Princeton e porta-retratos

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Um dia de cada vez.

Era assim que Adeline vivia no último mês. Mudar para Nova Jersey, havia sido uma escolha quase automática, ela precisava deixar Alex ser feliz. Sabia que sua mãe jamais o deixaria em paz se ele continuasse lutando por eles.
Ela sentia falta de seus pais, de sua casa e de seus amigos. Principalmente dele.
Adeline cerrou os olhos tentando amenizar a claridade do sol forte, que já anunciava os prelúdios de verão.
Ela observou os alunos ao seu redor, esperançosos e alegres, girando seus olhos até o enorme e imponente castelo a sua frente.

Princeton University.

- Está ansiosa? - uma voz conhecida livrou seus pensamentos. A jovem negra engoliu a queimação em sua garganta e se forçou a sorrir.

- Um pouco, admito. É tudo muito... Real agora. Sem meus pais, sem Josh e Ella, sem... Enfim, é um pouco assustador.

- Fica tranquila, eu estou aqui com você. - Erick Rogers lhe ofereceu um sorriso estimulante, as covinhas apertadas, enquanto passava a mão pelos cabelos curtos.

Quando Adeline recebeu sua carta de aceitação, foi uma surpresa. Ela havia guardado, esperando decidir para onde iria com Alex. Todavia, após tantos acontecimentos, sua decisão fora óbvia.
Erick fora um bônus, um ombro amigo e uma cara conhecida. Ele era gentil e simpático, sempre disposto a ajudá-la.
Sempre a lembrando de não fazer esforço por sua cirurgia recente ou lhe dando poucas gargalhadas.
Não era como Josh, mas era bom.

Ela não era boba, notava os olhares displicentes, curiosos e quentes que ele lhe lançava, porém fingir se de morta sempre era a melhor opção. Seu coração pertencia a Alex e jamais se perdoria se usasse alguém para suprimir sua dor.

- Você quer dar uma volta ou ir para seu apartamento? Eu deixo você lá. - Perguntou o rapaz, se virando inteiramente para ela, analisando-a por completo. A saia de tecido grosso, a blusa leve de seda cobalto, os cabelos volumosos soltos como ele gostava.
Rogers sentia cada batida de seu coração mudar sempre que se aproxima da menina, queria beijá-la e acalentar toda dor que sofria. Não se enganava com os sorrisos frios que mal chegavam aos seus olhos chocolates, o sofrimento de Adeline estampava suas feições delicadas.

- Pode me levar para minha... hmm... casa. - A palavra casa lhe soara de forma estranha, como se fosse uma mentira ridícula.
Caminharam em silêncio até o carro enquanto Adeline tentava absorver cada detalhe daquele lugar, onde passaria seus próximos anos. Assim que entraram no HR-V preto de Erick, a pressão no peito da jovem fora demais, suas mãos tremiam e os ossos doíam.

- Erick... - sussurrou para o amigo, enquanto grossas lágrimas afogavam seus olhos. - Eu não... eu não quero... O Alex é... - Adeline tremia tanto que seus dentes batiam uns nos outros. - Eu não posso...

- Hey, respira fundo Addy, por favor. - Erick a puxou para um abraço caloroso e confortável. Ele podia entender a dor, sabia que ambos se amavam. Sentiu uma pontada em seu peito, mas ignorou. Adeline precisava dele apenas como um bom amigo naquele momento. - Vai passar, eu prometo. Ele está bem, vivo e graças a você. Pense nisso, ok?

Deixou que ela chorasse em seus ombros por algum tempo, até sentir que sua respiração foi voltando ao normal. Adeline sentiu que não haviam lágrimas suficientes em seu corpo, a saudade doia e cada pedaço de seu corpo implorava para voltar para Alex. Para o calor de seu abraço, para a paz que era deitar em seu peito, da sensação que a preenchia quando ele a beijava. Ela nunca imaginou que o amor pudesse matar, mas sentiu que poderia morrer a qualquer momento.
Entretanto, obrigou-se a se recompor e puxou a respiração com força, afastando Erick devagar.

- Obrigada por ser meu amigo. - Agradeceu ela, após sentar corretamente no banco.

- Sempre que precisar.



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⏰ Última atualização: Apr 29, 2022 ⏰

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