa, quero falar com Íris, olha as flores, quero subir sem ser anunciado". Não deu certo. Ele me anunciou e para minha surpresa fui logo instruído a subir.
O Buquê está em minha mão escondido por trás das costas, bato na porta uma, duas vezes.
- Quem é? - Menciona uma voz que não reconheço.
- Pedro fui instruído a subir- confirmo o número do apartamento.
- Desculpe Pedro, foi engano, você gostaria de falar com a Íris não é? Ela está viajando.
- Não é possível viajando? Volta quando? - Digo Incrédulo.
- Dentro de um mês.
- Íris só fique com as flores, vou embora e não volto mais. - Digo em alto tom para ser ouvido, sei que ela está lá. Olho para os lados penso em ir embora e em meio ao silêncio é sufocante a porta se abre.
- Lindas flores Pedro, obrigada. - Diz Íris com expressões de poucos amigos.
- Girassóis são girassóis, deixa que eu coloque no vaso. - uma mulher muito bonita recolhe as flores com expressões de encanto.
- Pedro eu não esperava você aqui. -Diz Íris.
- Nem eu Íris, foi mais instinto do que razão, podemos conversar, conversar nós dois as sós? Sair e jantar?
- Não podemos Pedro.
- Não quer saber o tenho a lhe falar?
- Não tenho interesse Pedro. - Fala Íris decidida a me dispensar, eu a olho dos pés à cabeça e coloco minha mão em sua cintura, por de baixo do pijama largo que usava, eu corro minha mão para suas costas e a puxo para mim com força, ela se chocou sobre meu peito com braços esticados para baixo e um olhar arregalado em espanto.
- Deixa eu sentir seu cheiro uma última vez. - Digo a ela enquanto afago o pescoço de Íris com meu rosto e a abraço forte. - Espero revê-lá. - Viro as costas e me dirijo as escadas.
- Pedro Espere.- Olhe não é um encontro. Eu e alguns amigos vamos caminhar por uma trilha amanhã, trilha da Pedra Grande. É perto, fica a 10 km da praça da Sé. A trilha é considerada de dificuldade alta, não precisa ter experiência e ser atleta, mas se resolver ir é bom estar preparado. Então você...
- Claro que gostaria.
- Ótimo sairemos amanhã as sete hrs da Sé, em frente ao marco zero de São Paulo.
- Estarei lá. - confirmo ao tocar em um dos cachos do cabelo de Íris, ela afasta o rosto. O mais para meio do mato que fui foi à fazenda da família, algo que nunca gostei, porém não vai ser alguns sapos, grilos e macacos que vai me tirar meu fóco.
Acerto o alarme do celular para às 6:00 horas, mudo de idéia coloco para às 5:00 horas e me apresso à chegar na Bia.

Quanta gente bonita, uma autêntica festa da Bia, ela sempre foi meio que liberal com seus pertences. Lembro que a conheci na época da faculdade, eu estava no quinto ano e ela no primeiro. Nesta época já eram constantes as festas em sua residência, pelo que eu sei, seus pais moram na Sibéria, um país lindo e com muoto luxo, mas mesmo antes, quando aqui moravam, Bia não tinha atenção que necessitava. Desde então vem torrando a grana da família de forma libertina.
- Pedro - Grita Clara empolgada de cima da sacada. Entro na casa cumprimentando todos que conheço até a ela alcançar.
- Seus amigos falaram que você não iria vir. -Diz Clara.
- É mesmo Clara, você perguntou por mim?
- Besta é que vocês não se desgrudam.
- Pois bem, estou aqui.
- E na hora certa, vem ver seu amigo, corra olhe. - Diz Clara ao me puxar e conduzir pelo caminho sorrindo.
- HuooooUU. - O espanto me toma pela cena que vejo. Wagner está sentado numa cadeira com dançarinos e garrafas de tequila. Ele está eufórico sem camisa, com rosto e corpo manchado por batom. Bia senta-se no colo de Wagner e com a garrafa em mãos despeja o líquido magico entre sua boca e a dele. A galera grita eufórica em círculo ao redor enquanto meia garrafa é despejada entre a boca dos dois.
- Pedro você chegou, veio mesmo seu viado filho da mãe! Vem para cá é sua vez. -Diz Wagner se levantando cambaleando.
- Não eu estou de boa.- digo em negação.
- Vem aqui desgraçado. - exige Wagner e solta uma gargalhada.
- Vem Pedro, só falta você - Diz Bia.
- Não não... Eu estou bem aqui. - Digo relutante.
- Vamos Pedro, eu cuido de você. - Diz Clara ao passar sua mão sobre meu peito. A meu amigo... E então eu vou...

Acordo com O Beeeh! BEE EH! Bee eh! Do celular. 5:17 AM. Tudo ainda gira e estou na bia, meus olhos demoram a abrir e minha cabeça está latejando, minha boca amarga e estou cheirando à sexo.
- "Desculpe Íris, mas não vou conseguir" - penso comigo e fecho os olhos.

São as águas de Março.Onde histórias criam vida. Descubra agora